Hobby. Normalmente este é o começo mais comum das carreiras de fotógrafos de surf. Curso de fotografia, investir num equipamento legal, largar um pouco a prancha, ficar mais na areia e clicar sem parar. Eis a receita.
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Muita gente, porém, abandona no meio do caminho e acaba no máximo como fotógrafo dos amigos nas barcas de surf.
Não é um mercado fácil. Ganhar dinheiro com fotografia (principalmente no Brasil) leva tempo e requer investimento em equipamento e viagens, além de um belo network.
Você chega num campeonato e vê uma infinidade de canhões mirados para o outside, tem muita gente boa e são poucos os realmente fora de série.
Aqueles que capturam momentos mágicos, ângulos inusitados, expressões corporais dos atletas, do público, etc.
A capixaba Marina Vivacqua veio nessa mesma estrada de curso e hobby. A certa altura, largou um emprego maneiro em uma multinacional, levantou a cabeça, arrumou as malas e foi com tudo para Itacaré cobrir o WCT Feminino com investimento do próprio bolso.
Fez alguns contatos e conseguiu apoio inicial do portal EspíritoSurf, depois um espaço no Fotografia Surf, que acreditaram no trabalho antes mesmo dela ter um currículo de peso.
Há pouco tempo chegou na Austrália para aprender e, claro, fotografar sem parar. Recentemente descoberta pelo Waves Austrália, Marina colaborou com imagens durante o WCT na Gold Coast, onde fotografou o Roxy Pro, o Quiksilver Pro e as areias de Snapper Rocks.
De volta ao Brasil, ela já vê a carreira deslanchar. Por e-mail, Marina falou um pouco sobre essa nova fase na vida e as expectativas para o futuro atrás das lentes.
Como foi sua primeira experiência cobrindo um evento de WCT?
Foi no Billabong Pro Girls em Itacaré, no ano passado. Foi como viver um sonho, poder fotografar todas as Tops do surf feminino mundial. Como foi a primeira vez, cometi um monte de erros, mas que depois que se aprende não esquece mais. Por exemplo, nunca vá fotografar sem pelo menos duas baterias extras e cartões de memória com espaço suficiente pra fotografar tudo e mais um pouco. Aconteceram várias coisa boas e ruins e pude tirar proveito de todas. O mais difícil foi ter que dar conta de tudo sozinha, principalmente dos equipamentos. Conheci um monte de gente que me deu a maior força, foi muito bom viver tudo aquilo e foi onde tudo começou.
O que você busca quando está capturando imagens?
Fotografar é uma forma de contar uma história. Acho que o que faz a diferença é a maneira como você encara aquilo que vai registrar o momento, a forma que cada um decide como contar a história. É na verdade um conjunto de sentimentos que está com você e que te envolve naquele momento. Câmera e lente muita gente tem, acho que a diferença está em como você enxerga uma situação além do que seus olhos podem ver, é uma forma individual de contar uma história com um sentimento real e vivido por quem tira a fotografia.
Fale sobre suas experiências passadas.
Na verdade comecei a me dedicar e a começar a encarar de uma forma mais séria há apenas sete meses, logo depois do Billabong Pro Girls. Foi quando coloquei na cabeça que queria fazer a cobertura do circuito feminino. Queria cobrir pelo menos a primeira etapa do circuito mundial feminino. Mas mesmo antes de ir para lá, já sabia que ia rolar um festival de surf feminino, o Roxy Pro Surfing Festival, então já me organizei pra ir para Phillip Island, uma ilha perto de Melbourne, no Sul da Austrália. Foi bem legal, pois pude me preparar para a próxima etapa da Gold Coast e fazer vários contatos.
Qual equipamento que você usa?
Uso uma máquina Cannon 5D e uma lente de 500 mm.
Como foi para você colaborar com o Waves e o que espera para sua carreira depois disso tudo?
O Waves é o maior site de surf do Brasil. É uma referência para quem está aqui e para brasileiros que estão fora também. Não tem ninguém que surfe ou que seja relacionado ao esporte que não acesse o site pelo menos uma vez por dia. Ter minhas fotos divulgadas no Waves foi uma honra e uma grande surpresa. Fiquei superfeliz. As pessoas me paravam na rua pra falar das fotos, que tinham visto no Waves. E eu fiquei amarradona! Acho que o fato das fotos estarem no Waves acabou dando mais visibilidade ao meu trabalho e isso com certeza vai influenciar na minha carreira. Não é à toa que já estão surgindo outras oportunidades de trabalho. Estou terminando a faculdade de publicidade no final deste ano, pretendo voltar pra Austrália pra fazer tudo de novo. Meu objetivo é fotografar o surf feminino, o importante é incentivar a categoria. Não vou ter muito tempo de viajar, pois este ano será muito corrido, mas quero cobrir algumas etapas dos campeonatos aqui no Brasil.
Agradecimentos ao site EspíritoSurf.