Bicampeão

Paulino Top Junior

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Pablo Paulino durante visita ao site Waves em Sampa. Foto: Mariano Kornitz.

Ver a bandeira brasileira no alto do pódio. Foi com esse pensamento que o cearense Pablo Paulino encarou as disputas do Billabong World Junior, que rolou entre os dias 3 e 6 de janeiro em North Narrabeen, Austrália.

 

O resultado não podia ser melhor. Paulino voltou para casa com o bi-campeonato mundial sub-21 na bagagem.

 

Já no Brasil, o cearense aproveitou sua passagem por São Paulo (SP), para visitar a redação do site Waves e falar um pouco sobre a recente conquista, bem como do início da carreira e ainda revelar alguns planos para 2008.

 

Paulino faturou o título em sua última participação no mundial da categoria e anuncia que nesta temporada vai mergulhar de cabeça no WQS, de olho em uma vaga na elite do surf mundial.

 

Pablo Paulino solta o pé na disputa do Billabong World Junior 2008. Foto: ASP / Covered images.

Durante toda a competição na Austrália, o cearense mostrou um excelente preparo físico e atropelou seus adversários, apresentando um alto nível de surf em todas as baterias.

 

?Fiz um trabalho de preparação física junto ao Pedro Robalinho durante o ano todo. Mas em um certo momento confesso que relaxei um pouco nos treinos e com isso ganhei alguns quilos e perdi um pouco do meu condicionamento. Já no final do ano eu dei um gás no treinamento para chegar ao mundial com força total. Graças a Deus o resultado foi positivo?, explica o cearense.

 

Além da garra de sempre, o cearense afirma que a vibração da torcida brasileira foi fundamental para a conquista do título.

 

?Quando o Mineirinho levou a virada na última onda e foi eliminado, coloquei na minha cabeça que não poderia decepcionar a torcida brasileira. O Guigui (Wiggolly Dantas) e o Charlie Brown me apoiaram bastante. Pensei muito na galera que acompanhava o campeonato de longe, pela internet, e isso me motivou bastante para seguir firme na briga?, diz.

 

?Tinha tanto brasileiro na torcida que parecia que eu estava em casa. Fiquei muito à vontade para competir. Preciso agradecer muito o apoio que recebi de todos. Isso com certeza me deu um gás a mais para vencer?, comenta.

 

No começo da carreira, ainda na categoria Iniciantes do Circuito Brasileiro Amador, Pablo e o paulista Adriano Mineirinho travaram duelos espetaculares. Porém, o cearense perdeu o patrocínio e ficou um tempo afastado das competições.

 

?Na época do brasileiro amador eu fui punido por dois anos devido a uma atitude indisciplinar durante a competição. Como era uma disputa por equipes, eu apenas queria representar meu estado da melhor maneira possível. Mas os juízes interpretaram de uma forma diferente?, lembra o cearense.

 

?Naquele momento fiquei bastante desacreditado e pensei seriamente em abandonar as competições. Mas isso não atrapalhou minha carreira. Apenas serviu como mais uma lição?, completa.

 

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Pablo Paulino ergue a bandeira brasileira no lugar mais alto do pódio. Foto: Cris Domingues.

A falta de apoio foi a principal barreira que o surfista cearense enfrentou no início da carreira. Mas depois de muito esforço seu talento foi reconhecido.

 

?Naquela época eu só contava com apoio da minha mãe e da Tita Tavares. Eu achava que as marcas de surfwear eram um pouco preconceituosas em relação aos surfistas nordestinos. Com o tempo isso mudou, e atualmente acredito que as marcas patrocinam os melhores atletas do Brasil, independente o estado de origem de cada um?, comenta.

 

Foi então que Pablo resolveu sair do Ceará e partir para o Rio de Janeiro com o sonho de seguir carreira como surfista profissional.

 

?O shaper Thiago Cunha me deu a maior força e me convidou para morar no Rio. Ele disse que me daria total apoio, então resolvi sair de casa e fui pra lá. Foi um momento decisivo em minha vida, pois deixei minha mãe no Nordeste e fui atrás dos meus sonhos?, narra.

 

Sobre o sonho de disputar o WCT e enfrentar a elite do esporte, Paulino confessa que ainda faltam alguns detalhes. ?Acredito que estou pronto sim, mas ainda preciso aprender muito, além de treinar mais em picos como Teahupoo, Indonésia e Hawaii para ficar bem à vontade na hora de pegar ondas pesadas e tubulares?, conta.

 

Muitas vezes, as disputas na água são bastante acirradas e os atletas acabam se desentendendo. Paulino diz que isso é normal em qualquer modalidade esportiva, mas procura evitar atritos e mantém sempre uma postura profissional.

 

?Quando venci o mundial pela primeira vez, o australiano Ben Dunn era um dos favoritos ao título, mas eu consegui eliminá-lo no terceiro round. No meio da bateria ele começou a me marcar e a me xingar. Até tentou cuspir em mim. Esse lance me deixou bastante chateado, pois sempre gostei do surf dele e nunca tive nada contra ele?, informa.

 

?Acho que todos os atletas deveriam se respeitar. Não deveria acontecer esse tipo de coisa entre surfistas de nenhuma nacionalidade?, filosofa.

 

Ao ser indagado sobre a recente polêmica do caso Jihad, Paulino alega profissionalismo. ?Eu fico um pouco triste porque sou muito amigo do Jihad. Ele deu um gás e surfou bem o ano todo, quebrou mesmo. Mas nós surfistas sabemos que não podemos passar por cima do livro de regras da Abrasp ou ASP. Acredito que a punição foi justa?, declara.

 

Em relação ao equipamento, Paulino explica a situação no momento. ?Como estou sem patrocínio de pranchas, fiz algumas com diferentes shapers no Brasil. Já ouvi dizer que as pranchas fabricadas por Ricardo Martins são as melhores. Usei no mundial e realmente são excelentes. Mas existem pranchas muito boas por aí, como as do Thiago Cunha e as de Udo Bastos, que produziu um quiver para eu levar ao mundial em cima da hora?, relata.

 

Já para a temporada 2008, Paulino conta que ficará um pouco afastado das disputas do Circuito Brasileiro Profissional e que seu foco principal serão as etapas do WQS. ?Além de participar dos trials dos eventos patrocinadas pela Billabong no WCT, este ano vou priorizar o circuito WQS e pretendo fazer algumas surf trips?, revela o cearense.

 

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Paulino é bicampeão na Austrália