Bruno Santos garante vaga no evento principal do Pipe Masters com um show de tubos. Foto: ASP World Tour / Tostee. |
A primeira porrada é nos inimigos da mania de banda larga, coisa de viciado em computador. Ficava cá eu com meus livros, discos e outros escritos blasfemando os conectados no futuro.
Bruno Santos antes de uma das cinco baterias do Trials. Foto: ASP World Tour / Tostee. |
Com a tal tecnologia, mesmo para quem não está no arquipélago, ver Pipeline ao vivo é um prazer de arquibaldo. A janelinha razoavelmente nítida aberta na computador me fez pensar em abandonar o Flamengo na voz do narrador pai de piloto. Bruno tem a coragem escassa em Jean e Dimba, a calma perdida por Felipe, a frieza sonhada por J. Baiano. E ainda mete gol! A cada jogo contra três gringos no Maraca do surfe mundial, ele tirava um canudo profundo, para delírio da torcida Raça-Bruno.
Bruno Santos (azul), ao lado de Mickey Bruneau, outro wild-card do Trials, comemora o sonho da classificação para a elite dos Pipe Masters 2004. Foto: ASP World Tour / Tostee. |
Pois o moleque Bruno nos fez lembrar que volta e meia damos por aqui mesmo um jeito na pobreza e nas ditas ondas pouco generosas. Temos, sim, as esquecidas escolas de ondas pesadas e de tubos. Itacoatiara formou Herdy e tantos outros não tão ilustres.
Bruno Santos na final do Trials na tarde de quarta-feira em Pipeline. Foto: Bruno Lemos / Lemosimages.com. |
Outro canto: o amigo Belo, como eu um feliz catador de onda amador, mudou de
esporte desde que mudou de endereço. Foi para São Conrado, onde enterrou a
antiga linha tímida e especializou-se em sobreviver no vazio dos canudos.
Com vontade, dá para encontrar mais uma pá de surfistas bem-sucedidos e de
cursos intensivos em salões verdes pelo Brasil afora.
Com esse tubaço, Bruno Santos garantiu vaga na final do Trials. Foto: Bruno Lemos / Lemosimages.com. |
Não desligo a ainda suspeita banda larga sem contar a última aprendida na noite. Bruno chegou sozinho ao evento principal do evento mais famoso do mundo. Foi chamado para a triagem, mas como figurante de um jogo cujos bilhetes premiados são historicamente reservados aos havaianos. Dentro d’água, tomou uma das duas vagas na moral. Remou nas maiores, tirou belos tubos. E ganhou o que o surfista almeja na pressão do arquipélago e o brasileiro precisa para ser campeão mundial: respeito.