Fernando Farina

O surfista da monoquilha

Fernando Farina, Sunset Beach, North Shore, Hawaii

Fernando Farina em seu paraíso particular: Sunset Beach, North Shore, Hawaii. Foto: Arquivo Pessoal Fernando Farina.

O paulistano Fernando Farina vive há quase dez anos no Hawaii, trabalha com cinema, mas ele pode ser facilmente encontrado dando duro nas ondas de Sunset Beach, segundo ele o Coliseu do North Shore.

 

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Ex-local de Pitangueiras, desbravador das ondas do litoral Norte paulista e do Sul do Brasil nos anos 70, Farina é um soul surfer de 50 anos que começou sua vida de waterman quando tinha somente 3 anos e entrou para a escolinha de natação do clube Pinheiros, em São Paulo. Adepto das monoquilhas, Farina vive em paz com os locais mais black trunks da ilha e diz que não é preciso muito segredo para ter um bom relacionamento. “Respeito é o segredo”, garante.

Nessa entrevista exclusiva ao Waves, Farina comenta um pouco de sua vida relaxada no mais autêntico lifestyle havaiano.

 

 

Fernando Farina diante de sua barca no North Shore. Foto: Arquivo Pessoal Fernando Farina.

Há quanto tempo está no Hawaii?

Estou aqui desde fevereiro de 2006, mas passei nove dos últimos 12 anos. Nesse tempo já morei em Pipeline, Haleiwa e agora estou em Waimea, na casa do meu amigo Julio.

 

Qual sua onda favorita do North Shore?
Minha onda favorita é Sunset, o Coliseu do surf. É uma onda muito difícil, principalmente em dias de puro Oeste.

 

Quais pranchas você usa?
Minhas pranchas são todas single fin. Tenho uma 8″6′ Dick Brewer; 9″5′ e 10″6′ Owl Chapman.

 

Qual o segredo para ter um bom relacionamento com os locais?
Tenho um relacionamento muito tranquilo com os locais em geral e uma amizade com alguns casca-grossa da área do North Shore de Oahu. Respeito é o segredo. Aqui tenho apoio das marcas Hawaiian Soul Surf, WRV e Bali Moon Hawaii.

 

Quais mares mais casca já encarou aí?
Waimea, Pipeline e Sunset por várias vezes.

 

Você também viaja para outras ilhas?
Não viajo para as outras ilhas. Aqui é o meu lugar.

 

Como surgiu esse lance de trabalhar com cinema?
Tive minha primeira chance de começar em 1992 em Portugal com o pai do meu amigo Walter Cynira Arruda, com uma turma de primeira da Rede Globo, como o senhor Walter Avancini, Dante Leciolli, Elton Menezes e Lisâneas Azevedo. Quando voltei ao Brasil, dei continuidade com o senhor Olivie Perroy e conheci Alex Miranda, quando realizei os trampos mais irados, tipo Coca-Cola, Terra website, Sony e vários vídeoclips, com premiação na MTV e comerciais short list em Cannes, França. Além do cinema, minha vida é uma grande atividade, mas minha paixão é o lifestyle do North Shore do Hawaii e o surf em Sunset Beach.

 

Quais surfistas você mais admira e quais os bons nomes da nova geração?

Os surfistas que mais admiro são Eddie e Clyde Aikau, Gerry Lopez, Owl Chapman, James Jones, Reno Abelira, Bill Sinclair, Jamie O’Brien, Myles Padaca, Makua Kai Rothman, Derek e Michael Ho, Keali Mamala, Ikaika Kalama. Da nova geração… tem um melhor que o outro: Austin e Brando Vicente, Kalani e Kiron Jabour, Ryan Seixas, Casemiro Abreu, Nathan Brandi, Konan Oliveira, e é lógico Mason Ho, além dos filhos de Denis Pang, de Tony Moniz e de Lian Macnamara.


Você tem saudades dos tempos em que era local de Pitangueiras?
Meus grandes dias de diversão foram na praia de Pitangueiras. Ainda sinto a brisa perfumada das primaveras de lá. Comecei a surfar nas Pitangueiras em 1969 e vários bons surfistas de São Paulo já estavam lá – Paulo Zanoto, Fabrício Uchoa, Marcelo Villard, Paulo Tendas, irmãos Christian e Dodô Von Siddow. Minha primeira barca para o Sul, para Imbituba, foi em 1973 com o Ayrton Fagundes e o Maurício Villard. Surfava com duas pranchas do Brito entre 72 e 74, uma monoquilha 7″2′ swallow e outra mono 6″10′ square. Fiz várias amizades no decorrer do tempo, Edgar Lucha, Taiu, Cynira Arruda, Xan e Murillo Brandi, Cassinho Marola, que também mora aqui no Hawaii…

 

Você, Airtinho, Helinho Alemão, Curió, Claudjones, Roni e vários outros fizeram parte da história do surf paulistano como uma galera que saiu do clube Pinheiros. Fale um pouco sobre essa época.
Eu comecei minha vida de esporte aos 3 anos no Esporte Clube Pinheiros na natação e fui indo até começar no water polo até parar por estar aficcionado pelo surf. Do Pinheiros saíram várias barcas para o Sul do Brasil. Eu viajava com o Airtinho, Maurício. Mas o melhor de todos do Pinheiros era o Roni Carrari. E também tinha o Claudio Fernandez e o Claudio Martins, o Namur, o Príncipe… Estou falando dos anos 70, quando em 73 surfei a praia da Vila, em Imbituba (SC) e em 74 a praia da Guarda (SC).

 

Neste tempo todo no Hawaii, qual foi a maior roubada que você passou?
Aqui você tem que estar sempre bem ligado para não cair em roubadas. Vivendo aqui estou semppre caindo em roubadas com as gatas! Muita mulher, muitas amigas, mas elas são difíiceis e às vezes eu sou mal interpretado (risos).


E o melhor mar?
Cara, melhor mar tá difícil… as três últimas semanas de fevereiro e o começo de março foram dias alucinantes, um melhor que outro e em todos os dias peguei a onda da vida, Sunset.

 

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