#A primeira competição de nível internacional de tow-in, a Tow-in World Cup, foi realizada com sucesso no último dia 07 de janeiro, em ondas gigantes de até 60 pés em Jaws, na ilha de Maui, Hawaii.
Porém, o que talvez algumas pessoas não saibam, é que além de ter sido vencido por brasileiros, com Rodrigo Resende na primeira colocação e a dupla Carlos Burle e Eraldo Gueiros em terceiro lugar, o evento também foi organizado por um brasileiro, o editor da revista Alma Surf Rosaldo Cavalcanti.
Isso vem comprovar justamente a notável ascensão dos brasileiros no cenário mundial, principalmente quando se trata de ondas grandes, modalidade na qual estamos evoluindo a cada dia, como mostra a lista dos primeiros colocados no concurso Nissan Xterra (ver http://www2.waves.com.br/adlayout1.asp?id=3371&sessao=novidade), promovido pelo site norte-americano Surfline.com.
De volta ao Brasil após a Tow-in World Cup, os atletas brasileiros aproveitaram para matar a saudade dos amigos e da família. Em entrevista coletiva à imprensa, eles contaram um pouco da experiência de surfar ondas de quase 20 metros e, principalmente, do fato de terem mais uma vez aberto as portas para o surf brasileiro.
#”Este campeonato marcou uma nova era na história do surf… Pela
primeira vez aconteceu um mundial de tow-in, organizado por brasileiros e
vencidos por brasileiros. Sabemos que eles preferiam que nós não
tivéssemos vencido e até que a competição não tivesse dado certo. Rola preconceito, rola política, mas a verdade é uma só: quando rola onda grande, os brasileiros fazem bonito. Fomos lá e arrombamos a porta”, disse Burle.
“Mais uma vez o Brasil mostrou que está no topo do mundo do surf, em
qualquer tipo de onda. Cochilou, nós beliscamos?, completou Eraldo.
Mais comedido, Resende disse que também contou com a torcida local a seu
favor. “Os havaianos também estavam torcendo por mim, por causa do Garret (McNamara, parceiro de Rodrigo na competição)?, disse Resende, que pretende manter a parceria com o novo amigo no restante do inverno.
Durante a coletiva, Burle aproveitou para contar uma história que poucos conheciam. Ele conta que viu a morte de perto em Jaws. Já com três boas ondas no somatório, ele tentou irar um tubo numa onda gigante.
“A onda bateu em mim e só a pancada já me deixou dolorido. Fiquei
uns 30 segundos embaixo da água, e quando levantei veio outra onda e mais
outra. Comecei a ver estrelas, minha vida passou no meu pensamento e tudo
parecia estar em câmara lenta, mas eu não estava sofrendo. Se fosse a
minha hora, eu não iria sofrer” contou, batendo na madeira.
#”E olha que ele estava com dois coletes salva-vidas, como eu sugeri.
Se tivesse só com um não sei o que poderia acontecer”, disse Eraldo, que
resgatou o companheiro no meio do espumeiro depois de duas tentativas
frustradas.
O campeonato que marcou uma nova era no esporte pretende também
marcar uma nova era nos filmes de surf. Patrocinada pelos Estúdios Mega e
com imagens captadas pela Tibet Filme, com câmaras de 35 milímetros, a Tow-In World Cup será transformada num documentário.
O trio de big riders brasileiro volta para o Hawaii no começo da
próxima semana, para continuar aproveitando o inverno no Hemisfério Norte.
Burle está entre os convidados para disputar o Men Ho Ride Mountain, em
Maverick?s, na Califórnia, e Resende é o segundo alternate da competição.
Confira abaixo uma entrevista com o campeão Rodrigo ?The Monster? Resende, 33 anos, logo após a vitória na Tow-in World Cup:
Como você se preparou para o evento?
Fiquei bem tranqüilo, sem comer carne, alongando e treinando tow-in com meu parceiro.
Como era o treino com o seu parceiro, Garret McNamara?
Ele é muito bom piloto e me deu altos toques nas vezes que saímos. No total foram cinco saídas, mas apenas uma em Jaws.
Como surgiu de vocês formarem uma dupla?
Foi idéia do Rosaldo (Cavalcanti, organizador do evento), pois ele queria nos convidar pro campeonato e sabia que tínhamos o mesmo patrocinador (Bad Boy).
E o Tow-in, há quanto tempo você vem fazendo?
Há umas duas temporadas havaianas eu venho fazendo com parceiros diferentes. Ano passado peguei um dia bem grande em Maverick?s. Uma das ondas fotografadas acabou sendo capa de uma revista e foi usada pela Bad Boy na campanha publicitária.
Você já se considera um atleta experiente na modalidade?
Ainda tenho muito que aprender e cada vez que eu saio com o Garret aprendo mais, mas acho que alguma coisa já aprendi, né.
#O que é mais fácil: Tow-in ou remada?
Na minha opinião é o Tow-in.
Jaws ou Waimea?
Acho que Waimea é mais fácil.
E qual modalidade você prefere (falando de feeling)?
Prefiro surfar remando, é mais natural.
Se estivesse também na lista do Eddie Aikau, qual evento teria escolhido, já que você é considerado um dos melhores surfistas em Waimea?
Teria escolhido o tow-in, em comum acordo com meu parceiro.
Como foi a expectativa para o início do evento, com um swell monstro em Jaws, que para muitos estava “over” control?
Eu surfei logo na segunda bateria e sabia que tinha que surfar bem para vencer. Não estava muito preocupado com o tamanho e sim em surfar para ganhar.
E aquela morra que você botou pra dentro?
Eu já três ondas boas e decidi arriscar tudo naquela última onda. Foi mais ou menos como a história do Burle, mas ela me amassou…
Como foi a vaca?
Animal. Passei um bom tempo embaixo da água, mas o Garret teve muita habilidade e me resgatou. O entrosamento com o parceiro é fundamental no tow in, principalmente nessas horas.
Qual foi a sensação de saber que tinha sido o campeão do Mundial?
Foi muito bom. Ainda não estou acreditando… Agora espero que os patrocinadores valorizem para eu poder me dedicar cada vez mais.
E como foi essa história que você foi meditar logo após receber a notícia de que havia ganhado o evento?
Eu sou uma pessoa religiosa, e nessas horas é bom manter a humildade e conversar com Deus.
Você já encontrou o seu limite em ondas grandes?
Ainda não…
Qual foi o maior mar que já surfou?
Foi em Maverick?s, no dia 22 de dezembro de 2000. Mas é muito difícil medir o mar nestas condições. Jaws também estava gigante e ali a onda é muito poderosa.
Quais são seus planos para 2002?
Continuar correndo atrás das tempestades!