Por trás das notas

Peter Troy volta ao Brasil

Lenda viva australiana, Peter Troy está visitando o Brasil. O primeiro surfista nômade do mundo já esteve em 142 países, inclusive no Brasil, em 1964, quando ainda não tínhamos pranchas de fibra de vidro e o surf se resumia às pranchas de madeira.

 

Peter Troy, responsável pela instrodução do surf moderno no Brasil, visita o país a convite do governo australiano. Foto: Reprodução.
Em visita oficial para representar o surf australiano, Peter ficará 15 dias aqui para promover o intercâmbio cultural entre os dois países, evento do consulado da Austrália.

 

Durante jantar organizado pelo paulista/americano Mark Lund na casa do “Peçanha” no Rio, houve um encontro emocionante do australiano com Irencyr Beltrão (Barriga), um dos primeiros surfistas cariocas que naquela época hospedou e fez amizade com Peter.

 

Pode-se dizer que quando chegou ao Rio, o surfista viajante que vinha do Peru encontrou uma atmosfera favorável. No Arpoador muitos já surfavam em pranchas “madeirite”, mas o surfe se limitava a percorrer distâncias e ir  reto. Não existiam manobras, nem estilo, nem técnica.

 

Caras como Arduíno Colassanti já tentavam usar outros materiais, como o isopor. Peter nem trouxe prancha, e quando chegou ao Arpoador, apareceu uma prancha californiana, Bing, de um estudante da Escola Americana  chamado Russel Coffin.

 

A prancha vermelha, nova e polida foi um choque, parecia uma Ferrari perto das outras.

 

O australiano pegou a prancha e deu um show nas esquerdas do Arpoador, mostrando uma nova dimensão em termos de velocidade, performance, estilo e técnica. Depois desta caída, o surfe no Brasil nunca mais seria o mesmo.

 

Ele ficou três meses por aqui e foi o suficiente para ensinar como se fazia pranchas de fibra de vidro, como era o surfe moderno, plantando a semente do surfe que acabou mudando a vida de milhares de brasileiros.

 

É muito importante este reconhecimento do governo australiano com os ídolos do esporte. Preservando a memória dos pioneiros fortalecemos a base do nosso esporte, deixando um legado e exemplo para os que virão.

 

Um esporte sem história e sem memória é um esporte sem consistência. Temos que resgatar e preservar nossos ídolos em reconhecimento à nova dimensão da vida após o surfe.

 

Valeu Peter, valeu Irencyr, os surfistas agradecem. 

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