Paulo Eduardo Aasgaard, o Pauê, superou as dificuldades e virou símbolo de garra e determinação. Foto: Arquivo pessoal. |
Para muitos, poderia ser o final da vida, mas para o santista Paulo Eduardo Chieffi Aagaard, o Pauê, foi o início de várias batalhas, todas vitoriosas, simbolizando força, garra na superação de limites, novos desafios.
Hoje, ele voltou a surfar, também nada e pedala, e já foi até campeão mundial de triathlon na categoria amputados bilateral, no final do ano passado, em Cancun.
Lutando pela evolução do esporte adaptado, independente de modalidade, tenta difundir a importância da responsabilidade social na integração desses atletas no meio, atuando como um ?embaixador? dos portadores de deficiência física.
?Além de integrar socialmente, o esporte é capaz de estimular e desafiar, propiciando novos conhecimentos e auto-estima?, diz Pauê, que ganhou mais motivação ao participar dos Jogos Abertos do Interior, em Santos, competindo na natação, nos 50 e 100 metros livre.
Pauê foi campeão mundial de Triathlon na categoria amputados bilateral. Foto: Divulgação. |
?Falei da importância da prática esportiva para um deficiente e ainda mais a inclusão nos Jogos Abertos?, conta o atleta, que está com 21 anos.
?Estou batalhando pela importância da inclusão, sobre o que ainda precisa melhorar, como as divisões por nível de deficiência, o incentivo, para que outros atletas participem como forma de estímulo, superação. O Miguel Pires, organizador dos Jogos Abertos me deu essa responsabilidade de estar desenvolvendo campanhas de conscientização, motivando as pessoas que não tem uma orientação do esporte possam estar conhecendo melhor a atividade e perceber os efeitos benéficos na sua vida?, acrescenta Pauê.
Para ele, outro ponto fundamental na difusão foi o evento Paratodos, promovido pela TV Tribuna, onde foi destaque, passando uma mensagem de força e ânimo para as pessoas: ?Eu até hoje aprendo muito com tudo o que me aconteceu?. Ele também mostrou a importância do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte) no desenvolvimento de um trabalho que dá abertura ao deficiente estar praticando uma modalidade.
?Fui o pioneiro na Unimonte em questão de esporte adaptado e hoje vejo muitas pessoas se interessando e procurando saber mais como participar e estar ligado a esse meio. Todo o espaço que venho conquistando se deve ao esporte, que num certo dia se tornou um dos meus apoios?, diz.
Entre os projetos futuros de Pauê para difundir a importância do esporte adaptado está o desenvolvimento de um livro. ?Vou contar toda a trajetória da fatalidade que me tirou as pernas e os fatos que se desencadearam, com o incentivo da prática esportiva. Dentro do esporte, ainda quero conseguir realizar muitos desafios, como o Ironman e as Paraolimpíadas?, afirma Pauê, que estuda Fisioterapia (4º ciclo) na Unimonte, onde pretende se aprofundar no trabalho de reabilitação com deficientes.
Ainda para esse ano, a idéia é conseguir um bom resultado no Pan-Americano de Triathlon, no próximo dia 9, no Rio de Janeiro, e conseguir disputar o Mundial, na Nova Zelândia, em dezembro.
?Uma outra adaptação que venho fazendo e vendo resultados é no surf, onde consegui um novo estilo de surfar. Faltam acertar muitos detalhes, mas já consigo pegar uma onda com fluidez, realizando manobras?, comenta.
Para ele, o importante é a participação de empresas do segmento, reconhecendo o valor do esporte adaptado no meio. ?A Rubber Sticky sempre preparou tudo que eu precisei em equipamento. O Paulinho, da AntiQueda, foi também muito importante para mim, no sentido de estimular desde o início. E tem o Almir Salazar que faz as minhas pranchas?, destaca o surfista, que também atua como garoto-propaganda de uma rede de surf shops, a Hot Point, numa campanha com o tema “Sem Limites”.
?Espero servir de exemplo para todos que ficam desanimados com algum problema que enfrentam na vida. Eu não desisto nunca. Estou sempre pronto a superar desafios e sei que ainda tenho muito o que fazer?, relata Pauê, que já mostrou raça durante a sua recuperação, após o acidente e três meses depois já começava a voltar a andar, quando o médico Nelson D? Luccia, especializado em cirurgias de amputação, conseguiu as próteses. ?No começo foi difícil, precisei de muletas, mas daí foi calejando e peguei o jeito?, lembra.