Big Wave World Tour

Polêmica nas redes sociais

0
1200x576

Ausência de Danilo Couto na lista de convidados para o Pe’ahi Challenge gera polêmica nas redes sociais e desentendimento entre Skindog e Kelly Slater. Foto: Fred Pompermayer/ Theshot.com.br

 

Na última semana, a World Surf League (WSL) anunciou a abertura da janela de espera das etapas do Big Wave World Tour no Hemisfério Norte.

Uma das principais atrações é o Pe’ahi Challenge, que já entrou no calendário da entidade na última temporada, mas ainda não foi realizado porque as condições do mar não agradaram a WSL, apesar de muitos big riders darem um verdadeiro show no freesurf.

O Tour conta ainda com etapas no Oregon (EUA), Punta Galea (País Basco) e Todos Santos (México), mas é a competição em Jaws que tem despertado a atenção da comunidade do big surf mundial.

A polêmica começou com um post da World Surf League nas redes sociais. A imagem destacava o baiano Danilo Couto numa bomba em Jaws, pico onde protagonizou momentos marcantes na história do surf em ondas gigantes. Além de encabeçar o trio apelidado de Mad Dogs- que conta ainda com os conterrâneos Márcio Freire e Yuri Soledade -, Couto foi finalista em várias edições do XXL e conquistou o prêmio de onda do ano em 2011, depois de encarar uma direita espetacular.

A ausência de Danilo Couto na lista de convidados para o Pe’ahi Challenge não foi bem digerida pela comunidade do big surf e ficou explícita assim que o brasileiro compartilhou o post da World Surf League e questionou: “Como pode a WSL usar a minha imagem para promover o Pe’ahi Challenge / Big Wave World Tour e não me convidar?”.

Foi a gota d’água para que várias lendas do surf mundial se manifestassem, incluindo nomes como Kelly Slater, Shane Dorian, Ken “Skindog” Collins, Brad Gerlach, Rob Machado, Shawn Briley, Guilherme Herdy e Shawn Dollar.

739x415

Danilo Couto em uma das maiores ondas da história do surf na remada em Jaws. Foto: Bruno Lemos / Liquid Eye

Lenda do big surf e local de Santa Cruz, “Skindog” não aliviou nos comentários contra o conterrâneo Peter Mel – comissário do Big Wave World Tour – e não poupou nem Slater.

O californiano ironizou ainda o fato de a WSL não contratar os serviços da equipe de resgate aquático Skullbase, coordenada pelos gêmeos DK e Shaun Walsh, irmãos de Ian Walsh e especialistas nas ondas de Jaws.

“Peter Mel está matando o circuito! Pelo menos poderemos ver se Kelly Slater vai botar pra baixo ou não (risos)! Se ele não dropar, provavelmente vai querer que DK (Walsh) faça seu resgate, mas vai ter um daqueles pilotos franceses do último evento da WSL. Não se preocupe, cara, todos nós sabemos quem são as verdadeiras lendas e esses caras que chegaram agora. Sempre teremos El Niño para nós mesmos. Eu fiquei desapontado como o BWWT e WSL Big Wave World foram seqüestrados por idiotas, juntamente com o trabalho do faminto Pete Mel. Você pode comprar qualquer coisa que você queira neste mundo, você pode fabricar o próximo Greg Long, Mark Healey e Grant Baker. Mas vamos ver quem ainda coloca suas vidas em jogo até os cheques pararem de entrar. Danny Boy (Danilo Couto), você tem arrebentado pelo mundo muito antes de existir um BWWT e XXL Awards, e também muito tempo depois. Muito respeito a você, irmão!”, alfinetou Skindog.

Slater não demorou para dar sua opinião e rebater Skindog. “Desconcertante Danilo não ter recebido um convite e a equipe de DK Walsh não ser chamada para a segurança aquática. Quase igualmente desconcertante é ver quantas pessoas Skindog pode insultar em um único post”.

O havaiano Shane Dorian também se manifestou no Instagram @danilocouto11. “Não poderia mais do que concordar que seria incrível ter Danilo Couto no evento em Jaws. Ele tem tranquilamente botado pra baixo por anos e já pegou ondas incríveis. Uma longa fala de Skindog a respeito de Kelly Slater, se ele vai se jogar ou não… Espero que vocês estejam na mesma bateria em Mavs (Mavericks), com 25 pés. Organizar o Tour é uma dor de cabeça e é difícil não cometer erros. Mas lamentar não ajuda. Você é parte do problema ou parte da solução. Respeito a Danilo Couto”, opinou Dorian.

Kelly Slater novamente entrou em cena. “Acho que todos concordam sobre as questões aqui. Esperamos que eles possam se resolver com a WSL corretamente. Skindog, é impressionante o que um pouco de honestidade misturada com humildade podem fazer, mas parece que você gosta de cutucar quase todos. Meio constrangedor, triste”, criticou Slater.

Em resposta aos legends, Couto agradeceu pelo apoio. “Bravo, Kelly Slater e Skindog. Um passo à frente pelo nosso esporte. Momentos emotivos trazem desentendimentos. Vocês são lendas e essenciais para a evolução do surf. Personalidades distintas com intenções positivas. Parece que estamos no mesmo caminho, unidos pelo que é certo. Obrigado”, agradeceu Danilo.

Muitos comentários sobre a polêmica já desapareceram, já que a WSL e o big rider Skindog excluíram seus posts depois da polêmica. Mas a maioria ainda pode ser vista no perfil @danilocouto11 no Instagram e na página do atleta no Facebook.

