Indonésia em família

Pai de primeira viagem

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Marcelo Bueno faz viagem da vida ao lado do seu filho em Bali. Foto: Arquivo Pessoal.

Henrique e Marcelo Bueno: família unida na paradisíaca G-Land. Foto: Carol Conde.

Selecionar as melhores fotos da viagem para a Indonésia e juntar as imagens de amigos que fizeram parte da trip, isso é tarefa fácil.

 

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Agora, descrever o que significou para mim a trip de surf mais legal da minha vida já é um pouco mais complicado, e olha que estou com 50 anos.
 
Depois de intermináveis horas de voo, chegava mais uma vez em Bali. No aeroporto me esperavam um casal de amigos meus – bota amigo nisso -, que já estavam no país há uns 15 dias.

 

Eram Henrique e Carol. Ele, free surfer de apenas 29 anos, mas com experiência em picos como Peru, Hawaii, Califórnia, Puerto Escondido, entre outros. Já ela começou no surf há apenas três anos.

Apesar de conhecê-los há muitos anos, a primeira trip de surf internacional ao lado deles gerou a maior expectativa possível em mim. Afinal Henrique, além de um grande amigo, é meu filho. Carol é sua mulher e minha querida nora.

Nada como chegar a um lugar e já estar tudo pronto, a preocupação agora é o surf. Nos primeiros dias da estadia em Bali ficamos hospedados bem ao lado do reef de Uluwatu. Dava para ir a pé ao pico.

 

Foi a escolha certa, principalmente porque o mar quebrava entre 1,5 e 2 metros, a melhor opção de surf por ali.

Toda manhã quase o mesmo ritual: checar as ondas, café da manhã e surf. Eu e Henrique íamos direto para Uluwatu e Carol se divertia em uma direita gordinha que se forma no canto da praia de Padang Padang, onde em certos dias há até aulas de surf.

Almoço e mais surf, afinal de contas estamos em Bali. De noite, a típica reunião entre amigos para contar as experiências e as histórias do dia. O jantar era regado a Bintangs (cerveja balinesa) e cada um falava entusiasmadamente do seu dia de surf. Henrique descrevia os seus tubos no Inside Corner, eu as minhas ondas em Uluwatu. Carol ficava cada dia mais entusiasmada com suas ondas em Padang.
 
Este ano as Monções (período de chuvas) na Indonésia avançaram na temporada das ondas e prejudicaram um pouco as ondulações. Monitoramos um swell para ver o melhor dia para tentar G-Land, uma trip muito sonhada entre eu e o Henrique. As ondas não entraram como gostaríamos, mas fomos assim mesmo.

Chegamos e encontramos a ilha debaixo de um lamaçal. O caminho do barco até o camping foi a pé e com a lama até os joelhos, porque o caminhãozinho do Surf Camp Bobby’s não conseguia andar, tamanha a quantidade de lama.

Durante a passagem por G-Land o mar continuou quebrando até 2 metros, só que agora em uma onda mais longa e bem mais consistente.

 

Como de costume, eu procurava surfar na parte mais suave da onda (Money Trees) e o Henrique ia direto para o Speeds, a parte mais tubular e rasa da bancada.

 

Em G-Land o sonho se torna realidade. As acomodações e atendimento do Bobby’s são ótimas, um lugar onde todos estão na mesma sintonia e não é difícil de fazer novos amigos.

Marcelo de Deus, David Dias, Carlos Henrique Lima (Carlão), Edu Gaglianone, além de Rodrigo Miranda e Cris Mansur, que surfaram sozinhos no pico alguns dias depois (ver matéria abaixo Isolamento em G-Land), são alguns dos novos amigos que mais uma vez G-Land me deu de presente.

Carol ficou amiga de uma família de havaianos e logo de manhã pegava com eles um barco até Tigers, uma onda bem suave e um pouco afastada do reef de G-Land.

Os dias do pacote já estavam no final e ainda não tinha entrado o swell que esperávamos. Estendemos o pacote para mais dois dias, limite de tempo que Henrique e Carol tinham, pois já estavam com passagem marcada de volta para o Brasil. E nada da ondulação entrar.

Na manhã do dia da partida fui checar o mar e ele tinha melhorado. Estava com cerca de 2,5 metros e não iria poder surfar aquelas ondas, pois tinha que pegar o barco.

Por incrível azar, ou por sorte do destino, o barco quebrou e não pudemos partir. Sem mais opções, só nos restou fazer uma queda naquelas ondas perfeitas. Foi o melhor surf da viagem. Sem barco, a volta levou horas em uma van saindo de G-Land pela selva, com estradas estreitas e ferry boats até Bali.
 
Deixei Henrique e Carol no aeroporto de Bali e fiquei ainda mais uns três dias por lá. Não é difícil afirmar: esta foi a trip mais legal da minha vida.

Fazer uma viagem desta com um filho deve ser o sonho da maioria dos surfistas. Eu consegui realizá-lo. Torço para que todos possam um dia compartilhar com seus filhos a energia que uma trip destas traz.

Carol foi show também. Todos já fizeram trips com amigos menos experientes no surf, mas que geralmente são os mais entusiasmados e topam qualquer parada. Com ela não foi diferente.

 

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Isolamento em G-Land