Ângela

Preservação começa na praia

Bolinha era o talismã dos surfistas em Barra Velha (SC)

Tartarugas são vítimas dos lixos jogados na praia. Foto: Mauricio Coimbra.

Oi pessoal, primeiramente gostaria de agradecer as mensagens que recebi dos leitores do Waves pela minha última matéria.

 

Tenho me dedicado muito ao trabalho voluntário e à minha nova paixão: o stand up paddle. Estou muito feliz em descobrir uma nova emoção no surf. No meu primeiro drop, meu coração bateu muito forte!

 

Também fico muito feliz em saber que muita gente se mobiliza para cuidar da praia, local que nós surfistas frequentamos com nossas famílias e precisamos preservar.

Gostaria de dividir um link que recebi da leitora do Waves Jaqueline Netto, bióloga marinha e surfista que mora na Austrália. Jaqueline faz um doutorado sobre as mudanças climáticas e o impacto sobre a biodiversidade marinha.

 

As imagens são incríveis e o vídeo se chama Let’s Do It Estonia. Vale a pena conferir no You Tube. Também recebi um vídeo muito legal da CAL (Centro de Artes de Laranjeiras) sobre o que um país pode fazer sobre o problema do lixo. O Sylvia Earle: How to protect the oceans prova que a união faz a força mesmo!
 
Temos que acordar para a verdade. Nós e o planeta somos um só. A praia que frequentamos é a extensão de nossa casa, nosso jardim. Só acordando para esta realidade é que as pessoas irão tirar o lixo da natureza, mesmo que não seja o seu próprio lixo.

Aprendi com o ator Cauã Reymond a retirar pelo menos três plásticos quando sair da praia, como se fosse uma espécie de regra de três. Ele leu isso em uma revista de surf e achou legal.

Outra maneira de ajudar o planeta é consumir ecologicamente correto, ou seja, comprar produtos de empresas que não poluam o meio ambiente, que patrocinem programas ambientais ou tenham alguma atitude em relação à preservação do planeta e a consciência de não poluir para ganhar dinheiro.

Nós consumidores somos responsáveis pelo que eles produzem, temos o poder de compra. Então precisamos aprender a consumir produtos ecologicamente corretos para o bem do nosso planeta.

 

Chequem o site Go Walk, eles são a única fábrica de sapatos ecologicamente correta no Brasil. Além de outros fatores, a tinta que eles usam nos sapatos não tem cromo e não poluem rios e mares.

Quando realizamos o projeto surfecologia em uma praia longe do Recreio (RJ), precisamos de transporte e lanche para as crianças. Para isso, sempre temos o apoio de empresas e pessoas.

Obrigada Supermercados Prezunic, Loja Extreme Club, Sandálias Go Walk, Filip Shoes, Sandy Hair, Parafinas 3XW e todos os voluntários pelo apoio. Paula Elinger, uma das nossas voluntárias, me mandou um link incrível de um hotel feito de lixo reciclado

Seja um voluntário em algum programa perto de sua casa. As crianças gostam de participar, pois entendem a urgência do planeta, sentem-se úteis e sabem que os pequenos plásticos matam as tartarugas.

 

As tartarugas pensam que o lixo são alimentos e o ingerem até que o estômago fique cheio de plástico e não tenha mais espaço para comida. Logo elas morrem de fome, já que o plástico não alimenta.

 

Outro dia, um pescador tirou uma tartaruga morta da água e abriu sua barriga. Lá ele encontrou vários tipos de plásticos, principalmente os das sacolas plásticas de supermercado e tampinhas coloridas.

 

Agora até os pássaros estão alimentando seus filhotes com pequenos pedaços de plástico. Os filhotes estão morrendo. Quando eu era pequena, havia tatuí e siri na praia. Hoje não há mais, mas ainda têm tartarugas, peixes e pássaros.

Precisamos preservá-los e temos que fazer algo sobre o micro-lixo de plástico. Urgente! Se retirarmos o micro-lixo da praia salvamos vidas. Agora a situação se agravou ainda mais com o vazamento de petróleo no mar.

Nós surfistas temos a obrigação de fazer alguma coisa para aliviar a poluição que causamos, pois para quem não sabe, as fábricas de pranchas são muito poluidoras.

 

Por alguns anos fui atleta de um dos melhores shapers do mundo, o Arelo. Ele montou uma fábrica ecologicamente correta em São Paulo e provou que todos podem diminuir a poluição que produzimos. Isso sem falar que já vi muitos surfistas deixarem na areia o plástico que envolve a parafina.

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Pódio Feminino do Lupa Lupa Longboard Festival: campeonato apresentou a nova geração do esporte. Foto: Arquivo Pessoal.

Recentemente, participei do Lupa Lupa Longboard Festival na praia do Pontal, Rio de Janeiro, e fiquei muito feliz de ver o pódio feminino totalmente tomado pela nova geração de longboarders.

