Gabriel Sodré

Pés descalços em Nias

0

Depois de vinte dias em Bali, segui viagem em busca das ondas perfeitas. O destino escolhido foi Nias, ilha localizada ao Norte de Sumatra, Indonésia.

 

A viagem até o pico já é o começo da aventura. São três voos e um dia inteiro perdido. De Bali para Jacarta (capital da Indonésia) são aproximadamente duas horas. Depois é necessário outro voo para Medan (mais duas horas) e, por fim, um pequeno avião de Medan até Gunung Sitoli que dura 50 minutos.

 

Já no aeroporto de Gunung Sitoli ainda é preciso pegar um transporte até Lagundri Bay, onde se encontra Sorake Beach (a famosa direita de Nias). Este percurso do aeroporto até a onda dura em média três horas e custa uns US$ 50.

 

Como na maioria das surf trips, os perrengues começaram a aparecer. Depois de viajar um dia inteiro pelos aeroportos loucos da Indonésia, onde muitas vezes a comunicação era na base da mímica, cheguei ao paraíso e notei que minhas pranchas não. Ninguém me falou que havia limite no tamanho das pranchas para embarcar no pequeno avião que faz o trecho Medan-Gunung Sitoli.

 

Como pretendia passar no mínimo um mês em Nias, levei meu “capão” com seis pranchas. Assim começou uma torturante espera, que durou quatro dias até finalmente conseguirem embarcá-las. Foi desesperador, Nias com altas ondas e eu sem prancha.

 

Estava de frente para a onda que sempre sonhei e não tinha nem previsão de quando meu quiver chegaria. Por sorte, havia um grupo de paulistas na mesma pousada do que eu. Dois deles me salvaram e emprestaram suas pranchas até as minhas finalmente chegarem.

 

Agora vamos às ondas. Logo na primeira semana, um ótimo swell encostou com ondas que chegavam aos 2,5 metros. Como a previsão era muito boa, vários surfistas famosos foram conferir de perto. Entre eles estavam Jamie O’Brien, Makua Rothman, Ian Walsh, entre outros.

 

Este swell foi incrível, todos pegaram altas ondas. Fui premiado com a onda da temporada até o momento, uma bomba de quase 3 metros. Fiz o drop atrasado e peguei um dos melhores tubos da minha vida. Fiquei muito feliz, quando saí do mar várias pessoas vieram falar comigo e me cumprimentar pela onda.

 

Durante o tempo que fiquei por lá, amigos chegaram e juntaram-se à barca. Os primeiros foram Eric de Sousa e Rafinha Paiva (que veio a falecer algumas semanas depois em um acidente de moto em Bali). Pegamos altas e demos muitas risadas com as brincadeiras que Rafael fazia o dia todo.

 

Algum tempo depois, de olho em um grande swell que se aproximava, chegaram o fotógrafo Pedro Tojal e sua namorada, a videomaker Bombom, além dos surfistas Stanley Cieslik e Ian Cosenza.