Koxa e Alemão

Páscoa em dose dupla

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Alemão de Maresias encara uma bomba sinistra na Ilha de Páscoa. Foto: Akiwas.

A primeira vez que vi uma matéria na Ilha de Páscoa foi numa revista Surfer, no final dos anos 80. Carlos Burle e o Jojó  estavam na matéria de Rapa Nui.

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Eram ondas grandes, principalmente algumas fotos do então garoto Carlos Burle. O Jorge Pacelli também investiu por lá algumas vezes no passado. Rapa Nui é um lugar místico, distante, isolado e repletos das estatuas gigantes, os  “moais”.

 

Não se sabe ao certo, existem algumas  hipóteses sobre como os grandes “moais” foram construídos e levados até os mais diversos pontos da ilha. A ilha desperta interesse em diversos ufólogos.

 

Rodrigo Koxa passa por dentro do túnel. Foto: Akiwas.

Antigamente você marcava uma barca com uma revista, agilizava um fotógrafo e os parceiros, embarcava para algum pico de ondas e ia rezando para dar sorte e quebrar boas ondas . Era loteria e rolava muita frustração. 

 

Eu já cheguei a ir de moto de Bali até Desert Point na primeira vez e não vi onda nenhuma. Era fácil acontecer isso. Hoje, com as previsões da internet, é  muito mais fácil fazer acontecer a combinação perfeita para um surf de alta qualidade : estar na hora certa no lugar certo.

Recentemente, Alemão de Maresias e o Rodrigo Koxa fizeram uma trip para lá, instigados pela previsão de um swell monstro pela internet.

 

Foi o Koxa quem deu a pilha e o Alemão, que tem um conhecimento bom da ilha com quatro temporadas por lá, topou embarcar para a sua quinta viagem a Rapa Nui em busca de um big swell com o fotógrafo Akiwas. 

 

Koxa em busca de mais uma série nada amigável. Foto: Akiwas.

A idéia era surfar um point secreto, que quebra gigante e somente com uma certa direção do swell. O swell foi grande, mas mudou um pouco a direção prevista e a dupla, com o jet-ski de dois locais amigos do Alemão, Rene e Wilo, fez tow in no dia grande e surfou na remada no dia seguinte.

Segundo Koxa, os locais os receberam super bem e foi bonito ver a amizade que o Alemão tem com os Rapa Nui. Depois dos cumprimentos, a dupla se instalou na casa da avó de Wilo.

 

Com o swell chegando, resolveram alugar um carro para ficarem em contato com as melhores condições de surf na ilha.

Koxa comentou também que os picos de surf em Rapa Nui são sinistros. Ficam em frente a paredões de pedras e são cheios de ouriços. Muitas ondas perfeitas, de 1 a 6,5 metros, rodeiam a Ilha sem ninguém para surfá-las.

 

Alemão à vontade no canudo. Foto: Akiwas.

“Isso se torna compreensivo quando enxergamos enormes pedras puxando para fora da água. Por isso trata se de um surfe com extrema cautela e precisão”, conta Koxa.

“Os locais surfam várias ondas da região, mas os melhores tubos, aqueles secos com baforadas, quebravam sozinhos pela ilha e sempre que eu perguntava de alguma onda quebrando, escutava como resposta: ‘Vai lá, amigo, elas estavam esperando você chegar! (risos)’”.

 

Os Rapa Nui têm muito respeito pelas ondas, pela ilha e por seus ancestrais, que para eles, estão presentes a todo tempo e em todos os lugares.

 

“Nossa idéia era surfar uma onda rara que só quebra quando a ondulação passa dos 6,5 metros na direção e vento certos. Como os mapas da web previam ondulação de 10 metros por 17 segundos, cerca de 10 metros de altura, estávamos certos de que a onda quebraria. O tamanho era suficiente, mas a direção da ondulação mudou na última noite e surfamos a “rebarba” deste swell em um outro pico alucinante da região, que os nossos amigos locais Rene e Wilo nos levaram”, conclui Koxa.

 

Segundo Alemão de Maresias, toda trip tem seu grau de ansiedade. “Surfar ondas de mais de 6 metros, em um lugar desconhecido e junto de poucos amigos, é inexplicável. Além de estar numa ilha, a mais de 3 mil quilômetros do continente mais próximo e com o oceano Pacifico em nossa volta. Quanta expectativa nos rodeava?”, indaga Alemão.

 

Eles chegaram dois dias antes do swell. Foi o tempo para agitar o jet com Rene, preparar as pranchas e rezar para dar tudo certo.

 

“O grande swell chegou com hora marcada na ilha, batendo primeiro do lado da cidade com tanta força que chegou a virar muitos barcos no porto principal. O agravante para surfar deste lado da ilha foi a direção do vento que estava ruim, deixando o mar storm, chegando a dar ondas de mais de 10 metros e vento de mais de 30 nós”, comenta o surfista de Maresias.

“Isto nos obrigou a surfar uma onda bem conhecida, mas pouco explorada. É uma esquerda que quebra em frente às pedras, perfeita para o tow-in. Ela é muito volumosa e só funciona se o mar estiver acima de 4,5 metros Como estava terral, foi com certeza o melhor pico para surfar na ilha”, finaliza Alemão.

 

As fotos falam mais do que qualquer palavra e elas estão ai para ilustrar essa trip na lendária illha de Rapa Nui.

 

Fonte Blog do Koxa