Pressão em Pico Alto

Pachakamak controla a sessão

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No Peru, uma das ondas grandes mais respeitadas da América do Sul, quebrou bonito.

O time de tow-in Ocean Riders South America, fundado pelos irmãos peruanos Luisfer e Quique Gomes de La Torre e pelo brasileiro João Bastos Capilé reuniu-se para surfar a onda de Pico Alto, que durante décadas desafia os maiores big riders do mundo.
 
O time cresceu e novos membros da equipe foram agregados sob o olho clínico dos fundadores.

Respeito, atitude, caráter e muito trabalho de equipe naturalmente selecionaram towsurfers do Brasil, que são bem aceitos por esses sócios fundadores, que apesar de super gente finas, não toleram fanfarrices e muito menos um crowd desordenado de happy beginners nas ondas grandes.

O tow-in em Pico Alto foi conquistado às custas de muita seriedade e atitude por parte dos peruanos Luisfer e Quique, durante anos mantendo ordem na casa.
Não é todo mundo que pode contar com o apoio dos tow surfers locais, melhor dizendo.

A maior preocupação de nossa expedição era pegar essas bombas nos horários em que não estaria rolando o evento de ondas grandes da Billabong. Nossa estratégia era entrar ainda à noite na água e assim que começasse o evento nós cairíamos fora.

A dupla de tow-in mais experiente de brasileiros nessa onda, Jorge Pacelli e Capilé, junto com Alexandre Dardak Haigaz e Ivan; André Nastas e Xan; e Saulo Ramos e eu encaramos a friaca peruana e dentro da água encontramos a primeira dupla do Peru 100% família – Luisfer e seu filho Luizito, de apenas 15 anos.

Eles fizeram bonito, foi muito bacana ver a sinergia de pai e filho em ondas fortes e desafiadoras.

O big rider Aldo Sixia e irmão, e Quilhermo Arce, que ficou sem seu paceiro Flávio Caporali que estava na lista de convidados do evento de remada, também estavam presentes.

Foram dois dias de tow-in realmente fortes. O swell estava de Sul bem mexido para os padrões de Pico Alto. As ondas chegaram a mais ou menos 8 metros de face e para variar os caldos fortíssimos eram uma certeza para quem não passava a seção.

Pacelli e Capilé não davam trégua, uma onda atrás da outra e as pranchas do Pacelli que estão sendo muito bem aceitas no mercado brasileiro fizeram bonito no Peru. Todos os brazucas estavam usando e voando estáveis nas ondas, apesar da super velocidade que a onda proporciona.
Destaque para a dupla Xan e Nastas, que com elegância, performance e low profile conquistaram o respeito na casa dos Ocean Riders South America, recebendo a camisa oficial da equipe das mãos do Luisfer.

Hora do campeonato na remada, foi demais ver os brasileiros Carlos Burle e Flávio Caporali fazendo bonito na semifinal. Maya Gabeira também estava com uma super disposição para surfar entre as baterias e principalmente ajudar o seu mestre Carlos Burle no que fosse preciso junto com o videomaker Carlos San Felice.

Vale lembrar que Burle estava em sexto na bateria final e reverteu nos minutos finais para segundo lugar, mostrando a técnica e a tranquilidade de uma monge das ondas gigantes.

Tocou a buzina de final de bateria enquanto Burle se colocava para mais uma onda em que ele arrebentou, ficando claro que se aquela onda fosse validada ele venceria a competição.

Parabéns pelo segundo lugar e por manter a supremacia brasileira no big surf sul-americano.

Depois do evento, mais uma sesssão de tow-in alucinante e para finalizar no dia seguinte com um tremendo céu azul e ondas menores, mas muito perfeitas. Depois de muitas manobras da galera, o fantasma de Patchacamak assombrou a session.

Primeiro a prancha do André e do Xan, que quebrou sendo usada pelo Lula um brazuca residente em Lima, depois foi a minha vez. Tomei uma lipada que eu só não me quebrei por estar usando dois joelhos de carbono, um tipo de joelheira muito usada no motocross.

Mesmo assim, a força da água torceu o pé, os dois joelhos, o quadril e os cotovelos, tudo em uma fração de segundos, coisa de ondas fortes.

Mas os sinais de que era hora de sossegar não pararam por aí. Pacelli foi pego por uma bomba quando o jet desligou e não pegava e o resultado foi o naufrágio do equipamento. Logo depois, capotada do Luisfer, que também ficou a nado sendo surpreendido por uma onda.

Depois de muito perrengue, Burle, Pacelli e eu conseguimos juntar os pedaços do jet e arrastá-lo para a praia, quando para finalizar o guincho da carreta também estourou.

O advogado Xan, na fissura, pediu para Nastas colocá-lo em mais umas ondas. Aí  eu falei: “São muitos sinais, meu amigão. É hora de contabilizar os lucros, deixa para matar a fissura outra hora. Muita coisa para apenas 15 minutos”.

Pachakamak cancelou o alvará. Obrigado Peru.

PS Pachakamak é uma tribo da era pré-inca que há mais de 3 mil anos dominava a região de Punta Hermosa.

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