Nos dias 7 e 8 de setembro deste ano, estive na praia de Travosa, município de Santo Amaro, litoral do Maranhão. Fui convidado para participar da terceira etapa do Circuito ASM, o Travosa Surf Classic 2010.
A praia de Travosa é um beach break desbravado por um punhado de surfistas da capital do estado, São Luis. O pico foi descoberto há mais ou menos uma década.
Durante o inverno, época das chuvas no Maranhão, boas ondulações atingem a região e o mar sobe para valer. As séries ultrapassam 2 metros com ondas tubulares e muitas vezes perfeitas.
Os locais mais antigos, como Flávio Marão, Pierre Goes e Erlon Rocha, afirmam que algumas ondulações de inverno chegam tão consistentes que fecham o beach break no inside e tornam a missão de chegar ao line up quase impossível.
Segundo o local Marcelo Vaz, um dos mais experientes no pico, as bombas de inverno proporcionam drops insanos seguidos de tubos em ‘pé’ em ondas de dois metros ou mais.
Checamos o potencial das ondas da região em pleno verão maranhense. Constatamos que mesmo fora da temporada o point funcionava com boas condições.
Na terça feira, primeiro dia de contato com o pico, na maré enchente do começo da tarde, as séries atingiram 1 metro com extensão razoável. Rajadas de vento, somadas a forte correnteza, detonavam a formação das ondas. Mesmo assim, a galera dropou algumas boas.
Belas paisagens impressionam e compõem o cenário da região. A vegetação é exuberante. Apesar da escassez de água, na Vila de Travosa, você encontra mangueiras, coqueiros, cajueiros, ajiruzais e outras árvores frutíferas.
Os locais são hospitaleiros, tranquilos e as trilhas entre dunas fazem do lugar um pico singular. Fato é que o Maranhão possui uma imensidão de praias. No seu extenso e desconhecido litoral, existe grande potencial para o surf.
Em Travosa, você vai encontrar praia e ondas, nada mais. Ou seja, uma praia à perder de vista, com dezenas de bancadas e inúmeros ranchos de pesca. Os ranchos são os únicos locais para se acomodar. Eles ficam de frente para as ondas. Portanto, leve barraca de camping, repelente e panelas.
A outra opção é ficar na Vila e fazer diariamente uma caminhada de quarenta e cinco minutos pelo sol escaldante até a praia. Existe um serviço 4×4 na região, mas você terá que desembolsar uma bela quantia pelo translado.
Tudo é bonito e intocado. Com exceção do turista predador e do nativo sem consciência ecológica, Travosa ainda é um paraíso. Uma praia diferente, bem diferente, não só pelas ondas, mas também pela tranquilidade e paz.
Lagoas de água doce se misturam com a vegetação local e cria cenário único, pacato e acolhedor. O tempo parece não passar. Você não dorme, adormece, tamanho é o torpor do corpo cansado.
Locais como Marcelo Piu-Piu, Flávio Marão, Pierre Goes, Vinicius Cabocão, Amaury Macaquinho, Jerônimo Minhoca, Alex Selado fazem suas diabruras no pico há pelo menos dez anos.
Reparou nos pseudônimos? Aqui a zoação é total. Muito surf, “gororobas” preparadas no fogareiro, peixe na brasa e risadas, muitas risadas.
Neste clima de diversão, a Associação Maranhense de Surf realizou mais uma etapa do seu circuito.
Na categoria Open, Flávio Marão foi destaque e deixou Pierre Goes em segundo, Amaury Silveira em terceiro e Marcelo Vaz em quarto.
Na Máster, Marcelo Vaz levou o caneco e uma prancha zerada. Em segundo ficou Alex Arouche. Noélio Sobrinho, representou o Pará e acabou em terceiro. Erlon Rocha foi o quarto.
Apesar do pico não quebrar com as condições esperadas, novas trips para o local foram agendadas. Travosa ostenta o título de palco das maiores ondas do estado do Maranhão.
Para obter mais informações sobre a trip e o trabalho de Denis Sarmanho, acesse o site Craud.net.
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