Tribunal do surf

Papeleta federal

0

Guga estuda pesado na Austrália para tornar-se juíz internacional credenciado pela ASP. Foto: Divulgação.

Assim como no futebol, ser juíz no surf não é nada fácil. A função requer todo o treinamento pesado, provas, certificações, horas de experiência, estudar forte e muito mais. Fora o peso de definir o “destino” de um campeonato ou da carreira de um surfista.

 

Alguns brasileiros têm buscado esse caminho no exterior. A Austrália respira surf pelos quatro cantos do país e ferve de competições em todos os níveis. É um ótimo lugar para iniciar ou aperfeiçoar as habilidades de julgar baterias e ainda tem a vantagem de vivenciar tudo em inglês.

 

Foi pensando nisso que o carioca de 34 anos de idade, Gustavo Domingues de Oliveira, o Guga, trocou as praias cariocas pela perfeição das bancadas da Gold Coast australiana, na certeza de ampliar seus horizontes e conhecimentos dentro do mundo do surf competitivo.

Futuro escritório do carioca Gustavo Domingues de Oliveira na Austrália. Foto: Divulgação.

Em entrevista exclusiva, o dedicado juíz e treinador de surf conta o caminho das pedras, ou melhor, das papeletas.

 

Antes de entrar de cabeça nos estudos relacionados ao surf, primeiro é necessário falar inglês, como é transpor essa barreira?

 

Falar inglês fluentemente requer tempo e constante dedicação. Comecei no curso General English, numa classe para iniciantes, e encerrei após 24 semanas de curso, como upper-intermediate (avançado).

 

Agora estou na mesma escola por mais um período de 18 semanas, me preparando para o exame do IELTS (International English Language Testing System), pois, uma das minhas intenções é fazer universidade aqui na Austrália. Mas para isso preciso de uma pontuação acima de 6,5, que não é nada simples e requer muita dedicação.

 

A grande dúvida de quem se interessa pelo assunto é saber a trajetória de como ser um juíz internacional e treinador de surf com certificação, conte-nos como está sendo o seu caminho.

 

Cheguei aqui na Gold Coast em junho de 2007 para fazer minhas certificações de juíz e técnico. Comecei pela de juíz, fiz o curso básico (nível 1) em agosto, e depois me dediquei a uma maratona de finais de semana fazendo horas de julgamento e exames para adquirir o nível 2 “domestic”.

 

Após essa fase, mais uma maratona de campeonatos, assistindo aos julgamentos, atuando como “spoter”, de Norte a Sul da Gold Coast para pegar a licença internacional.


No final do ano fui convidado pra trabalhar como árbitro num campeonato para estudantes internacionais realizado em Duranbah Beach. Esse campeonato celebrou os 10 anos da GEOS, escola onde estudo desde junho de 2007. Como forma de agradecimento, recebi por parte da manager da escola, Natalie Johnston, uma ajuda de custo na renovação do meu curso e do meu visto, respectivamente.

 

Finalmente, em dezembro de 2007, após a última etapa do circuito Billabong Queensland Open, no qual julguei efetivamente como árbitro (ainda sem receber nenhum centavo), recebi minha última avaliação e o registro nível 3 internacional, que me habilita a trabalhar em eventos internacionais da ASP.

 

Onde foi a estréia como juíz após a certificação?

 

Meu primeiro campeonato efetivamente como árbitro internacional, desta vez com remuneração, foi o Hurley Burleigh Pro Junior, que rolou entre os dias 22 e 26 de janeiro de 2008, em Burleigh Heads, Gold Coast.

 

Quais os planos para o futuro próximo?

 

Agora espero ansioso pela oportunidade de assistir ao julgamento do Quiksilver Pro no final de fevereiro e depois entrar com tudo julgando os eventos do calendário 2008 da Surfing Queensland. Já tenho a confirmação de julgar um WQS este ano aqui na Austrália, só não sei qual ainda.

 

E a história de também ser técnico de surf, como é esse projeto?

 

Paralelo ao trabalho como árbitro darei início a minha certificação como técnico nos próximos dias 12 e 13 de abril, pela Surfing Australia, provavelmente aqui na Gold Coast ou North New South Wales. A intenção é implementar o projeto de intercâmbio de atletas, principalmente da nova geração na preparação para competições internacionais, principalmente os Pro Junior, que são a base para o WQS e WCT. Tenho contatos, conhecimentos técnicos e estrutura física para desenvolver este projeto. Só falta a certificação, que deve ser concluída até o final de maio.