Galera explora pico localizado ao Norte do Peru. Foto: Anselmo Venansi. |
Estava fotografando quando no meio da conversa com Guilli surgiu a idéia de fugir para o Peru no feriadão. Como todos sabem, o crowd durante esses dias de folga é insuportável.
Nada melhor do que escapar para um lugar onde além de ondas longas e perfeitas, elas quebram na maioria das vezes sozinhas, ou com pouca gente na água.
Guile Johannpeter manobra com pressão. Foto: Anselmo Venansi. |
A saída de Sampa foi um caos. Meu vôo era às 9 horas da quarta-feira, dia 25. Infelizmente, coincidiu justamento no dia em que a cidade foi inundada pela enchurrada, fazendo com que as pistas que levam ao aeroporto ficassem intrafegáveis.
Ou seja, foi uma verdadeira odisséia chegar em Cumbica. Mas, graças a Deus cumpri a primeira missão. Cheguei sozinho em Lima, onde esperei os outros integrantes até o dia seguinte. Aproveitei então para dar um rolê básico em Miraflores, bairro nobre de Lima, e fui saborear um bom ceviche (prato feito à base de peixe) com cervejinha gelada.
Deu um check na internet e percebi que o swell estava chegando com uma boa intensidade. Isso me fez descansar e sonhar com as ondas que o Guilli já havia surfado ao Norte. A rapaziada chegou no dia seguinte e diretamente pegamos um vôo para onde a base seria montada. Nossa equipe estava formada pelos surfistas Guile, Guillão, Felipe, Rubão, Guga, Amir e Pedrinho.
Chegamos no final de tarde e seguimos em dois carros até o destino final. Acordamos e saímos para checar o surf, mas o swell ainda estava chegando. A galera aproveitou para colocar os foguetes na água para se acostumar com a remada, que não é nada fraca.
A vantagem do Peru em relação a outros picos é sua constância. Sempre tem onda! Muitas vezes pequenas, mas sempre rolam. E as ondas de meio metro, por menores que pareçam, também são muito divertidas.
Na final do segundo dia, a galera saiu para jantar e, como não rola muita escolha, seguimos até uma polleria, onde servem galetos assados.
Os frangos são preparados no estilo “TV de cachorro”: ficam em um espeto rodando e os cachorros ficam parados na frente babando. Eles olham os frangos rodando como se fosse um jogo de futebol.
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Caballito de Totora recorda os primórdios do surf. Foto: Anselmo Venansi. |
Quando chegamos ao hotel, localizado na frente do mar, sentimos que o barulho das ondas estava mais forte.
Fomos dormir cedo, pois o horário programado para acordar ainda seria escuro. No entanto, durante à noite, as papas e o pollo realmente não caíram bem, fazendo com que começasse o meu calvário. E passei muito mal durante toda aquela noite.
Guilão Gomes rabisca a parede. Foto: Anselmo Venansi. |
Depois de dois dias surfando ondas com meio a um metrinho, finalmente chegou o dia de a rapaziada degustar aquela quilómetrica esquerda – só que desta vez com 1,5 metros.
Fiquei impressionado quando o molecada caiu na água e, logo na primeira onda, deu para notar que por ela quebrar muito outside, o tamanho era maior do que parecia da praia.
Como em um passe de mágica, o sol já estava presente desde o amanhecer – fato muito raro no Peru, que na maioria das vezes apresenta uma neblina com o sol escondido por trás. Naquela manhã tudo estava perfeito, com muita luz e altas ondas.
Eu francamente só havia presenciado uma onda tão longa em Jeffrey’s Bay. Porém, aquela esquerda era algo que eu não imaginava existir tão perto do Brasil! A cada onda surfada, a galera levava 15 minutos caminhando de volta até chegar aonde eu estava posicionado fotografando.
Nunca vi uma onda tão boa para se treinar cutbacks. Como todos em nossa galera era goofy, as batidas jogavam muita água e os reentrys na base davam a impressão de que o tamanho das morras dobrava. Lá pelas 9 horas chegou um grupo de brasileiros do Nordeste para dividir o pico conosco. Aquela onda é uma máquina.
Mesmo com o crowd tem ondas para todos. A máquina não pára. Lá pelas 10 horas, o pico estava sendo surfado por brasileiros, peruanos e até por alguns gatos pingados californianos.
Todos fizeram a cabeça. A rapaziada saía a quase um quilômetro de onde eu ficava -com a água e as bananas. Eles até tomaram a decisão de alugar uma moto-táxi para buscar a rapaziada no final de cada onda.
Terminamos a session por volta das 13:30 horas e saímos correndo para o hotel. A galera estava em êxtase, pois todos surfaram ondas de sonho. Na última onda comecei a notar que as manobras já não tinham a mesma pressão e os cutbacks saíam em dois tempos. Mas, também imaginem: 10 cutbacks em uma só onda!
Foi um dia mágico e certamente inesquecível na vida de quem participou da session.
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