O australiano Kai Otton, 31, foi o campeão do Coca-Cola Oakley Prime, etapa do circuito mundial encerrada nesta segunda-feira, em ondas mexidas de até 2,5 metros em Itaúna, Saquarema (RJ).
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Em final emocionante, Otton frustrou a torcida brasileira ao derrotar o local Raoni Monteiro por 15.43 a 14.93 pontos.
O aussie fatura US$ 40 mil pela vitória e soma 6500 pontos no ranking mundial, enquanto Raoni descola US$ 20 mil e 5200 pontos.
Para levar o título, Otton fez uma boa escolha de ondas e não mostrou bastante segurança nas manobras.
Raoni saiu na frente com uma paulada de backside numa fechadeira avaliada em 7.33, mas o australiano rapidamente respondeu com 6.83.
O brasileiro voltou a abrir vantagem com 5.17 numa boa esquerda na qual caiu no balanço da onda e perdeu a oportunidade de arrepiar no inside e conseguir uma nota maior.
Otton mostrou que também queria muito o título e primeiro tentou passar por dentro de uma craca. Depois, achou uma boa esquerda e soltou uma bela rasgada, outra sem muita expressão na parte branca da onda e finalizou na junção espumada.
Os juízes avaliaram em 8.60 e a torcida entrou em desespero. O tempo foi passando e Raoni lutou bastante pela onda da virada, mas teve dificuldade para achar uma série com potencial no outside.
No último minuto, o top da elite mundial tentou repetir as viradas emocionantes que conseguiu nos duelos anteriores.
Acertou uma forte batida no crítico, uma rasgada e conectou até o inside. Na beira, atacou a junção com outra paulada, mas a areia impediu que completasse a manobra.
A torcida cercou o brasileiro e a expectativa ficou em torno das notas dos juízes. Para tristeza geral da plateia, o 7.60 não permitiu que Raoni conquistasse sua primeira vitória em casa, mas o atleta foi bastante aplaudido pela torcida.
“Eu acho que essa é a melhor onda que já surfei no Brasil. O World Tour tinha que ser aqui todos os anos. É uma esquerda muito divertida. Mesmo que esteja pequeno, continua consistente. É a onda mais divertida que já peguei no Brasil, com certeza. A bancada de areia é muito boa!”, elogia Kai Otton.
Como estava sem pranchas maiores para competir, o aussie correu atrás de um foguete e conseguiu uma 6’8 shapeada por Ricardo Martins, emprestada por um amigo.
“Esta prancha é totalmente diferente do que estou acostumado a usar. Eu nunca achei que fosse precisar de prancha grande no Brasil e hoje eu precisei de uma 6’8 pin tail. Ela funcionou bem e me deu a vitória”, comemora Otton.
Foi a segunda vitória na carreira de Otton. A primeira foi em 2006, no WQS 4 estrelas disputado nas Ilhas Canárias, também contra um brasileiro, o paulista Odirlei Coutinho.
Enquanto a maioria embarca para o Prime em Imbituba (SC) esta semana, Otton retorna pra casa. “Eu dei tudo de mim neste evento e foi bem desgastante. Eu tenho um intervalo antes da próxima etapa do World Tour (Jeffrey’s Bay) e estou no Brasil há quase um mês, então procurei colocar apenas esses dois eventos na minha lista”, explica o aussie.
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Na trave Apesar da derrota, Raoni comemorou o ótimo resultado no quintal de casa. “Estava mantendo a calma e tentando controlar a bateria. Pegava uma onda boa, sabia que precisava pegar outra e tava dando sorte, tava dando tudo certo”, diz Raoni.
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“No final, Kai Otton conseguiu pegar as melhores ondas, mostrou um melhor desempenho e venceu. Eu estava com muita vontade de vencer, tava falando desde o começo que queria vencer este evento, querendo quebrar esse tabu de nunca ter vencido um campeonato profissional em casa. Mas vai ter que ficar para o ano que vem”, lamenta o local.
“Consegui ficar em segundo, foi o meu melhor resultado aqui em Saquarema até hoje como profissional. Espero poder vencer no próximo ano”, continua Raoni.
“O meu pensamento estava positivo, mas eu sabia que precisava de mais uma manobra no outside para a nota sair acima de 8. Eu meio que já sabia que não daria para virar, mas bateria é assim: tem que acreditar até o final. Nas outras baterias eu consegui virar nos últimos segundos. De qualquer maneira, estou feliz com o resultado, são pontos importantes no ranking para eu poder me manter entre os 30 que permanecem no meio do ano”, fala o atleta.
Drama A semifinal deixou o público saquaremense tenso. Depois de levantar a galera com uma longa esquerda que rendeu 7.43, Raoni passou a buscar apenas 3.41 para virar o duelo contra o aussie Yadin Nicol.
Os minutos foram passando e o brasileiro esperou pacientemente no outside. Chegou a perder a prioridade numa fechadeira, mas estava iluminado e conseguiu achar a onda da virada nos últimos segundos, depois de muita oração nas areias de Itaúna.
Yadin também foi na onda, mas ficou preso na espuma turbulenta. Mais adiante, Raoni acertou uma bela batida numa onda da série e mandou uma rasgada por baixo do lip para arrancar 7.27 dos juízes.
