A artista Ana Paula Alves de Souza promove em Santa Catarina o projeto cultural e socioambiental “Floripa em Prancha”.
A proposta é transformar pranchas retiradas do lixo em verdadeiras obras de arte. Para isso, artistas de diferentes regiões do Brasil foram convocados.
O resultado pode ser conferido em uma exposição que vai até o dia 7 de fevereiro no Floripa Shopping, localizado na capital catarinense.
Depois as obras serão vendidas e parte da renda doada a uma entidade carente que tira jovens do narcotráfico e leva para o surf.
A iniciativa fez sucesso e agora Ana Paula pensa em levar a exposição para outras cidades do Brasil.
Mas por enquanto não há nada de concreto. A artista busca parceiros para viabilizar o sonho de levar a mostra ao Rio de Janeiro ainda neste ano.
Confira no texto abaixo como surgiu o “Floripa em Prancha” e mais detalhes da artista.
O projeto O Floripa em Prancha nasceu no ano passado, quando fui convidada para expor minha arte em um café que acabara de abrir na Lagoa da Conceição.
A primeira peça que levei foi uma prancha desenhada por mim e autografada pelos surfistas Kelly Slater e Mineirinho. Coloquei-a em primeiro plano, logo na entrada.
No dia seguinte, quando fui terminar de arrumar, todas as obras estavam recolhidas e os funcionários me passaram o recado que não queriam este tipo de público ali: “surfistas”. Escutei muitas coisas e aquilo me fez muito mal.
Resolvi colocar outras pranchas em quantos estabelecimentos me deixassem! Havia prancha em pizzaria, nos outros cafés da Lagoa e até na loja de conveniência do posto de gasolina do centrinho da Lagoa. O Jornal do Almoço até exibiu o movimento na TV! Foi aí que pensei: no verão, inclusive no Shopping, poderiam haver pranchas. O que está acontecendo agora foi além dos meus pensamentos.
A iniciativa No início de fevereiro a coletiva sairá do (Floripa) Shopping direto para a sala de arte contemporânea do Museu Histórico de Santa Catarina. Também conhecido como Palácio Cruz e Souza ou Palácio Rosa, no centro da cidade!
Moro há 20 anos na ilha e hoje em dia há advogados, médicos e políticos que surfam. O surfista não pode mais ser rotulado, nem discriminado.
A ideia Por ser um projeto ambiental. A prancha é feita de um material poluente, que demora anos para se decompor. Isso torna-se um problema para a natureza.
A Federação Catarinense de Surf (Fecasurf) ajudou a procurar algumas destas pranchas, contatando shapers e pessoas ligadas ao surf.
O shaper Evandro Santana trouxe três de Balneário Camboriú. O Guga Arruda também trouxe duas, praticamente novas! Mas eu me senti recolhendo mesmo um lixo quando fui até a escolinha Sul Radical, em Matadeiro.
Para quem não conhece, o Matadeiro é uma praia que não tem acesso de carro, portanto não passa caminhão de lixo. Atravessei toda a praia até chegar à última casa, onde o professor Gilson dá aulas de surf. Com a ajuda do meu amigo Marcelinho Bueno tiramos seis terríveis tocos debaixo de chuva!
Projeto social Aqui em Florianópolis a coletiva está doando parte das vendas para o projeto “Procurando Caminhos”, do Centro Cultural Escrava Anastácia. Ele tira jovens em situação de risco social, de problemas com o narcotráfico e leva para o surf.
Ainda estamos verificando entidades semelhantes no Rio, mas a intenção é levar cor e saúde à periferia, assim como fizemos aqui em Florianópolis.
Rio em Prancha Será montada uma exposição com as pranchas em área a ser definida pelo Shopping Leblon, com visitação gratuita. As pranchas serão vendidas e no final do projeto enviadas para os seus respectivos compradores.
A partir da minha coordenação e curadoria, serão expostas cinco pranchas de artistas consagrados de Florianópolis: George Peixoto, APAS, Diego de Los Campos, Vera Sabino e Davi Escobar.
Dez pranchas de artistas locais do Rio: Antonio Bokel, Ment, Ithaka, Felipe Motta, Wagner do Nasc, Fernando “Don” Torelly, Be Sadala, Camoes, Tiuba e outro a confirmar.
Ainda faltam cinco artistas, que serão convidados por meio da galeria Dom Quixote.
Durante o Floripa em Prancha, o Floripa Shopping foi meu único patrocinador, cedendo um caro espaço do Shopping.
Ele também me proporcionou uma belíssima publicidade, mas mesmo assim não tivemos outro patrocinador. Com muita força de vontade e determinação abdiquei do carrinho que estava para comprar, retirei minhas economias e fiz os suportes de ferro que sustentam as pranchas no meio, entre outros detalhes que tive que resolver.
Quero muito atender outras cidades, mas agora outras edições só se houver patrocínio. Penso, além do Rio em Prancha, o Sampa em Prancha, Salvador em Prancha, Porto em Prancha, todos com nova formatação.
Pranchas de edições anteriores somarão com as de artistas locais, mas estamos à espera de um patrocinador para o projeto.
Novos patrocinadores
Além de ser um manifesto visual em amor e respeito ao surf, é um projeto sério, que busca atender a três assuntos de extrema importância em nosso tempo: a solidariedade, a diversidade e a sustentabilidade do planeta.
Para obter mais informações sobre o projeto, entre em contato com Ana Paula Alves de Souza pelo telefone (0xx48) 9115-1426 ou envie mensagem para [email protected].
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