Paulo Moura é o Brasil em Pipeline

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Paulo Moura é o único representante do Brasil no Rip Curl Pro Pipeline Masters 2004. Foto: ASP World Tour/Tostee.
Depois de dois adiamentos devido ao enorme swell que atingiu o North Shore de Oahu nos dois últimos dias, as ondas diminuíram um pouco e os tubos voltaram a rodar em Banzai Pipeline para o reinício do Rip Curl Pro Pipeline Masters.

 

Num dia decisivo para os brasileiros, só o pernambucano Paulo Moura se classificou para as quartas-de-final e continua buscando um lugar no seleto grupo dos Top 16 da temporada.

 

Já o niteroiense Guilherme Herdy e o cabo-friense Victor Ribas não passaram pela repescagem e perderam suas vagas na elite do surfe mundial, assim como o baiano Armando Daltro, que já não tinha chances de classificação.

 

Para piorar, o havaiano Bruce Irons, que há dois dias venceu o Eddie Aikau Invitational nas ondas gigantes de Waimea Bay e na sexta-feira arrancou a segunda nota 10 do dia nos tubos de Banzai Pipeline, pode tirar o pernambucano Bernardo Pigmeu da lista dos 15 que sobem pelo WQS. A decisão acontece neste sábado.

 

O niteroiense Guilherme Herdy marcou a estréia do Brasil na sexta-feira. Ele disputou a segunda bateria do dia e numa queda acabou estourando o mesmo tímpano que havia perfurado ano passado no Tahiti. Teve que sair do mar para ser medicado e não pôde continuar na briga para confirmar sua permanência no WCT.

 

Herdy ingressou na divisão de elite do surfe mundial em 1995 e sua melhor temporada foi em 2000, quando terminou em 12o lugar no grupo dos Top 16 da ASP. Ele já tinha feito uma semifinal em Pipeline e poderia entrar na lista dos 27 que são mantidos pelo ranking principal, mas acabou barrado pelo australiano Kieren Perrow e pelo havaiano Mikey Bruneau.

 

Outro havaiano que está competindo como convidado no Rip Curl Pro Pipeline Masters também venceu a disputa seguinte. O veterano Luke Egan passou em segundo, atrás de Pancho Sullivan, com o cabo-friense Victor Ribas despedindo-se do WCT em último lugar na bateria.

 

Vitinho entrou no WCT em 1994, no ano seguinte conquistou a sexta colocação no ranking da temporada e foi o terceiro melhor surfista do mundo em 1999, até hoje a melhor posição do Brasil na divisão principal do ASP Tour. Só que em 2000 ele perdeu sua vaga na elite e voltou em 2002 para sair de novo agora.

 

Na quarta bateria da sexta-feira, veio a primeira classificação verde-amarela na repescagem, até porque eram três brasileiros contra o australiano Darren O-Rafferty, que acabou vencendo a disputa. Na briga pela segunda vaga, o paranaense Peterson Rosa foi melhor que o niteroiense Bruno Santos e o potiguar Marcelo Nunes.

 

Além de Peterson, o outro único a passar pela repescagem foi o pernambucano Paulo Moura, que se classificou atrás do australiano Jake Paterson na bateria que o baiano Armando Daltro também se despediu do WCT em último lugar na bateria.


Mandinho quase confirmou sua vaga pelo WQS e essa também é a segunda vez que ele não consegue se manter na elite do surfe mundial. Sua estréia no WCT foi em 1997 e em 2000 saiu para voltar no ano passado, mas agora caiu de novo. Ele e Ribas vêm competindo na raça, sem patrocinador principal e viajando apenas com apoios e principalmente com o dinheiro que recebem de premiação nos campeonatos.

 

Com a saída de Ribas, 33 anos, de Herdy, 30, e de Daltro, 31, o Brasil no momento tem apenas seis surfistas confirmados para o WCT do ano que vem: Peterson Rosa (PR), Paulo Moura (PE), Raoni Monteiro (RJ), Neco Padaratz (SC), Marcelo Nunes (RN) e Renan Rocha (SP), que recuperou sua vaga depois de um ano de ausência na elite.