Adeus ao bi Na outra batalha, Kait Otton botou pressão no outside e não deu chance ao catarinense Willian Cardoso.
Otton repetiu a tática das baterias anteriores e saiu surfando tudo o que vinha pela frente. Com 7.60 e 6.67 nas duas melhores ondas, o australiano deixou o brasileiro precisando de combinação de notas.
Atual campeão da etapa, Willian teve dificuldade para reagir e não conseguiu mostrar o mesmo surf que vinha apresentando durante a semana.
De qualquer forma, o excelente terceiro lugar deixa o catarinense em ótima posição no ranking do circuito mundial.
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Jet voador Depois de superar o norte-americano Cory Lopez por 14.50 a 12.43 na repescagem, o paulista Gabriel Medina enfrentou um verdadeiro sufoco nas quartas.
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Medina perdia o duelo para o aussie Yadin Nicol e precisava de uma nota excelente. Pouco depois de fazer uma nota 5.77, ele foi auxiliado pela equipe de resgate para retornar ao outside.
Porém, uma grande série surgiu no horizonte e o piloto optou por encarar a bomba, dando um pulo enorme por cima do lip.
Medina abandonou o led (suporte para carregar os atletas) e sofreu um forte impacto na água. O atleta deixou a bateria faltando pouco menos de cinco minutos, sentindo dores nas costas.
O jet ainda foi engolido pela onda de trás e arrastado pela série. Depois de sofrer pane, restou apenas um equipamento para revezar no resgate dos atletas.
Sozinho no outside, Nicol ficou em situação tranquila na bateria e venceu por 15.63 a 12.10.
Família fora do pódio Outros brasileiros que ficaram de fora do pódio foram os primos Junior Faria e Jessé Mendes, que vinham muto bem na competição.
Na repescagem, Faria teve dificuldade para achar boas ondas e até chegou perto da virada no confronto com o australiano Lincoln Taylor.
O brasileiro tinha 6.33 na melhor onda e buscava 4.91, mas conseguiu apenas 4.27 na última tentativa.
Jessé, que já estava nas quartas, foi eliminado pelo australiano Kai Otton. O jovem paulista demorou a entrar em sintonia com as ondas e viu Otton abrir boa vantagem no placar.
Nos instantes finais, precisando de 9.44, Jessé achou uma esquerda pesada e desferiu uma belíssima rasgada no crítico, mas a onda fechou logo em seguida e proporcionou apenas 7.57 ao atleta.
Rumo ao Sul Agora, todos seguem em direção a Imbituba (SC), palco da próxima etapa do circuito mundial.
Também com status Prime, o evento está previsto para ser iniciado nesta terça-feira, na praia da Vila, que ficou conhecida por sediar a etapa brasileira do World Tour entre os anos de 2003 e 2010.
Resultado do Coca-Cola Oakley Prime 2011
1 Kai Otton (Aus)
2 Raoni Monteiro (Bra)
3 Yadin Nicol (Aus)
3 Willian Cardoso (Bra)
5 Gabriel Medina (Bra)
5 Lincoln Taylor (Aus)
5 Adam Robertson (Aus)
5 Jessé Mendes (Bra)
9 Junior Faria (Bra)
9 Damien Hobgood (EUA)
9 Adam Melling (Aus)
9 Cory Lopez (EUA)
Ranking unificado da ASP
1 Kelly Slater (EUA) – 66.200 pontos
2 Jordy Smith (Afr) – 52.000
3 Mick Fanning (Aus) – 43.648
4 Taj Burrow (Aus) – 43.1770
5 Bede Durbidge (Aus) – 39.370
6 Adriano de Souza (Bra) – 38.557
7 Jeremy Flores (Fra) – 38.016
8 Owen Wright (Aus) – 37.400
9 Adrian Buchan (Aus) – 36.492
10 Damien Hobgood (EUA) – 34.650
11 Michel Bourez (Tah) – 33.650
12 Dane Reynolds (EUA) – 31.707
13 Joel Parkinson (Aus) – 31.457
14 Brett Simpson (EUA) – 29.000
15 Kieren Perrow (Aus) – 26.545
16 Matt Wilkinson (Aus) – 26.200
17 Chris Davidson (Aus) – 25.607
18 Tiago Pires (Por) – 25.423
19 C. J. Hobgood (EUA) – 25.200
20 Jadson André (Bra) – 25.182
21 Heitor Alves (Bra) – 25.095
22 Adam Melling (Aus) – 24.957
23 Alejo Muniz (Bra) – 23.841
24 Patrick Gudauskas (EUA) – 21.957
25 Raoni Monteiro (Bra) – 21.550
26 Dusty Payne (Haw) – 21.500
27 Julian Wilson (Aus) – 21.346
28 Taylor Knox (EUA) – 21.000
29 Daniel Ross (Aus) – 19.905
30 Willian Cardoso (Bra) – 19.549
31 Miguel Pupo (Bra) – 19.117
32 Josh Kerr (Aus) – 18.522
39 Gabriel Medina (Bra) – 15.813 pontos
44 Jessé Mendes (Bra) – 12.730
54 Junior Faria (Bra) – 11.195
60 Wiggolly Dantas (Bra) – 10.315
65 Thiago Camarão (Bra) – 9.955
67 Hizunomê Bettero (Bra) – 9.733
68 Leonardo Neves (Bra) – 9.648