Na captura pelas melhores imagens para o filme Season 2, ainda em fase de produção, videomaker Paulo Tracco viaja para Indonésia, onde acompanha de perto as aventuras da nova geração brasileira.
Após cinco dia de viagem, três conexões aéreas perdidas por atraso e dois dias em Paris esperando vaga em vôos lotados, finalmente consegui chegar a Bali.
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Vim ao encontro de alguns surfistas da nova geração que aproveitam as férias escolares para treinar nas perfeitas ondas da Indonésia.
Quando cheguei, os cariocas Jerônimo Vargas e Yan Guimarães, o
catarinense Ricardo Santos, e os paulistas Jessé Mendes, Igor Morais e Rodrigo Baby já surfavam havia alguns dias em Bali.
O paulista Thiago Camarão chegou ao pico um mês antes do resto da galera, e já estava acostumado com as rasas esquerdas de lá.
Camarão vinha de uma trip dos sonhos. O surfista estava desde o começo do ano treinando em ondas australianas, aprendendo inglês e aproveitando para participar de algumas etapas da perna australiana do circuito WQS.
Depois foi para o WQS prime nas Maldivas e voltou logo em seguida para o oeste australiano, onde surfou Margaret River e The Bluff, uma das melhores esquerdas do mundo.
Quando chegamos, faltavam pranchas e malas de todo mundo. Esperamos três dias pela chegada de tudo, que foi o tempo exato de checar na internet que um swell de quase 3 metros entraria em apenas dois dias.
Nos reunimos e entre tantas possibilidades, escolhemos arriscar a famosa onda de Desert Point, situada na ilha de Lombok, ao Sul de Bali.
Colocamos as pranchas e suprimentos nos dois carros que alugamos, e na madruga partimos rumo a balsa que faz a travessia Bali-Lombok.
Com certeza uma experiência nova, pois éramos o centro das atenções e todos nos olhavam como se fôssemos animais foragidos de um zoológico.
Após duas horas até a balsa e mais seis longas horas a bordo, finalmente chegamos ao porto de Lombok. Mais algumas horas de carro num calor infernal e exaustos, finalmente avistamos ondas de 3 a 5 pés, que quebravam com uma perfeição de sonhos.
A alegria foi geral. A galera só não se entusiasmou mais, quando nos deparamos com um crowd inacreditável. Mais de 50 pessoas dividiam o outside.
A molecada não se deixou abater pelo cansaço e pela quantidade de gente dentro d?água e remou direto ao outside.
Todos pegaram várias ondas e fizeram a cabeça. O respeito dentro d?água simplesmente nao existia. Um grupo de havaianos entrava na onda de quem fosse, sem dó nem piedade.
Não sei como ninguém brigou, pois foi um festival de empurrões, xingamentos e discussões. Mas no final acabou tudo na paz.
O lugar faz juz ao nome. É um deserto mesmo. Sem muitas árvores, com exceções de alguns coqueiros e três pequenos bares, onde se pode experimentar um pouco da comida local. Sempre bem apimentada e não muito higiênica.
Jerônimo Vargas Pegou bons tubos de backside, sempre tentando andar o mais deep possivel dentro dos cilindros azuis.
?Com certeza uma das melhores ondas que já surfei, incrível a perfeição da onda. Sempre que via nos filmes não dava a impressão dos tubos serem tão largos e pesados. Quero voltar para cá sempre que puder?, comenta o carioca de apenas 17 anos, que já acumula algumas temporadas no Hawaii.
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Jessé Mendes, 14, era o caçula da trip e foi quem mais sofreu com o crowd. Não sobravam ondas para o garoto, que muitas vezes foi rabeado. Mesmo assim, tirou bons tubos e mostrou que vai dar muito o que falar.
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Apesar da pouca idade, Jessé já tem três temporadas havaianas, uma no Tahiti e está pela segunda vez na Indonésia.
O surfista local de Maresias Igor Morais veio para cá no ano passado, mas revelou que não surfou ondas tão boas como as que pegamos em Desert.
Ian Guimarães, local de Saquarema (RJ), não demostrou medo algum e se atirou em todas as ondas que via pela frente. No total, Ian quebrou quatro pranchas, mas também fez bons tubos. Um deles na seção mais rasa da onda.
Rodrigo Baby é especialista em aéreos, por muitos considerado um dos melhores do Brasil. Mas desta vez, com o vento terral forte que impossibilitava a execução de manobras aéreas, mostrou que também sabe andar por dentro e pegou os tubos da vida.
?Só surfo onda ruim para dar aéreos e voar. Vim para a Indonésia para passear por dentro, estou realizando um sonho antigo. Isto aqui nem parece ser real?, diz o surfista.
Ricardo Santos, local da Guarda do Embau (SC), foi o grande nome em Teahupoo na última temporada. Pegou altos tubos e desceu as maiores da série sem demostrar medo. Os gringos nem acreditavam que ele tem apenas 16 anos.
Com certeza a melhor imagem que fiz no Tahiti este ano foi dele. Por isso o convidei para se juntar à barca, e ele nao decepcionou.
Já o paulista Thiago Camarao fez, sem dúvida alguma, o melhor tubo da trip, deixando todos que assistiam da areia impressionados com suas passadas de backside, mostrando que o investimento de seu patrocinador deu resultado.
Nem mesmo os locais que surfam de frontside fizeram um tubo tão longo como o dele. Camarão dropou uma da série e atrasou com a mão na borda, quando viu que ia ficar muito para trás, começou a acelerar.
Foram muitas placas que cairam à sua frente antes dele sair seco, para delírio da galera que gritou muito e aplaudiu o moleque. Mesmo depois de sair do tubo, ele ainda deu uma rasgada, atrasou mais um pouco para pegar outro tubo no inside.
?Com certeza foi o melhor tubo da minha vida. Peguei altas ondas na Austrália, mas este tubo foi sensacional. Estou muito feliz de estar aqui só com meus amigos e treinando nestas ondas?, comenta Camarão, surfista local de Juqueí (SP) que está fora do Brasil há oito meses.
?Agora, tudo o que quero é conhecer outras ilhas por aqui e surfar o maior número de ondas possíveis antes de voltar ao Brasil?, completa o surfista de 19 anos.
Estamos de volta a Bali, e por aqui está flat. Estamos monitorando o swell pela internet e decidindo nosso próximo destino. Não deixem de acompanhar, pois ainda tem muita onda pela frente.
Agradecimentos: Reef, Nivana e Waves.Terra.