Inner Circle e Spy v Spy

Porto Alegre revive anos 90

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No último dia 3 de fevereiro, a banda jamaicana Inner Circle e o grupo australiano Spy v Spy apresentaram-se no bar Opinião, Porto Alegre (RS). 

 

Em uma noite de calor na capital gaúcha, o público presente teve a oportunidade de relembrar os clássicos e sacudir o esqueleto com músicas que marcaram época.   

 

Simpáticos e carismáticos, os australianos arrebentaram. Em vários momentos  do show, a galera fez coro para acompanhar as letras. O Inner Circle não deixou por menos e com muita animação levou o público ao delírio com Sweat (A La La La La Long) e Bad Boys. 

 

Spy v Spy A banda foi formada em 1981 em um dos subúrbios mais pobres da cidade de Sydney e acabou tornando-se extremamente conceituada na Austrália. 

 

Tal conquista se deve ao fato de terem abordado temas como racismo e sem teto. Os caras acreditavam em mudanças e sonhavam com um planeta melhor. 

 

Formada pelo inglês Mike Weiley , pelo norte-americano Craig Bloxom e pelo australiano Cliff Grigg, a banda foi fundada com o nome Spy v Spy. Mais tarde, em função de um problema com a revista em quadrinhos Mad Magazine, o nome teve que ser alterado para v. Spy v. Spy.  

 

A primeira gravação da banda foi o single Do what you say  e Table tea and mix, lançado em abril de 1982, e o EP Four Fresh Lemons, lançado em agosto do mesmo ano.   

 

Os primeiros trabalhos mostraram forte influência de ska, estilo que despertou certo interesse em uma galera que frequentava o Sussex Hotel e outros pubs de Sydney, Austrália.  

 

Na época, lugares como o Sussex formavam o famoso circuito pub, muito frequentado por amantes da cerveja e da boa música. Gradualmente, a banda foi substituindo o ska pelo pub rock sound, estilo apreciadíssimo no começo dos anos 80 na cidade de Sydney.  

 

Com pequeno impacto na cena local em 1982, o Spy v Spy apresentou alguns problemas no começo de 1983, talvez o pior ano de toda sua carreira. 

 

Para começar, o baixista Craig Bloxom saiu da banda para integrar o grupo The Numbers in March, onde ficou por apenas seis meses. Durante este período, um novo guitarrista, Marcus Phelan (ex-Numbers in March), entrou no Spy v Spy. 

 

Dando continuidade aos problemas, outro membro do Spy – Mike Weiley – ficou muito doente e acabou confinado em uma cama de hospital por longo período. Ainda em 1983, toda a aparelhagem da banda foi roubada. Por fim, o recém-chegado guitarrista Phelan resolveu deixar o grupo definitivamente. 

 

Para melhorar o cenário astral dos caras, foi neste mesmo ano que conseguiram um manager de peso. Trata-se de Gary Morris (Midnight Oil). A partir de então, a banda lançou um mini-álbum chamado Meet us inside (outubro de 1984) e o single One of a kind, Where are we going? (novembro de 1984).  

 

O primeiro álbum da banda foi lançado em março de 1986. Intitulado Harry’s Reasons, contava com letras que abordavam temas sociais e políticos.

 

O título do álbum foi homenagem da banda a seu amigo Harry, viciado em heroína. Outra música, Give us something, fazia crítica dirigida à mídia e Injustice era dedicada à arte aborígine, muito desvalorizada pela sociedade australiana.  

 

Depois do lançamento do primeiro álbum, seguiram 3 singles: Injustice, The wait  (agosto de 1985),  Give us something, Dangerman (fevereiro de 1986) e Harry’s reasons, All over the world (maio de 1986). Mais tarde, o Spy v Spy contribuiu com a música Injustice na coletânea Burning Bridges, lançada pela CBS em 1989. 

 

Em 1986, a banda assinou contrato com a gravadora WEA e lançou o álbum A.O. Mod. T.V. Vers em novembro. Deste trabalho, saíram novos singles: Don’t tear it down, Go to work, Sallie-Anne, Use your head e Credit cards, The wait, todos em 1986. 

 

A música Don’t tear it down foi escrita em protesto a demolição de prédios históricos na cidade de Sydney. Essa música acabou como primeiro hit da banda e ficou com a décima primeira posição nas paradas australianas. Com vendas superiores a 70 mil cópias, o A.O. Mod T.V. Ver. levou disco de platina e foi destaque entre 1986 e 1987.  

 

Lançado durante as comemorações do bicentenário australiano em 1988, o quarto álbum do Spy – Xenophobia (Why?) – chegou em época oportuna.

 

Assim como nos anteriores, este álbum incluiu três singles: Forget about the working week, Flares  (dezembro de 1987),  Clarity of mind, Mingle’n’ mix  (maio de 1988) e  Waiting, Back on the track (agosto de 1987). Além da Austrália, o álbum Xenophobia (Why?) foi lançado em outros 14 países pela WEA. 

 

No começo de 1989, o Spy v Spy seguiu para a Inglaterra onde gravou seu quinto álbum nos estúdios da The Manor Studio, com o produtor Craig Leon (Ramones, Blondie, The Bangles). O álbum foi Trash the planet, lançado em novembro daquele ano. Segundo a crítica especializada australiana, o Trash the planet é considerado o trabalho mais conciso e refinado da banda.  

