O’Surfe

Pedro Muller leva a experiência

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Pedro Muller (agachado à dir.) interage com alunos do CT no Recreio dos Bandeirantes (RJ). Foto: Luciano Cabal.

No último dia 17 de novembro, estudantes do Centro Internacional de Educação Integrada (CIEI) e a equipe de atletas da O’Surfe participaram de uma experiência criativa e inovadora no campo social.

Este primeiro contato entre jovens de classes e níveis de instrução tão diferentes foi bastante agradável e emocionante, na medida em que todos têm muita vontade de progredir e aprender coisas novas.
 
“Estou muito empolgado com as aulas e espero aprender bastante com eles e mostrar o que temos de melhor como a praia e o surf. Meu maior interesse é aprender a falar outras línguas, como o inglês, vou dar o meu máximo não só para aprender, mas para ensinar”, comenta Barnard Leone, 15, atleta O’Surfe.
 
A ideia é promover uma troca de conhecimentos entre os adolescentes para aulas de surf e reforço escolar. De acordo com a professora do CIEI Isabela Belete, a proposta da escola é identificar alunos da O’ Surf que precisem melhorar suas notas. Ao mesmo tempo, os alunos do reforço escolar irão ensinar surf para os seus professores.   
 
“É uma troca, em que os estudantes do CIEI poderão aprimorar os conhecimentos do mar. Neste trabalho, cada um tem algo para ensinar e aprender”, explica Isabela, coordenadora da visita.
 
Quem sabe mais e tem mais, ensina quem sabe menos e tem menos, em troca aprende a surfar e assimila os valores do surf. É mais ou menos este o espírito da cooperação que norteia 12 alunos do primeiro ano do Ensino Médio, entre 14 e 16 anos, da única escola internacional do Recreio do Bandeirantes, Rio de Janeiro (RJ).
 
“Vou me sentir bem ensinando o que sei para quem precisa melhorar seus estudos, sabe menos que eu, é como se eu adotasse um aluno, um amigo, para crescer e se realizar pelo conhecimento junto comigo”, diz Carlos Tadeu, aluno do CIEI que se prepara para a abordagem aos seus colegas instrutores do surf.
 
As aulas de reforço será toda semana em matérias em que os estudantes se sentem mais fortes, como música, matemática, informática e desenho. E, na troca, vão receber aulas de surf na sede do clube O’ Surf e na praia, enfrentando e descobrindo o mar e o prazer de navegar numa prancha.
 
De acordo com o professor de matemática Marcelo Rosa, os alunos do CIEI passarão por uma experiência completamente nova, pois mesmo com uma vida financeira bastante confortável, eles vivem ilhados em seus condomínios e não têm liberdade de ir e vir como os jovens atletas.
 
“Eles não podem ter acesso a coisas simples, como ir descalço surfar, por exemplo. O projeto das escolas internacionais obriga os alunos a ter esta interatividade com pessoas de outras classes sociais. O trabalho social é obrigatório, faz parte da grade curricular e, com isso, a didática se torna mais interessante por conta destes paradoxos e as crianças acabam enxergando o mundo de outra forma, mais humana”, explica o professor Marcelo.
 
CIEI É a única escola do Recreio filiada ao IB, uma organização de educação internacional sediada na Suiça, desde 2002.
 
Atualmente existem mais do 2.700 escolas em 138 países, que podem se chamar de IB World School. No Brasil, são 14 instituições autorizadas e apenas três escolas no Rio de Janeiro, sendo elas o CIEI, a Escola Americana e a British School.
 
Para ser uma IB World School, a escola passa por rigorosa avaliação, reavaliação e os professores participam de constantes atualizações.
 
Pedro Muller incentica atletas da O´Surfe Um dos grandes ícones do surf profissional brasileiro, Pedro Muller, esteve presente no Centro de Treinamento O’Surfe, no último sábado, para levar um pouco da sua experiência aos alunos do CT que estão se dedicando às competições.
 
Em palestra, que reuniu toda a equipe de atletas e professores do projeto, Pedro abordou temas como os estudos, as drogas e falou um pouco da sua trajetória como surfista profissional, além de dar muitas dicas para os novos surfistas.
 
Também estiveram presentes representantes do E-Solidário, rede social que promove o encontro de necessidades com oportunidade por meio da publicação de Lista de Pedidos e Cesta de Doação de produtos e serviços. As doações são feitas por meio dos Amigos Solidários que se cadastram no site, com livre acesso as funcionalidades da rede podendo assumir papéis de participante, doador, voluntário ou responsável por projeto social.
 
Dicas do Águia Com olhares compenetrados os pequeninos puderam ouvir um pouco dos ensinamentos de um dos grandes mestres do surf. Segundo Pedro, hoje em dia existem muitas facilidades para quem deseja seguir a carreira no surf profissional.
 
“A minha dica para quem está começando é que não abandone os estudos, é muito importante saber falar bem, falar inglês fluente e pensar no futuro porque ele chega. Quatro horas de treino diário já é o bastante para se preparar para as competições, mas sobra muito tempo para os estudos. Ficar na praia sem ter o que fazer acaba tirando do foco. Estar em na sala de aula, em um curso acaba lhe dando mais motivação para vencer. Tem que saber usar a cabeça e balancear o tempo de vocês”, diz Pedro que também doou pranchas para o projeto.
 
“No início da minha carreira como profissional e até quando comecei a surfar era muito difícil ter acesso a bons equipamentos, o contrário de hoje. Na década de 80, para encomendar uma prancha tinha que esperar o shaper ter aquela inspiração e, muitas vezes, levavam-se meses até conseguir pegá-la e isso atrasava muito a vida do surfista. Hoje em dia existem muitas facilidades para quem deseja seguir essa carreira, pois o comportamento, o esporte, está mais profissional com diversos elementos como a internet, por exemplo, que transmite as competições em tempo real”, lembra o campeão Muller que também é conhecido como o Águia.
 
Pedro Muller é um dos grandes ídolos do surf brasileiro, nas décadas de 80 e 90, não só pelo seu surf, mas pela pessoa que é. Para ele, o mais importante é não desistir dos estudos por ser  uma carreira de vida muito curta.

 

“Eu não consegui conciliar o surf com os estudos e hoje sinto muito falta de um curso superior. Eu tive sorte por ter seguido a carreira de surfista profissional pelas viagens, os prêmios, os lugares e pessoas que conheci, mas me arrependo de não ter cursado uma faculdade”, explica.

 

Fatores como disciplina, dedicação e comportamento também foram abordados por ele durante o encontro. “Outro fator muito importante é a disciplina. Não adiantam ir para a balada, se encher de drogas, bebidas e querer ser um campeão. As drogas minam as nossas forças e o desempenho. É claro que não precisa só pensar em treino, pode-se perfeitamente separar o final de semana para fazer outras atividades como ir ao cinema, teatro. Deve-se saber administrar a vontade de surfar. Com certeza o maior barato é pegar onda, não existe droga que proporcione o prazer de surfar”, finaliza Pedro Muller.

Para conhecer e participar do projeto acesse o site E-Solidário. Clique aqui para visitar blog da O’Surfe.

 

A repórter Viviane Freitas tem apoio da Nicoboco.