Como se não bastasse a ICC (Indústria Carboquímica Catarinense), que foi instalada em Imbituba (SC) nos anos 70 e trouxe grande poluição tóxica com forte impacto ambiental, castigando toda a região, que sofre até os dias de hoje com os restos estruturais e rejeitos tóxicos colocados a céu aberto pela empresa fechada em 1990, agora, a cidade vive assombrada pela possibilidade da vinda de uma nova empresa, cujo projeto é o de instalação de um terminal de armazenamento de granéis líquidos (combustíveis, óleos e outros derivados de petróleo).
Se implantado, o terminal poderá armazenar milhões de litros de óleos, combustíveis, ácidos e outros produtos líquidos, colocando tudo e todos sob risco constante. O local da instalação é próximo ao porto de Imbituba, em frente à praia do Porto e ao lado da praia da Vila.
A paradisíaca e preservada praia da Vila é hoje um dos principais cartões postais da cidade e palco de grandes eventos que projetaram e divulgaram a cidade e o estado no cenário mundial do surfe. Estudos de viabilidade turística realizados pela Secretaria de Turismo de Imbituba revelam que o surfe é um dos principais segmentos turísticos de Imbituba.
O projeto de implantação vinha sendo articulado em segredo por empresários e políticos da cidade desde 2014, ano de registro do CNPJ na cidade da empresa Cattalini Terminais Marítimos S.A., proprietária do projeto. Faltava apenas a audiência pública para se concluir o processo de instalação, inclusive com os licenciamentos ambientais da FATMA (Fundação do Meio Ambiente). Tudo foi muito bem planejado para que a implantação se concretizasse, mas felizmente, a população tomou conhecimento da situação a tempo e compareceu em peso à Câmara de Vereadores de Imbituba no dia 5 de setembro, mostrando sua indignação e revolta contra o projeto de instalação da referida empresa na cidade.
“Estamos todos mobilizados, pois a possibilidade da instalação desta empresa é concreta e vai com certeza colocar Imbituba no rumo contrário à preservação ambiental e à qualidade de vida que buscamos para nossos filhos”, declarou Jaison Pacheco, presidente da ASI (Associação de Surf de Imbituba).
A população, moradores, surfistas, associações de surf, ONG’s e entidades ambientais se mobilizaram contra o projeto e lotaram a audiência pública que iria discutir o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do projeto do Terminal de Armazenamento de Granéis Líquidos (combustíveis, óleos e outros derivados de petróleo) da empresa para sua instalação na cidade de Imbituba, que também é considerada a capital nacional da Baleia Franca.
Segundo o advogado Dr. Gustavo Borba Benetti, presidente da Comissão de Meio Ambiente da OAB/Imbituba, “o relatório de impacto ambiental apresentado pela empresa Cattalini é um tanto tendencioso e omite os sérios riscos à saúde e à vida da população, já que o próprio RIMA afirma que o risco de explosão é significativo”.
A audiência acabou sendo suspensa pelo representante da FATMA, aos gritos da população “FORA CATTALINI”. Uma nova audiência deve ser marcada para depois das eleições, haja vista que a pauta interfere nos interesses políticos de uma grande maioria que busca a reeleição e o acesso ao governo da cidade, e que são a favor da instalação da empresa, visando seus próprios interesses.
“É importante o engajamento de todos em apoio à querida população imbitubense contra este mal anunciado”, declarou Reiginaldo Ferreira, presidente da Fecasurf (Federação Catarinense de Surf).