 

No final de 1991, o baterista Cliff Grigg resolveu abandonar o grupo para entrar como percussionista em uma banda chamada Mixed Relations. Para seu lugar foi convidado Mark Cuffe (ex-Ludwigs). 

 

Um ano longe dos palcos e o Spy v Spy saiu em turnê para promover novo álbum, a coletânea Best of collection – The spy file. Depois desta turnê promocional, o Spy assinou contrato com a Sony, onde lançou apenas o álbum Fossil em maio de 1993. O Fossil originou os singles: Comes a time e One way street, está última um clássico da banda.  

 

Em 1994, os membros do Spy v Spy separaram-se. A partir daí, Bloxom e Cuffe resolveram experimentar novos instrumentos e novos músicos. Mark Cuffe (baterista) se arriscou nas guitarras e vocais. Os dois ainda recrutaram o respeitado baterista Paul Wheeler (ex-Icehouse) e formaram nova banda: Shock Poets. 

 

Com o Shock Poets, eles foram aos EUA para tocar em casas de Nova York. Em uma das apresentações, encontraram-se com o produtor Jim Nickel, que acabou produzindo o Bait, primeiro álbum do Shock Poets, em seu estúdio em Minneapolis, local onde a banda Soul Asylum havia gravado um álbum.  

 

O lançamento do Bait – e do single Never should have bothered you – aconteceu em novembro de 1995, época que retornaram à Austrália para pequena turnê. 

 

Não satisfeitos com os resultados obtidos pelo Shock Poets, resolveram reformular o Spy v Spy em 1996 e deixar o Shock Poets de lado. Com o Spy reformulado, partiram para turnê no Brasil e descobriram que eram imensamente populares. Decidiram ficar no Brasil onde permaneceram até 1997. 

 

De volta à Austrália, lançaram novo álbum em abril de 1998: The Honey island project. Este trabalho não foi bem recebido. Mesmo assim, continuaram em turnê promovendo o álbum. 

 

Em 1999, o baterista Paul Wheeler (ex-Icehouse e Shock Poets) entrou para o Spy v Spy. Wheeler foi apresentado a Craig por Mark Cuffe, antigo companheiro de banda no Shock Poets. Wheeler era grande fã do Spy, o que facilitou os ensaios pois conhecia bem o trabalho do grupo. 

 

As turnês de 1999  na Austrália e Brasil tiveram a presença de Wheeler. Em sua primeira visita ao Brasil, Wheeler estranhou a popularidade da banda e a quantidade de público presente nos shows. 

 

Ainda em 1999, a Festival Records colocou no mercado uma nova coletânea do Spy chamada Mugshot: The Best of… Todos os clássicos da banda como Trash the planet, Injustice e Don’t tear it down estão presentes neste CD, que traz ainda cinco faixas inéditas. 

 

Em janeiro de 2003, a banda passou por altos e baixos. A baixa foi a saída do baterista Paul Wheeler e a alta o lançamento do primeiro álbum ao vivo, gravado no Brasil.

 

O álbum leva o nome Meet us alive e contém oito faixas bem selecionadas pelo grupo: All over the world, Trash the planet, Hard times, Golden mile, Don’t tear It down, Working week, Waiting e White room. 

 

Inner Circle  O Inner Circle foi formado em 1968 na capital da Jamaica, Kingston, pelos irmãos Ian e Roger Lewis. Em 1974,  a banda  lançou o Rock the boat, seu primeiro álbum com selo da Trojan Records. 

 

A formação inicial da banda era: Funky Brown (vocal), Prilly (vocal), Stephen Cat Core (guitarra), Ibo Cooper (teclado), além dos irmãos Lewis (baixo e guitarra). Em 1976, Jacob Miller assumiu os vocais do Inner Circle e a banda começou a fazer sucesso. 

 

Pouco tempo depois, os metais foram incorporados ao conjunto com Llewellyn Chang (sax alto) e Leighton Johnson (trompet), ambos formados na banda Excelsior High School. 

 

Ao final de uma excursão aos Estados Unidos e Bermudas, Ibo Cooper e Stephen Cat Core deixam o Inner Circle para criarem sua própria banda. Neste momento, o guitarrista Joe Ortiz entra para o Inner Circle e traz consigo um toque de hard rock, jazz e blues. 

 

O estilo da banda foi decisivamente marcado pelo acidente automobilístico que tirou a vida do vocalista Jacob Miller, em 23 de março de 1980. Após a morte de Jacob, a banda se separa. Mas em 1982, ainda lança um álbum chamado Something so good. 

 

Em 1986, os irmãos Lewis reativam definitivamente o Inner Circle com novo vocalista: Calton Coffie. Ele grava Black Roses.

 

Em 1987, o Inner Circle lança o álbum One way com a canção Bad boys. A música fez grande sucesso e foi parar na trilha da série de televisão Cops. Desde então, a banda se auto-denomina The bad boys of reggae.

 

Em 1993, o single Sweat (A La La La La Long) alcança a terceira posição nas paradas do Reino Unido e a décima sexta posição no Billboard Hot 100.

 

Em 1995, o vocalista Calton Coffie adoece e fica por um longo período inativo. Ao recuperar-se da doença, decide abandonar a banda para seguir carreira solo. Seu lugar é então ocupado por Kris Bentley, atual vocalista.