Uma das maiores atrações do Nova Schin WCT Festival Brasil 2003 é o floridiano Kelly Slater, líder do ranking mundial e um dos principais candidatos ao título, ao lado do havaiano Andy Irons, vice-líder e atual campeão, e o australiano Taj Burrow, terceiro colocado e vice-campeão de duas etapas este ano.
Aos 31 anos, 13 no circuito mundial, e com seis títulos mundiais no curriculo, Kelly já faturou três etapas do circuito este ano ? Teahupoo, Jeffreys Bay e Mundaka ? e está determinado a conquistar mais uma.
No Nova Schin ele venceu a primeira bateria contra o australiano Nathan Hedge e o trialista local Diego Rosa, na praia do Silveira, e se classificou direto para o terceiro round da competição.
Slater considera estratégica uma vitória nesta etapa brasileira para se fortalecer na briga pelo título mundial, e para alcançar esse objetivo, precisa de concentração, o que não combina com assédio da imprensa e do público.
A entrevista abaixo foi concedida depois de alguma insistência, num momento de sorte, em que Slater brincava de fotografar os amigos durante os treinos para a segunda fase do evento, realizada no Caldeirão da Armação, em boas ondas de até 1,5 metros.
Como não iria competir e estava só descontraindo, ele bateu um papo sobre a acirrada disputa pelo título contra Andy e Taj, falou sobre um suposto romance com a apresentadora e modelo Fernanda Lima e diz que ainda tem muita lenha para queimar no tour, pois não pensa em aposentadoria.
Como tem sido este ano para você? Considera esta disputa pelo título mundial uma das mais emocionantes da sua carreira?
Bem, pode ser, é difícil dizer, pois acho que a emoção maior será no final. Mas até agora tem sido bem excitante, com alternância de posições no ranking etc. Estou satisfeito com o trabalho porque tive quatro resultados melhores que meu melhor resultado no ano passado e as coisas têm funcionado a meu favor. Para mim, tem sido um momento bastante especial.
Você já é um dos surfistas mais velhos do circuito. Como se sente física e psicologicamente sobre isso?
Isso é uma coisa que as pessoas ficam especulando, mas eu me sinto jovem, me sinto normal. Na verdade, me sinto mais forte, mais maduro…
? Ei, Hog! Fiz uma boa foto sua! (grita Kelly para o aussie Nathan Hedge, interrompendo a entrevista).
Fale sobre a bateria contra Mike Lowe, no Billabong Pro Mundaka, quando você virou o resultado no último minuto ? para depois chegar ao título do evento.
É, foi uma bateria muita difícil. Ele havia conseguido um high score, 9 pontos, e eu estava apenas com notas baixas. Escolhi a prancha errada e as condições eram muito ruins. Mas tentei me manter calmo, concentrado, e mentalizei que se ele achou ondas boas eu também conseguiria. Então, veio uma e dei o melhor de mim. Depois foi só administrar. Definitivamente, foi uma das disputas mais duras do ano, ao lado da bateria contra Shea Lopez no evento anterior, em Hossegor.
Como está a pressão em relação ao duelo particular contra Andy Irons?
Procuro não me pressionar muito. Saí da sétima colocação no ranking, melhorei um pouco, fui para segundo e finalmente assumi a liderança. Mas ninguém pode esquecer do Taj (Burrow). Ele está totalmente na disputa também e é muito perigoso. Não consigo esquecer isso, porque ele pode ser mortal. Venceu no Brasil no ano passado e é muito bom em beach-breaks, além de ser um excelente surfista e competidor. Este ano ficou em segundo em duas etapas que eu venci, no Tahiti e na Espanha. Mas venho pensando que não importa o que aconteça, não importa quem ganhe, não haverá nenhum perdedor, pois isso tudo é muito excitante para o surfe.
Como é sua relação com os adversários, em especial Andy?
É tranqüila, não é ruim. Nós tentamos descontrair um pouco e fazer piadas a respeito, não levar muito a sério. Se você faz piada, tira um pouco da pressão, alivia. Encontrei Andy há alguns dias e ele disse brincando: ?Você tinha que vencer em Mundaka, hein?!?.
Como está a expectativa para as etapas finais no Hawaii? Você pretende vencer em Pipeline e fechar a temporada com chave-de-ouro, no tradicional estilo Slater?
É, seria demais vencer o último evento. Se eu soubesse que iria me dar bem lá, teria boas chances de conquistar o título mundial. Andy é muito bom no Hawaii e já venceu quatro eventos, eu venci três. Se ele vencer mais um vai ficar difícil para mim, mesmo que fique em segundo ou terceiro na mesma etapa.
Você já pensa em se aposentar nos próximos anos?
É muito cedo para fazer qualquer previsão. Vou deixar rolar e ver como as coisas acontecem.
E seu envolvimento com Fernanda Lima? Existe algo entre vocês ou são apenas boatos?
Não tenho resposta para essa pergunta porque simplesmente não há nada para dizer sobre isso. Ela é amiga de um amigo, por isso nos conhecemos. Ouvi dizer que algumas revistas e jornais estão publicando essa história, mas é uma estupidez. Seria como se começassem a dizer que eu e Jesse (Faen, assessor de imprensa da ASP que ouvia a conversa a poucos metros de nós) temos algo apenas porque nos viram juntos. Isso é ridículo. As pessoas gostam de criar fantasias sobre nossas vidas.