Veja a maior onda de Danilo Couto em Jaws

No documentário “Mad Dogs”, recém-lançado pela Primitivo Produções, Peter Mel tentou explicar a ausência de Danilo Couto, finalista em 10 edições do XXL e primeiro surfista a vencer a categoria “Ride of the Year” com uma onda surfada na remada em Jaws. “Pra ser honesto, eu sei que Danilo merece uma oportunidade. Agora, quando você olha os critérios e vê os seis caras que são convidados – que são os lugares onde ele pode se encaixar -, há seis vagas. Porque ele não pode ser considerado um local de Maui, então há seis lugares. Tem Dave Wassel, Mark Healey, Shane Dorian… Tenho que lembrar todos os caras agora… Ian Walsh não, ele é local… Kelly Slater… Vocês sabem quem são os caras, há seis caras. Eles são todos”, falou Peter Mel.

“Eu acho que Danilo passou por um – talvez ele admita ou não, mas passou por um período em que estava um pouco perdido, e ficou visível, pois ele não estava naqueles swells, não estava participando. Talvez por frustração, pois ele não tinha um patrocinador para bancá-lo”, finalizou o comissário da World Surf League.

Depois de conquistar o prêmio XXL em 2011, o baiano ainda foi finalista nos anos de 2012 e 2013. Em 21 janeiro deste ano, Couto pegou uma bomba incrível em Jaws, considerada por muitos uma das maiores da história do surf na remada no local.

Uma esquerda monstruosa despontou no horizonte e o mad dog não pensou duas vezes. Virou a prancha, remou ferozmente e despencou numa velocidade incrível. Depois de controlar o drop com maestria, o baiano preparou a cavada e travou uma grande batalha para não ser derrubado pela turbulenta bola de espuma. Em seguida, a bomba começa explodir na bancada e Danilo se joga da prancha antes de ser engolido pela enorme massa d’água.

Veja um novo ângulo da onda em Jaws

A montanha aquática teve enorme repercussão nas redes sociais do prêmio XXL – inclusive voltou a ser publicada no post que gerou esta polêmica – e era apontada como favorita ao título da categoria de maior onda na remada. Além de não ser finalista do prêmio, fato que gerou uma grande surpresa na comunidade do big surf, Couto não foi lembrado pela organização do Big Wave World Tour na elaboração da lista de convidados do Pe’ahi Challenge.

A discórdia entre big riders e os organizadores do Big Wave World Tour vem se arrastando há alguns meses e teve início durante a etapa em Punta Lobos, Chile, vencida pelo havaiano Makua Rothman.

Sabendo que a WSL não iria transmitir as disputas ao vivo, um grupo de fãs chilenos da região tomou a iniciativa de criar a sua própria transmissão. Minutos depois, o grupo teria sido forçado a suspender a exibição das imagens, causando um verdadeiro alvoroço nas redes sociais.

O big rider Skindog também fez duras críticas. “A WSL comprar o Big Wave World Tour e fazer eventos sem promover e cobrir é ridículo. Se eles ao menos pudessem postar fotos no Instagram, os fãs ficariam amarradões. No mínimo dê alguma coisa aos fãs das ondas grandes. Se houvesse uma transmissão ao vivo, ninguém estaria assistindo a 2 pés de onda no evento em Trestles (QS10.000). Isso é totalmente uma estratégia de negócios, enterra a competição. Agora eu sei por que os locais de Dungeons (África do Sul) e Jeff Clark (pioneiro em Mavericks) não quiseram parceria com a WSL. Imagine o Super Bowl sem cobertura ao vivo, não teria muitos fãs”, criticou Skindog.

Logo depois da etapa chilena, o site da revista australiana Stab entrou em contato com Dave Prodan, diretor de comunicação da WSL. “O objetivo do Big Wave World Tour 2015 /2016 é ter o máximo de eventos nas maiores ondas possíveis. Antes desta temporada, os organizadores olharam o cronograma e decidiram que, para que esse objetivo fosse alcançado, eles se comprometeriam a transmitir ao vivo as etapas em Puerto Escondido e Jaws, e ofereceriam vídeos e fotos nas etapas de Punta Galea, Todos Santos, Pico Alto, Lincoln City e Punta Lobos. A principal razão seria a logística – ter o equipamento para transmissão ao vivo cedo o suficiente para a maioria das locações apresenta uma dificuldade para o sinal verde dos eventos. Quando confrontados entre escolher a transmissão de poucos eventos ou promover o máximo possível de etapas, o grupo de comissários votou pela segunda opção”, explicou Prodan.

Agora, a briga é com os havaianos. As ausências de Danilo Couto e da equipe Skullbase no Pe’ahi Challenge mexeram e muito com a comunidade local. O casca-grossa Kolomona, um dos integrantes da equipe de resgate aquático, mandou seu recado. “Essa é uma notícia que irrita ainda mais a galera da Skullbase. Danilo, nós sabemos quem merece ser convidado e você é definitivamente um deles. Como você sabe, nós não vamos fazer a segurança para o evento em Jaws, então isso vai para a WSL e para Peter Mel: boa sorte ao calçar seus sapatos em minha casa, vejo vocês quando o campeonato rolar!”, postou.

Agora, só nos resta aguardar as cenas dos próximos capítulos.

Veja mais um ângulo da onda insana dropada por Danilo Couto em janeiro