Joca Secco

Equação entre peso e potência

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Joca preparou o arsenal 2016 de Bruno Snatos para os tubos. Foto: Arquivo pessoal.

 

Joca Secco, um dos três pilares da Wetworks, conversou com a gente sobre a perspectiva para o evento, mercado e detalhes interessantes sobre pranchas para “surfistas normais”. Já pensou na relação entre peso e potência?

 

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TBTS – Já sabemos que a Wetworks participará da The Board Trader Show.

 

Joca Secco – Estaremos lá. Ricardo Martins, Claudio Hennek e eu, levando também as pranchas Pyzel e Super. Há muito tempo não temos nada acontecendo nesse sentido no Brasil. As revistas perderam força, talvez até por conta da internet, e o mercado está meio parado. Ninguém faz nada e esse evento dará uma revivida legal no mercado. A oportunidade de ter muita gente desse mercado junta será bem legal.

 

E sobre materiais novos e outras ideias?

Na verdade o super mercado está aí, aberto. Há muita coisa aí, mas o problema é preço, o custo meio que limita. O mercado de pranchas não é um mercado rico, mesmo nos EUA ou Austrália os fabricantes não conseguem usar uma tecnologia muito mais cara. No snowboard ou mesmo no kite os caras investem mais em tecnologia.

 

O fato de pranchas de surfe necessitarem de um leque mais amplo de possibilidades não permite que se criem modelos mais dirigidos, ou seja, menos modelos. No surfe as pranchas têm que ter mais diferenças entre uma e outra? Não dá para ter modelos tão “standard” e vender massivamente?


Acho que a padronização que o mercado internacional impôs, cara, não funciona muito, engessa um pouco. Um cara, com teu peso e altura, com 19 anos, é diferente de você, entende? Fora o peso e altura, estrutura muscular tem a habilidade e técnica. Afinal, a propulsão é a gente que dá, fica dependendo muito do surfista. O jeito como o surfista distribui o seu peso em cima dela é que define o tipo de prancha que ele vai usar, por isso dois surfistas, com mesmo peso e altura, podem preferir pranchas totalmente diferentes. Não dá para engessar as medidas da prancha. No kite, onde há a vela e no snow, onde a gravidade faz o serviço, é bem mais simples.

 

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Bruno Santos testa as pranchas nos tubos de Teahupoo. Depois o Joca faz aquela adequação para nossas ondas e pronto, fechou a equação. Foto: WSL / Poullenot.

 

O que a Wetworks vai levar à feira?


Sempre fomos voltados às pranchas de performance, mas há muito tempo o mercado entendeu que nem todo mundo surfa como Slater ou Medina. A galera precisa de uma prancha com mais área, com resposta não tão rápida. Essa variáveis, numa prancha mais cheinha, hoje estão mais presentes do que uma prancha de performance. E hoje há muitos coroas, como nós. Por mais que a gente se sinta garotão, já temos 50 anos! (risos)

 

Precisamos mais largura, volume…

E tem uma coisa que a galera esquece: a relação entre peso e potência. Tenho 88 kilos. Com 20 anos eu não tinha esse peso, mas, mesmo com outro peso, a relação entre peso e potência era bem diferente. O Medina pode usar uma borda com bastante volume porque ele tem força, explosão muscular, e claro, técnica também, suficientes para surfar como ele surfa.

 

Os mais velhos já não têm mais tanta força. Se você colocar uma prancha com muito volume, o cara não consegue mexer a prancha. O cara precisa de remada, mas se colocar muito volume, o cara não consegue surfar bem como gostaria. É uma sinuca de bico. Ainda mais para uma galera como a gente, que teve um nível de surfe bom, sempre quer surfar bem.

 

Queremos continuar tentando uma boa performance, não queremos ficar paradões. É uma briga muito séria para achar a equação certa.

 

Falando nisso. Qual a prancha, dentro dos modelos que você vem trabalhando, é mais indicada para esses garotões de mais idade?


Acho que a Power House. É uma prancha normal, só que com mais volume, mais parruda. Mas desses modelos que eu faço, o mais comercial é a Bólido, uma prancha com um pouco mais de área de bico. Essa é a campeã entre a galera. Já a Bolachinha, do Ricardo (Martins), também vai nesse embalo, com um pouco mais de largura de bico, mais cheinha.

 

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Este modelo Power House é a equação moderna para performance do surfista, digamos, fora do Tour. Foto: Arquivo pessoal.

 

Como resolver essas equações, afinando as extremidades do foil, as bordas, mantendo volume no meio, deixando o bico mais largo sem perder performance, usando outros materiais… Tudo isso você poderá conversar com Joca e seus parceiros da Wetworks na The Board Trader Show.