Rumo ao topo

O balanço de Silvana

Silvana Lima, Billabong Pro Maui 2007, Honolua Bay, Hawaii

Silvana Lima é apontada como a surfista mais radical do WCT feminino. Foto: ASP Towner / Covered images.

Na última quarta-feira (16/1) a cearense Silvana Lima, top 3 do WCT, aproveitou sua passagem por São Paulo (SP) para visitar a redação do site Waves.

 

Na ocasião, Silvana estava acompanhada pelo atual campeão mundial Pro Junior Pablo Paulino e Zé Paulo, team manager da equipe Billabong.

 

Na última temporada do circuito WCT, Silvana chegou muito perto da vitória. A cearense disputou três finais – nas etapas de Sidney, Austrália, Brasil e Espanha -, quando perdeu por muito pouco para a peruana Sofia Mulanovich.

 

Em entrevista exclusiva, a cearense revela as principais frustrações da última temporada e demonstra toda vontade de vencer e marcar seu nome na elite do surf mundial. 

 

Na etapa de Sunset, você precisava de poucos pontos para virar a bateria, mas deixou de ir em várias séries. O que aconteceu?

 

Na real eu errei feio, pois aquele era um momento que tudo devia estar preparado. Stephanie havia perdido na bateria anterior à minha e eu me concentrei bem. Mas na hora de avaliar o equipamento, olhei várias pranchas da molecada e não gostei muito, pois eram muito grossas. Então resolvi cair com minha 6?8 mesmo.

 

Foi aí que senti a dificuldade para entrar na onda. Enquanto o resto das garotas caiu de 7?4, apenas para aproveitar a remada e fazer o ?biro-biro?, eu caí com uma prancha para um surf mais agressivo. Como minha prancha era menor, tive que me posicionar bem embaixo do pico para tentar entrar nas ondas, mas acabei boiando muito e levando um seriadão na cabeça. Mas isso com certeza serviu como um grande aprendizado para não vacilar nesta temporada.

 

Acha que foi prejudicada na final contra Stephanie Gilmore em Curl Curl?

 

Naquela hora fiquei muito nervosa! Todo mundo na praia concordou que eu merecia vencer. Quando a Stephanie remou precisando de 6.50 para virar, a deixei ir, pois a onda estava toda branca. Só consegui ver por trás, mas fiquei muito mal ao ouvir que ela conseguiu a nota que precisava. Realmente acredito que os juízes favoreceram a australiana naquela final.

 

Na hora de avaliar, os juízes precisam perceber que o surf evoluiu e que as manobras estão muito mais modernas e radicais. Estão me ?embarreirando?, mas eu sei que minha hora vai chegar! Vou me esforçar para apresentar um nível absurdo de surf, muito acima das outras meninas.

 

Você disputou três finais na temporada, mas faltou a vitória. O que faltou para a Silvana levantar o caneco na Espanha e no Brasil?

 

No Brasil, a aussie Samantha Cornish venceu por méritos mesmo. O mar estava ruim e eu não consegui pegar nenhuma onda boa. Ela pegou as ondinhas dela e mereceu a vitória.

 

Na Espanha eu perdi por causa de outro erro meu. Estava com a prioridade na bateria e deixei a Sofia Mulanovich ir numa onda que eu pensei que fosse fechar. Quando vi, a onda abriu inteira para a Sofia. Infelizmente perdi por pouco. Foi o mais perto da vitória que cheguei na temporada. O surf tem disso, nunca sabemos como será a próxima onda. Agora mudei minha forma de agir e não vou dar mais mole.

 

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Silvana Lima e Pablo Paulino descontraídos durante visita ao site Waves. Foto: Mariano Kornitz.

Você começou tão bem em Honolua, era uma onda que tinha a sua cara, mas caiu diante da novata Rosanne Hodge, que vinha mal no tour. Comente essa derrota.

 

O campeonato já havia sido paralisado por três dias, e quando o evento recomeçou até rolaram baterias com boas ondas. Bem na hora da minha bateria o mar deu uma piorada, então optei por surfar várias ondas. Até comecei bem e fiz boas notas, mas a garota se posicionou mais pro fundo para esperar a série e deu sorte. No finalzinho entrou uma boa onda e ela virou o placar.

 

Qual foi o melhor e o pior momento da temporada para você?

 

O pior momento foi a derrota pra Stephanie em Curl Curl. Eu realmente acho que merecia a vitória. Foi um momento muito difícil, pois eu dei o máximo de mim e acredito ter sido prejudicada pelos juízes.

 

Os melhores momentos na verdade foram as três finais que disputei. Na temporada 2006 do WCT minha melhor colocação foi um terceiro lugar e no ano passado eu cheguei a três finais.

 

O que falta melhorar no WCT feminino?

 

Para mim o circuito é dos sonhos. Passamos pelos melhores picos do mundo, não tenho do que reclamar. Mas acredito que o julgamento ainda falta melhorar bastante.

 

Fale sobre seu trabalho com o técnico Pedro Robalinho. Qual o planejamento para esta temporada?

 

Robalinho e eu fizemos um trabalho durante o ano todo. Ele me acompanhou em quase todas as etapas. Mas este ano vamos trabalhar mais aqui no Brasil, pois no ano passado passei quase seis meses na Austrália e esta temporada pretendo apenas competir lá e voltar.

 

O que a torcida brasileira pode esperar da Silvana em 2008?

 

Mais uma vez vou brigar muito pelo título do WCT. Acho que agora todo mundo percebeu que eu cheguei ao circuito para arrepiar e marcar meu nome no surf mundial. O foco é ser campeã mundial. Eu quero quebrar esse tabu do vice-campeonato.

 

 

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