Jaime Viúdes

O enterro do clássico

O enterro do longboard clássico.

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Na semana passada, o ícone do surfe clássico, Fuad Mansur, me pediu emprestada uma prancha para performance progressiva. Fiquei surpreso, ainda questionei se ele estava falando sério, mas, mesmo assim, lhe emprestei uma Neco Carbone com reforço de carbono na borda para não partir ao meio, pois o mar estaria pesado.

 

Horas depois, chega uma oferta pela prancha. “Só tem onda fechando e balançada aqui. Jaime, é minha. Chega de desperdiçar swell. Bostrô que me aguarde, quando o mar subir vou te fazer companhia. Segunda te pago, tá bom nego? Vamos fazer o enterro do surfe clássico. Não fui eu o assassino, foram as ondas do Brasil! O meu clássico tá morto! Agora vai queimar nos quintos dos infernos! Todo mundo vai carregar o caixão e o Pardal vai ser o sacerdote”, disse Fuad.

 

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Fuad Mansur com o novo brinquedo manobrável. Foto: Ronaldo “Pardal” Hipólito.

Ronaldo “Hipólito” Pardal: “Deixa comigo, vou descolar uma bata”. O funeral aconteceu depois de uma outra brincadeira, um texto escrito pelo lendário Ronaldo “Pardal” Hipólito, testemunha ocular do que rolou nesse fatídico dia de surfe na praia do Pernambuco, Guarujá.

O texto abaixo foi publicado no Facebook, causando enorme repercussão. Para alguns foi motivo de polêmica. Outros entenderam que tudo não passava de uma brincadeira, que no máximo pode dar uma ressuscitada na performance progressiva, sempre muito criticada pelos puristas. Confira:

 

“O cenário é uma praia com altas ondas, a circunstância é de uma grande satisfação pela prática do surfe com amigos. Nesse momento de reflexão, após muitas ondas, o camaleão Fuad Mansur expressa mais uma mudança nesse universo das ondas que o cercam e com a mente inquieta que sempre está buscando algo novo, declara categoricamente que o dogma longboard clássico está morto, que o surfe de longboard clássico por suas limitações impede o desenvolvimento de um surfe mais agressivo e veloz e, portanto, não mais terá como companheira das ondas. O equipamento que, até então, era de sua preferência, uma Hobie “sixties”, que agora passa a ser uma peça de decoração. O novo equipamento, um shape desenvolvido em uma parceria entre o longboarder Jaime Viúdes e o shaper Neco Carbone, uma 9’0″ pés progressiva, com uma linha de atuação que permite a radicalização do surfe. A estreia não poderia ter sido melhor, com Fuad iniciando a exploração das possibilidades e vibrando de alegria com a liberdade de curvas, batidas e tudo o mais que o surfe progressivo de longboard pode proporcionar em ondas boas. O icônico surfista choca com suas palavras, por ser uma das últimas referências de uma época e pela cultura do clássico que ele sempre defendeu, porém, considera irreversível tal decisão e estará empenhado em demonstrar o quanto é mais divertido aproveitar a velocidade constante de um longboard, agregado ao desempenho composto de um repertório maior de manobras. Fuad deixa órfãos os que, espelhando-se no seu desempenho, cultivaram a prática do foot-work visando o noseride. Aloha”, escreveu “Pardal”.

Acima, você assiste ao vídeo do enterro.

 

Imagens e edição: Lucca Costa – Costa Produções.

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