Odirlei Coutinho valoriza o vice-campeonato

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#Odirlei Coutinho, 22 anos, está em excelente fase na carreira profissional. Neste ano, após uma disputa acirrada com Tânio Barreto, Dunga Neto e Guga Arruda, Odirlei finalizou o ano na segunda posição na elite do surf profissional brasileiro.

No meio do surf, ele é conhecido pela calma e pelo apego à religião. Neste ano, o ubatubense conquistou sua primeira vitória no Super Surf, na etapa realizada em Pernambuco, além de vencer a terceira etapa do Super Trials, no Rio Grande do Sul. Ele começou a surfar em 89 e se profissionalizou em 97. Seu ídolo no esporte é o norte-americano Kelly Slater.

Odirlei concedeu entrevista ao Site Super Surf durante a última etapa do Circuito Brasileiro Profissional, realizada na praia da Vila, em Imbituba. Confira a íntegra da matéria.

Este ano é o seu melhor ano como profissional?
É sim. Consegui vencer uma etapa do Circuito Brasileiro e atualmente estou em segundo colocado no ranking e tenho chances de disputar o título aqui em Imbituba com Tânio Barreto, o Dunga e o Guga e tomara que as ondas subam porque aí vai ficar mais bonita a disputa.

#Você deve estar sabendo que é preciso vencer em Imbituba e torcer para que Tânio não passe das oitavas pra você conseguir o título. Você acha que dá?
Com certeza. Já ganhei uma etapa e tudo pode acontecer. Se for a vontade de Deus, que eu seja campeão brasileiro. É minha vontade também e vou batalhar, dar o máximo de mim. Vou tentar ser um lutador nesse campeonato.

Esses bons resultados neste ano foram fruto de quê?
Primeiro eu queria falar que dois anos atrás eu não tinha um estilo muito bonito de surf e foi então que eu comecei a perceber que se eu não mudasse não chegaria a lugar algum. Então comecei a filmar, assistir e mudar meu estilo, o jeito de manobrar e adquirir mais força nas manobras, agora estou colhendo os frutos do trabalho que fiz. Eu acho que o surfista tem que ter estilo, força nas manobras e radicalidade. Se o cara tiver essas três coisas ele será um bom surfista.

Você usa alguma estratégia?
Eu surfo todo dia pensando que tenho que arredondar mais meu surf, fazer a linha, jogar mais água pra fora da onda possível, sempre com velocidade e radicalidade, jogar a rabeta. São tantos detalhes que se eu ficar falando vamos ficar aqui a tarde toda.

Você faz algum tipo de preparação física específica?
Não, eu só estou malhando um pouco. E leio a Bíblia porque é como uma meditação para mim. Jesus Cristo passa a paz pra viver que é a paz que você precisa e o mundo não pode te dar. E é a paz também para correr baterias. Lá no Rio de Janeiro, por exemplo, eu tava perdendo pro Ricardo Azevedo, precisava de 7,5 pontos e não desisti e acreditei. Veio uma onda faltando 30 segundos para terminar e eu consegui fazer uma nota 8,5 e virei a bateria. Essa calma quem dá para mim é Deus.

#Quando você começou a surfar?
Comecei com 9 anos em Ubatuba, só que meus pais eram contra porque naquela época tinha o preconceito de que surfista era vagabundo. Depois entrei na escolinha de surf, meu pai viu que eu tinha talento e me liberou.

Você abandonou a escola?
Não, parei no segundo colegial, mas fiz o primeiro grau completo.

Quando você se tornou profissional?
Quando tinha 17 anos.

Quais foram seus melhores resultados?
Fui Campeão Paulista Júnior em 96, no mesmo ano Campeão Paulista do Circuito Hot Water Amador e agora meu melhor resultado é estar disputando o título brasileiro de profissional.

O que você acha do Circuito Super Surf?
Pra mim está demais, nunca houve no Brasil um campeonato tão forte igual a esse. Eu acho que esse é um incentivo para o surf e atletas. A premiação está de alto nível e eu quero dar os parabéns à Abril por ter tomado a atitude e ajudar o esporte. O surf é um esporte demais que só não vai mais pra frente pela falta de apoio das grandes empresas. Eu queria colocar na cabeça das pessoas que o surf pode virar um dos melhores esportes do mundo. É só investir que os resultados serão vistos mais adiante.

Quais são seus planos para 2002?
Eu quero correr todas as etapas do WQS (World Qualifying Series) e tentar me classificar para o WCT (World Championship Tour); surfar as melhores ondas do mundo; pegar os tubos; e tentar ser campeão brasileiro.

Você vai para o Hawaii neste ano?
Marquei a passagem hoje e vou dia 15 de novembro. Vou abandonar a última etapa do WQS (em Haleiwa), e ficar só treinando, pegando onda grande, perfeita e tubular porque eu acho que a base de tudo é o cara saber pegar onda grande e saber entubar. Não adianta o cara ser um surfista só de onda merreca.

Você é casado?
Casei neste ano, em fevereiro, dia 24. Minha esposa se chama Margareth e estou muito feliz. Estou terminando minha casa agora. Assim que chegar do Hawaii, ela estará pronta e isso é uma vitória pra mim.

Ela reclama que você viaja muito?
Não, ela me incentiva porque ela é uma guerreira também. Assim que casamos, eu fiquei dois dias em casa e viajei para Austrália. Fiquei um mês e oito dias lá e ela me deu o maior incentivo. Se eu vou para um campeonato ela incentiva e se eu viajo só para surfar, na Indonésia, por exemplo, ela incentiva também. Ela sabe que isso é meu trabalho. Ela sabe que o surf dura pouco, cerca de dez anos, então ela sabe que eu tenho que dar o gás agora. Eu ligo para ela direto e quando dá ela vai comigo para os campeonatos. Ela foi pro Rio de Janeiro na etapa do carioca.

#Para quais lugares você já viajou e qual você mais gostou?
Pra falar a verdade eu gosto muito da Indonésia, adoro aquele lugar. Pra mim é um dos mais bonitos do mundo só que a população é meio maluca, mas eu acho que a natureza, o mar, tudo que envolve a Indonésia é muito bonito. Foi um dos lugares que eu achei mais incrível pelas ondas e pela natureza. Também já viajei para o Tahiti, Austrália, Espanha, Portugal, França, Chile, Peru e Hawaii.

Quais são os seus patrocinadores?
Atualmente estou com a Rusty confecção e pranchas.

Goofy ou regular?
Goofy.

Qual é a manobra preferida?
Tubo.

Ritmo musical?
Gosto de ouvir um som evangélico, Oficina G3, Catedral e gosto também de um som internacional como Foo Fighters, Dire Straits e Santana.

Qual a essência do competidor?
Ah, o cara tem que ter uma boa personalidade, não se aborrecer com muitas coisas, pois às vezes as pessoas falam as coisas pra você, mas não tem nada a ver. Acho que cada dia você vai se provando mais, aprendendo mais com as coisas que passa. O surf hoje em dia está sendo uma profissão e o surfista tem encarar como profissão mesmo, levar a sério e fazer bonito para as pessoas verem que é um bom esporte.

Para obter mais informações, visite o site www.supersurf.com.br .