#Em fisiologia do exercício existe um conceito de que, quanto mais oxigênio um indivíduo conseguir colocar dentro dos pulmões, transportar em seu sangue e aproveitá-lo em seus tecidos, (dentre eles o tecido muscular) mais apto a realizar exercícios aeróbios (de longa duração e baixa intensidade) ele será.
Essa variável é conhecida como VO2max, e pode ser medida diretamente usando um aparelho conhecido como ergoespirômetro.
No ano de 2000, eu e mais alguns amigos pesquisadores, realizamos um trabalho na Escola Paulista de Medicina, que objetivou mensurar a capacidade máxima de consumir oxigênio de um grupo de surfistas profissionais brasileiros (longboarders).
Para tanto, fizemos com que esses surfistas realizassem pedaladas com o braço até que atingissem a exaustão física. No decorrer do processo, os gases expirados foram sendo analisados e, ao término da pesquisa fizemos algumas análises estatísticas com intuito de classificar a aptidão física dos surfistas e compará-la com os valores do VO2max de outros atletas sabidamente muito bem condicionados.
Os resultados foram muito interessantes, pois os valores atingidos pelos surfistas, se aproximaram muito dos valores de esportistas que sabidamente desenvolvem grandes capacidades aeróbias e cardiovasculares, tais como remadores (caiaques) e nadadores.
Fora isso, os valores dos surfistas foram 84% maiores do que os valores previstos para a grande parte da população. Trocando em miúdos, a saúde cardiovascular dos surfistas é quase que o dobro daquela da população em geral, saudável, mas não praticante de esportes.
Esse trabalho foi apresentado recentemente no Congresso Americano de Medicina Esportiva, e abaixo apresento seu resumo.
PEAK OXYGEN UPTAKE OF BRAZILIAN PROFESSIONAL SURFERS
M.A.D. Danucalov1, F.A.A. Lauro2, M.S. Andrade1, F.B.M. Pacheco1, I. C. Piçarro1, A.C. Silva1.
1. Center of Exercise Physiology Studies (CEFE, UNIFESP)
2. Physical Education (UniFMU) Sao Paulo, BRAZIL
Surfing is a very popular sport all over the world. But there is a lack of data of the physiological training-induced effects of surfing practice. In general, surfers must paddle to reach and catch the waves. And the paddling phase can last from several minutes to few hours.
Probably, the aerobic capacity of the upper body muscles could be affected by the surfing practice. Unfortunately, there are no studies about VO2peak of surfers. Our goals were to measure Brazilian professional surfer?s VO2peak in an arm cranking ergometer, compare these measured VO2peak values to their own predicted VO2max values for legs exercise calculated by Wasserman?s equation and verify if the arms’ VO2peak could be affected by the surfing training.
We studied eight Brazilian professional male surfers (age: 26±6 years, heigth: 175±8 cm, weight: 73±9 kg) that used to train only surfing at least 10 hours per week longer than 10 years. VO2peak was the highest VO2 obtained by an open circuit spirometer using a metabolic measurement cart (V-max Series 229/Sensor Medics, EUA) in a maximal incremental test. Surfers’ measured VO2peak and predicted VO2max for legs (Wasserman?s equation) values were 3.42±0.46 L.min-1 and 2.87±0.22 L.min-1, respectively.
Results were analysed by paired t-test (p£0.05). Measured VO2peak values in arm exercise were significantly greater than predicted VO2max values for leg exercise (120%). Authors have reported that VO2peak obtained during arm exercise would be 65% to 70% of VO2max obtained with leg exercise. But our arms’ VO2peak values showed 184% and 171% of predicted legs’ VO2max values (65% and 70%, respectively).
Moreover, our VO2peak values were similar to values of highly arm trained subjects (kayakers). We concluded that surfing practice could have an important training-induced effect on the aerobic capacity of the upper body muscles of Brazilian professional surfers.
Supported by the City Hall of Santos