O critério de julgamento é baseado tanto no surf clássico quanto no progressivo, e as meninas estão se radicalizando cada vez mais! Em primeiro ficou Atalanta Batista e em segundo Chloé Calmon. Jasmim Avelino, que conquistou o terceiro lugar e seu primeiro troféu, esbanjou estilo e alegria, seguida pela atleta Rayane Amaral.

A grande campeã, Atalanta, tem 19 anos e veio do Ceará para conquistar seu espaço, a atleta venceu três eventos seguidos. Espero que ela consiga um patrocínio, pois representa muito bem a força e raça das nordestinas.

 

Atalanta ralou muito o verão inteiro dando aula de surf para pagar a passagem e vir competir no Rio. A longboarder provou que dedicação sempre leva a vitória, cedo ou tarde.
 
Foi legal ver as famílias Avelino, Calmon, Amaral, entre outras, torcendo por suas filhas na areia. Está categoria no Brasil continuará a existir por causa do apoio das famílias. Poucas atletas têm patrocínio e, apesar das dificuldades, as brasileiras demonstram talento e garra. Um dia ainda conquistaremos um pódio no mundial.

Realmente é muito difícil apresentar um nível de surf excelente como as campeãs americanas e australianas, pois a maioria dos empresários brasileiros não apoia o longboard.

Enquanto americanas, havaianas, australianas e europeias têm patrocínios de grandes marcas de surf que pagam salário, despesas de competição e viagens para treinar na Indonésia e no Hawaii, nós aqui escutamos que os donos das mesmas marcas não se interessam em investir no longboard.

 

Marcas gringas, que patrocinam até campeãs lá fora, aqui não patrocinam nenhuma atleta. E assim, sem apoio, a categoria cresce pelo apoio das famílias e dos souls surfers.

 

Eu mesmo só cheguei até aqui graças à ajuda da minha família. Foi meu irmão, Guilhermo Bauer Junior, que me ensinou a ter uma postura de respeito no pico.

Na época ele morava no Peru com meu falecido pai e me disse para entrar no mar, ir para o pico, esperar a galera que já está lá pegar uma onda, ou seja, entrar na fila, e dropar a maior de todas, assim ganharia respeito e se caísse já me acostumava com o caldo (risos) sempre respeitando a hierarquia do pico e seus locais.

Desta forma surfamos o mundo todo fazendo amigos e deixando as portas abertas. Também tive a sorte de ter como shaper e técnico o campeão Daniel Friedman e como patrocinadora Cecília Costa, dona da marca Oxbow no Brasil, que apoiou a categoria feminina e a incluiu pela primeira vez na história do longboard internacional em um evento mundial da ASP.

Foi um grande passo para a profissionalização da categoria no mundo. Hoje temos Chloé Calmon, atleta da Roxy, marca que patrocina e apoia o maior numero de atletas, inclusive as melhores do mundo. Além da única etapa do Circuito Mundial Feminino, realizada na França.

O primeiro evento de surf feminino que vi foi em Makaha, Hawaii, também patrocinado pela Roxy. A inscrição era gratuita e a atleta ganhava um kit com porta retrato, camiseta, chaveiro e adesivos. Também tinha almoço com várias panelas servindo arroz, saladas, frango, tudo no mais puro “hawaiian style”.

Como são bons os festivais de longboard! Muitas memórias maravilhosas com pessoas que dividem o mesmo feeling do surf e que também mandam muito na música e na arte.

O Roxy Jam na França sempre valoriza a arte e a música. Ele apresenta gratuitamente o que há de mais atual e moderno no mundo dos eventos e apresenta cultura junto com o esporte. Isso sem falar que lá eles patrocinam escolinhas de surf e dezenas de atletas.

Quem vier ao Rio de Janeiro não pode deixar de conhecer a Fundição Progresso, um dos picos mais ecléticos da cidade. A vibe é muito irada sempre e o local é altamente energizado com muita alegria. Fui assistir duas das minhas bandas favoritas e encontrei a praia inteira lá (risos).

O Groundation fez um show muito bom e o Ponto de Equilíbrio, banda carioca, arrebentou! Para checar entrem no site Fundição Progresso, lá tem sempre a programação dos shows.

Então é isso, vamos evoluir e crescer, devagar e sempre. O importante é não desanimar, não desistir e ter um pensamento positivo em relação a tudo, principalmente com a gente mesmo.

Gostaria de agradecer o apoio da laminação RT Glass, do shaper Thiago Mariano, parafinas 3XW, capas Avanti, Filip Shoes, Corplaser, LupaLupa, Casa de artes de Laranjeiras (CAL), a psicóloga  desportista Ilana Levinson, a médica esteta e pratica ortomolecular Janaina Barbosa, o preparador físico Wagner e do quiroprata Lucas Reich, da Casa da Coluna. Valeu mesmo! Boas ondas e muita música para todos.

Clique aqui para obter mais informações sobre o trabalho de Ângela Bauer.

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