#Nos últimos sete anos o shaper Luciano Leão passou boa parte do seu tempo desenvolvendo um software que cria um design no computador, e uma máquina que lê essas informações e dá um pré-shape ao bloco.
O programa chama SurfCAD e já está na versão 5.0. Já a máquina, é uma Digital Surf Design System (DSD). O shaper explica que a DSD produz um shape entre 90% e 95% acabado, bastando uma lixada final antes da laminação.
O projeto, que segundo o shaper ainda está sendo aperfeiçoado, atraiu a atenção e várias pessoas, inclusive dos EUA, emprestaram consultoria para o seu desenvolvimento.
Atualmente, renomados shapers internacionais como John Carper, Eric Arakawa, Jeff Bushmann, Wade Tokoro e Glenn D?Arcy são clientes da Surface. No Brasil, Leão diz que recentemente vendeu duas máquinas DSD para o fabricante de blocos de poliuretano Benett Foam.
Leão diz que sua oficina tem capacidade para produzir até 15 pranchas por dia, mas o aumento de produção não é o seu objetivo.
“O objetivo é conseguir shapes mais perfeitos e precisos. A qualidade do shape não depende do meu humor ou da margem de erro possível de acontecer no trabalho. E um shaper nunca atinge o mesmo padrão de qualidade durante oito horas de trabalho”, explica.
Assim, em vez de ralar o bloco, o shaper pega todas as fichas de encomenda, faz o design do shape no computador, grava um disquete por prancha e depois põe a máquina para trabalhar.
Na seqüência, o airbrusher Márcio Freitas põe os blocos na DSD, que faz prancha por prancha. Aí, entra o trabalho de Johnny Cabianca, que finaliza o shape e dá o acabamento.
A usinagem do bloco na máquina leva cerca de vinte minutos, sendo que o acabamento dura mais uns quinze. A capacidade da máquina é de dez pré-shapes a cada quatro horas.
Leão também diz que o SurfCAD permite modificações em shapes bem-sucedidos. “O cara tem uma prancha que funciona, mas quer um pouco mais ou menos de flutuação, tudo bem. Modifico os dados contidos no disquete dele e em 15 dias a prancha será entregue com as alterações”.
No início os clientes estranharam a proposta, mas agora perceberam que a nova tecnologia só trouxe benefícios. Seus test-riders e patrocinados Wagner Pupo, Oscarzinho de Juqueí e Gilmar Puga também têm usufruído do resultado dessas pesquisas.
Um detalhe que Leão salienta é que a DSD não é uma máquina do tipo pantográfica, também existente no mercado, e que produz somente shapes clonados.
Além do avanço tecnológico, Leão também tem levado aos seus shapes novos conceitos na produção de pranchas, com a tese da “família de design”, pesquisa que divide com os shapers Arakawa e Bushmann.
Segundo ele, este conceito implica na divisão da prancha em três partes proporcionalmente iguais (bico, centro e rabeta), com medidas padrões em cada uma dessas divisões, na tentativa de estabelecer um shape padrão para cada tipo de onda.
Entre testes e tempo dispensado, Leão diz que financeiramente ainda não teve retorno. “Mas não estou preocupado com isso. O trabalho vale a pena porque gosto do que faço. Nunca fiz isso pensando apenas em ganhar dinheiro”.
Se você quiser saber mais sobre o trabalho do shaper Luciano Leão, entre em contato com ele através do e-mail: [email protected].