Espêice Fia

Pranchas de verão

Gabriel Farias, Maracaípe (PE).

O verão está chegando ao fim e aquela hora extra do já extinto horário estendido que a turma usava pra dar aquela caída no fim da tarde já começa a ser reduzida no Sul e Sudeste do País.

Com a temperatura da água muito agradável e boas ondulações, até mais constantes que no verão anterior, tem sido uma temporada razoável, e que me lembre, melhor que a passada. É engraçado como nessa estação as pranchas pequenas entram em alta e a busca por modelos que proporcionem a versatilidade na marola são os carro-chefes. Não que a turma não vai usar estas maroleiras durante o ano, mas, falou em verão, não tem jeito: as polegadas abaixo de 5’10” são uma constante.

Arrisco a dizer que a prancha mais usada no Brasil seria uma 5’11’’. De qualquer forma, a enxurrada de 5’8” a 5’4” e até menores é uma constante. Da mesma forma que os SUPs e os pranchões, que, muitas vezes, vão na contramão dos tamanhos. Pra quem gosta, vale a mesma moeda na hora da diversão em ondas pequenas.

Mesmo como muita gente presa às pranchas na linha de competição, tendo em vista a exposição demasiada destes modelos e performance de competidores, cada vez mais vemos modelos exóticos nas praias. É prancha sem bico, sem curva, com quantidade de quilhas ou sem elas, alaias, pranchas assimétricas, e por aí vai. De fato a ordem é a diversão. Enquanto uns são mais exigentes hoje em dia, outros são menos, e o contentamento vem mais através da prancha que se usa do que a qualidade das ondas em si.

Faço parte dessa segunda leva, pois nos dias de hoje vale muito estar na água. Verão combina com prancha pequena em nosso continente, tirando a ilha de Fernando de Noronha, que é um caso à parte.

Mas os modelos menores vieram pra ficar. Lembro que no início do novo milênio havia começado essa muvuca, mas que vem se concretizando mesmo nos últimos 6 anos. Acho que grande parcela dos competidores também diminuiu em duas e até quatro polegadas, em alguns casos, suas pranchas pra ondas pequenas.

Os tempos são outros, pois até meados dos anos 90 tínhamos que saber surfar com pranchas grandes. Na época os juízes e toda a comunidade do surf gostava de ver aquele bicão bem à frente da base dianteira, saindo da água. É até cômico quando vejo imagens da década de 90, quando surfávamos ondas de 2 metros com pranchas na média de 6’8”; ondas que hoje surfaríamos com uma 5’10” e para alguns até menor.

A evolução é muito doida, pois tudo isso vai de encontro também ao big surf, onde a turma cada vez mais vai descendo no braço ondas inimagináveis. Mas até neste nicho, as gunzeiras, que momentaneamente aumentaram de tamanho, também vêm diminuindo. Seus corpos ganharam mais massa para que a compensação fosse feita. Sinais do tempo e da evolução constante, mesmo que não sejam perceptíveis mudanças bruscas de imediato.

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