 

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Kelly Slater roubou a cena mais uma vez no mais tradicional evento do circuito mundial. Foto: ASP World Tour/Tostee.
No encerramento do WQS, o pernambucano Bernardo Pigmeu tinha terminado em 15o lugar na lista dos 15 que a divisão de acesso indica para completar o grupo dos Top 42 do WCT.

 

Só que ele dependia do resultado do Rip Curl Pro Pipeline Masters para confirmar a sua entrada e agora o havaiano Bruce Irons pode conquistar sua permanência entre os 27 que são mantidos pelo WCT no lugar do australiano Richard Lovett, que assim terá que usar a nona colocação no ranking final do WQS, tirando a vaga que seria do Pigmeu.

 

Irons precisa ainda terminar entre os cinco primeiros colocados em Banzai Pipeline, mas depois do inédito título conquistado nas ondas gigantes de Waimea Bay e da nota 10 que arrancou dos juízes logo em sua primeira onda surfada na terceira fase na sexta-feira, é difícil apostar que ele não consiga atingir este objetivo.

 

Mesmo assim, a torcida continua, até porque ele terá um difícil confronto nas quartas-de-final, contra o melhor surfista no Pipe Masters deste ano até agora, Kelly Slater, o líder da Tríplice Coroa Havaiana, Phillip MacDonald, e o convidado havaiano, Pancho Sullivan.

 

E o hexacampeão mundial Kelly Slater continua sendo o dono do espetáculo na estréia da Rip Curl como patrocinadora do Pipeline Masters. Em sua primeira apresentação já tinha registrado o recorde de 19,10 pontos de 20 possíveis e na sexta-feira ampliou esta marca para incríveis 19,83 pontos.

 

Assim como na primeira vez, ele usou todo o potencial do maior palco do esporte. Recebeu um 10 unânime dos cinco juízes num tubaço nas direitas do Backdoor e depois tirou uma nota 9,83 nas esquerdas de Banzai Pipeline. O carioca Raoni Monteiro disputou esta bateria e foi barrado pelo havaiano Pancho Sullivan, junto com o australiano Richard Lovett, que já caiu para o 27.o lugar no ranking e ainda pode ser ultrapassado por Bruce Irons.

 

A verdadeira aula de Slater de como se posicionar em Banzai Pipeline foi apresentada logo depois da eliminação do tricampeão mundial Andy Irons, que nos dois últimos anos venceu a Tríplice Coroa Havaiana e o Pipe Masters, sempre o derrotando na grande final. Irons agora vai ter que passar a coroa ou para o australiano Phillip MacDonald ou para o havaiano Sunny Garcia, que vai disputar a primeira quarta-de-final com os australianos Toby Martin e Luke Egan e o brasileiro Paulo Moura.

 

O pernambucano ganhou a primeira bateria da terceira fase na segunda disputa do dia formada por três brasileiros e um australiano. Assim como na repescagem, o único estrangeiro avançou, com Toby Martin eliminando Peterson Rosa e Neco Padaratz.

 

Peterson estava na briga para melhorar sua nona colocação no ranking e o primeiro bicampeão mundial consecutivo da história do WQS buscava um lugar entre os 27 do WCT para confirmar de vez o ingresso de Bernardo Pigmeu na elite mundial.

 

Não conseguiu e agora toda a torcida é para que Bruce Irons não termine entre os cinco primeiros colocados no Rip Curl Pro Pipeline Masters para o Brasil ter sete representantes no WCT do ano que vem.

 

Rip Curl Pro Pipeline Masters – Quartas-de-final

 

1 Paulo Moura (Bra), Toby Martin (Aus), Sunny Garcia (Haw) e Luke Egan (Aus)
2 Dean Morrison (Aus), Mark Occhilupo (Aus), Kalani Robb (Haw) e Tim Curran (EUA)
3 Kelly Slater (EUA), Pancho Sullivan (Haw), Bruce Irons (Haw) e Phillip MacDonald (Aus)
4 Jamie O-Brien (Haw), CJ Hobgood (EUA), Shane Beschen (EUA) e Cory Lopez (EUA)