As irmãs brasileiras Nicole, 19, e Alana Pacelli, 17, droparam pela primeira vez a temida onda de Jaws, Maui, Hawaii, no final do último mês de janeiro.
As duas contaram com o auxílio do pai, o experiente big rider Jorge Pacelli. Ele ficou encarregado de colocá-las nas melhores ondas, que quebravam com cerca de 7 metros.
“Quando chegamos a Maliko (local de partida dos jets para Jaws), foi que caiu a ficha. Até o momento não acreditava que iria para lá”, conta Alana.
“Eu também não acreditei muito, por isso nem estava com tanto medo. Mas comecei a ficar quando vi aquela onda quebrando na minha frente. Aí me dei conta de que eu e a Alana estávamos lá mesmo”, completa Nicole.
Alana foi a primeira a cair na água enquanto a irmã esperou sua vez no canal. A formação das ondas estava prejudicada pelo vento.
“Quando chegamos lá o bicho pegou! Ver Jaws quebrar de perto é incrível, o barulho da onda é assustador, extremamente forte”, relata Alana.
“Ajustei a alça no meu pé, peguei o cabo e fui até o outside. Para quem já achava as ondas de 3 metros de Maresias assustadoras, imagina olhar Jaws com mais de 25 pés de face e estar no cabo pronta para pegar a primeira. Estava em choque (risos)!”, lembra.
“A perna teve que ser muito forte para não tremer e aguentar os bumps. Nas primeiras ondas a sensação de sair no canal era bem melhor do que entrar nela (risos). Mas não dá para explicar como é surfar Jaws. Uma coisa é lhe dizerem que algo é mágico, outra coisa é você mesmo sentir. Foi uma das melhores coisas que eu já fiz na vida”, finaliza Alana.
Depois foi a vez de Nicole, atual campeã brasileira de stand up paddle e revelação do circuito paulista universitário de pranchinha. Assim como Alana, ela confessa que sentiu medo nos primeiros momentos. “Alana foi primeiro e eu esperei no canal. Acho que dá muito mais medo ficar olhando os outros do canal do que surfar”, diz.
“A primeira onda foi menorzinha, meu pai me puxou só para sentir se a prancha estava boa. A segunda já foi grande. Quando você começa a ser puxada, enxerga aquela onda vindo, pensa: ‘é agora’ (risos)”, afirma Nicole.
“O drop não acaba, parece que você nunca vai parar de descer a onda. E quando olha para frente vê um monte de jet skis, barcos, fotógrafos e helicópteros no canal, parece um show (risos)! Todo mundo está ali para surfar Jaws e também para ver Jaws quebrando”, diz a jovem atleta.
O pai Jorge Pacelli, um dos brasileiros que mais se destacaram nas ondas do Hawaii, já surfou ondas memoráveis no pico e também em Pipeline e Waimea. Pacelli conta que ficou muito feliz ao vê-las descendo as morras.
“Eu puxei as duas e elas pegaram altas ondas. Foi o maior orgulho fazer tow in em Jaws com as minhas filhas”, exclama.
Nicole revela ainda que a coragem surgiu graças a segurança passada pelo pai: “Eu nunca fiz tow in com outra pessoa. Foi por isso que me senti confiante de estar ali”, finaliza a surfista, que logo depois embarcou com a família para Oahu e já surfou picos como Pipeline e Sunset ao lado da irmã.