Era final da década de 70, em Torres (RS), especificamente na pequena e linda praia da Guarita. As ondas quebravam perfeitas e eu ainda não sabia o que aquilo significaria para mim. Percebi logo que a sensação de surfar seria fantástica, então entrei de cabeça. Surfei minha primeira onda e nunca mais fui a mesma, aquele momento mudaria toda a minha vida!
No início parecia só uma brincadeira de verão, mas logo passou a fazer parte de mim, era algo que eu não conseguia explicar, mas que tinha tudo a ver com meu jeito de ser e que ainda alimentava minha alma.
Durante alguns anos dediquei meu surfe à competição. Aprendi muitas coisas nestas batalhas, que uso até hoje para enfrentar certas dificuldades da vida. Tudo surgiu nessa época: as federações, confederações, as revistas, o circuito brasileiro, entre outros. Alcancei o que entendo ter sido o máximo para quem vinha de uma cidade sem mar, como Porto Alegre. Fui campeã gaúcha, campeã brasileira em 1985 e representei o Brasil no mundial amador da Inglaterra em 1986.
A paixão pelo surfe me levou a fotografar. Sentia necessidade de fazer parte daquela natureza e ao mesmo tempo queria compartilhar com os outros os belos momentos que testemunhava.
A fotografia tornou-se minha profissão, minha arte e meu hobby, assim como o surfe, que hoje pauta nosso estilo de vida familiar. Sempre estive em contato direto com o mar e hoje moro na praia realizando um velho sonho. No último ano ficou pronto o meu estúdio e meu escritório literalmente é na praia, na Barrinha, em Garopaba (SC).
Parte desta vida praiana estará registrada em um livro que será lançado em breve. Sou muito grata por ter hoje este estilo de vida e por ter passado isso à minha família.
Nesta coluna pretendo dividir minhas experiências um pouco da historia do surfe brasileiro feminino.