O doce sabor do perigo

Sylvio Mancusi, América do Sul

Sylvio Mancusi encaixa de backside para mais um tubo nas águas geladas da América do Sul. Foto: Tomate Peralta.

Surf de raiz. Assim posso descrever a melhor sessão na remada que já fiz na América do Sul.

 

Ondas de dois a quatro metros incrivelmente tubulares, sol, vento terral e um detalhe considerável: uma bancada rasa e assustadora.

 

Quando há a união desses fatores o nível de adrenalina sobe junto com os batimentos cardíacos. Onda atrás de onda.

 

Colocaram várias fichas na máquina e as séries não pararam de bombar durante toda a manhã. O problema era ser pego de surpresa.

 

A água é tão gelada que dói os ossos. Esse pico na verdade lembra um caldeirão.

 

Pato pisa no freio e espera a cortina cair na rasa e perigosa bancada de pedra. Foto: Tomate Peralta.
Pato, o peruano Gabriel Villaran, eu, o gaúcho Lucas e o carioca acostumado a muita loucura Vagner, proprietário da principal boate funk da favela da Rocinha, formaram a galera que curtiu essa session inesquecível.

 

Alguns bodyboarders locais também se jogavam para dentro dos tubos em total sintonia com o pico.

 

Entrar e sair do mar era novamente um caso à parte. Esse pico quebra constantemente com cerca de 1,5 a 2 metros, mas as condições deste dia estavam com o dobro do cotidiano, colocando a galera para rolar nas pedras e ouriços.

 

As pranchas subiram de tamanho junto com a ondulação. Pato sacou sua 7’2 e eu minha 7’0, enquanto o talentoso peruano e franzino Villaran voava com sua 6’10. Ondas dessas proporções pedem até pranchas maiores, mas a onda é muito buraco.

 

Abrindo para ambos os lados, a galera escolhia o lado e partia para o abraço: dos tubos, ou das pedras. Ali é adrenalina garantida, na felicidade ou na tristeza.

 

Pato se concentrou mais nas esquerdas e surfou altas bombas. Pegou tubos insanos e deu vôos épicos em direção à bancada. Em uma das maiores direitas do dia eu pude percorrer um tubo ?bandido?, como descreveu a galera presente. Drop insano, tubo profundo e a incerteza da saída. Essa é a receita para uma onda inesquecível.

 

Para os bodyboarders a sessão é semelhante a qualquer outro lugar de ondas tubulares como Pipeline, Teahupoo, entre outros. É só despencar e sair para o abraço. De noite Vagner pegou o avião de volta ao Brasil e certamente vai dançar o funk no ritmo dos mais pesados tubos da América do Sul.

 

A procura nunca acaba e na América do Sul temos ondas do calibre de qualquer lugar mais famoso do mundo. Basta colocar os pés na estrada e, nesse caso, ter muita, muita remada e vontade de entubar em bancada rasa e com um long john bem grosso. Obrigado meu Deus.

 

Aloha!

 

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