A Guarda do Embaú é uma das melhores esquerdas do litoral catarinense. Foto: Cristiano Aguiar. |
Bem, no ano passado, num encontro de um swell de sudeste junto à costa catarinense, onde moro, resolvi ir sozinho para a praia da Guarda do Embaú, na tentativa de ver se sobrariam algumas esquerdas perfeitas para eu surfar.
O tempo estava nublado e uma garoa e um leve vento nordeste, terral, compunham a cena.
Estacionei o carro e nem fui ver o mar, logo vesti meu wetsuit e peguei minha 6’5”.
Quando vi o canto, não acreditei: altas ondas e menos de meia-dúzia de cabeças na água. O que se seguiu foram quase duas horas de muito surf.
As ondas entravam com séries bem no canto e algumas maiores abriam para o meio da praia. Já estava considerando aquela uma das minhas melhores caídas no sul quando vi um jet-ski puxando o Teco Padaratz.
Além de big rider, Romeu Bruno é um piloto experimentado. Na foto, ele reboca Rodrigo Resende em Saquarema (RJ). Foto: Divulgação. |
Enquanto eu remava pro outside pra pegar mais uma ou duas ondas, pois já estava exausto, eles pegavam quantidades, digo, q u a n t i d a d e s enormes de ondas, numa facilidade e sincronicidade perfeitas.
Ainda encontrei ali meu colega de profissão, o fotógrafo Agobar Júnior, pegando sua
quota de esquerdas.
Quando já ia saindo do mar, o Romeu passou ao meu lado e falou: “Não vai embora que vou te rebocar pra fazer tow-in”.
Eu nunca havia feito tow-in, mas tinha um pouco de experiência de algumas vezes que pratiquei wake-board.
Saulo saiu com minha prancha, coloquei as alças da 5’10” no pé e logo estava sendo rebocado na minha primeira sessão de tow-in, numa Guarda perfeita e sem ninguém até aquela hora, apenas eu e o Romeu Bruno.
Foi uma experiência simplesmente única. Peguei umas cinco da série e me lembrei bem do que o Romeu falou: “Troque as bordas, troque sempre de borda”.
E realmente foram momentos indescritíveis. O Romeu pilota muito bem e me colocou nas melhores ondas. Ao final de cada uma delas, lá estava ele me esperando, e assim íamos pro outside de novo em segundos.
A última onda foi incrível: a esquerda já vinha quebrando lá atrás do costão e, quando chegamos perto dela, de frente, ele virou bruscamente e me ejetou na esquerda numa velocidade que não acreditei.
Entrei de backside pra esquerda, dando uma batida como se fosse numa direita, contra a onda, e só então cavei pra esquerda para completar uma das minhas melhores ondas na Guarda.
À esta altura, minhas pernas estavam “queimando” de tanto esforço e falei pro Romeu que estava cansado e que queria sair.
Voltando à praia, entramos no calmo rio da Guarda e estacionamos o jet em frente da casa do Juninho Maciel, local da Guarda.
Depois de um bom banho quente e um lanche, dava risada com meus amigos e agradecia a Deus pela rara oportunidade daqueles momentos. Realmente, surfar de tow-in foi bem melhor do que eu imaginava.
Só de não ter que ficar remando pra passar pro outside e surfar uma enorme quantidade de ondas, num curto intervalo entre as séries, valeu a pena.
Mas o tow-in é muito mais. Agora entendo melhor porque este esporte (podemos
assim dizer) cresce a cada dia. Não surfei mais de tow-in, mas, quem sabe um dia
destes não encontro de novo com o Romeu e amigos na praia da Vila, em Imbituba, ou em outro point da costa catarinense?
S h a l o m !