Torcedor Fanático

Medina para presidente

Gabriel Medina, Billabong Pro Tahiti 2014, Teahupoo.

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Gabriel Medina desbanca Kelly Slater em etapa histórica nas ondas de Teahupoo, Tahiti. Foto: © ASP / Kirstin
 

Gold Coast, Fiji e agora Tahiti, realmente é de assombrar o que esse garoto de apenas 20 anos está fazendo. Tudo bem que Slater não levanta o título do circuito há dois anos, mas Medina está tomando de assalto os templos do mito careca, em tempos de sua plena atividade e indiscutível forma.

 

Na etapa de Fiji, Slater deixou escapar que o que facilitou o triunfo de Medina: era o mar com ondas não tão desafiadoras, pequenas, “fáceis”. E agora, Slater, vai dizer o que? Que estava cansado da bateria contra o JJ Florence?

 

Não tem mais desculpinha, não. Apanhou de Medina, sempre com respeito ao seu histórico, mas apanhou, Mr. Kelly.

 

Que campeonato foi esse? Épico do épico. Desafiou os limites de todos os competidores, mostrou quem bota pra baixo e quem puxa o bico nesse tipo de mar.

 

Vejam bem, não é uma crítica destrutiva aos demais competidores brasileiros, que já mostraram que sabem, sim, entubar em cracas poderosas, mas se observarmos as baterias do round 2 dos nossos atletas, Raoni e Alejo não surfaram. Mineiro e Miguel foram apenas de regulares a fraco. E Jadson, antes de tomar um couro do careca, surpreendeu pela disposição e intimidade com ondas violentíssimas.

 

Alguns comentários nas redes sociais destacaram que a direção de prova estava colocando em risco até mesmo a vida dos competidores, colocando-os para surfar em ondas de até 10 pés numa bancada daquela, onde muitos já tiveram contusões seríssimas e outros já perderam a vida.

 

Realmente existe risco, não podemos ignorar esse fator, não podemos ser hipócritas em dizer que quem está lá tem que botar pra baixo em qualquer uma, em qualquer condição. Apenas os que têm as manhas mesmo é que devem se submeter a tal, caso contrário, deve-se ter a humildade de reconhecer que o buraco é mais largo do que sua honra e habilidade pode suportar e partir para tentar angariar pontos em outras etapas.

 

A consequência disso? Sempre serão surfistas intermediários. Treino, quem quer chegar lá e mandar bem tem que treinar, como Jadson fez.

 

Vão vacar, claro que vão. Foram vários perrengues vistos em HD pelo mundo todo! Michel Bourez, o mais local de todos da elite, tomou umas três vacas que achei que o couro cabeludo dele tinha ficado grudado no reef.

 

Abala, claro que abala. Medina mesmo, na bateria final, ao ser engolido pelo lip de um tubaço, nitidamente voltou ao line up com os olhos arregalados e já com uma fisionomia mais apreensiva. Qualquer pessoa sã sabe dos riscos e que só se podem superá-los com habilidade e coragem.

 

E as notas? Nossa, quantos high scores, quantos tubos sensacionais, quantos “claims” forçados, quantas vibrações espontâneas, quanta prova de bravura!

Certo, estávamos falando das notas. Bom, quando o funil começou a apertar é que a maioria prestou mais atenção nas diferenças entre as ondas surfadas, pois no começo e meio do campeonato estavam todos corneteiros dando nota 10, já que o que víamos ali era uma obra prima do surf competição.

Já vinha me chamando a atenção para um perceptível achatamento das ondas de Medina e um ou outro favorecimento para algumas ondas de Slater. Talvez previam que no cruzamento final da chave poderiam, quem sabe – se as condições fossem favoráveis -, colocar mais pimenta no ranking, para que Gabriel não se distanciasse tanto dos demais.

E na semifinal entre Kelly e JJ Florence, esse fato ficou bem nítido para muitos. A onda do havaiano na regressiva merecia a virada sobre o rei careca. Para você, merecia? Bom, pra mim, sim, e até mesmo o John John bem frisou que a onda da nota mais fraca, um “simples” 9.87, tinha sido melhor do que o 9.90, que fora sua primeira onda da bateria.

Não por ser ele mesmo John John a analisar, ainda dentro da água, com Slater ao seu lado com aquela cara meio de irônico icônico que só ele tem, mas porque era fácil concretizar que houve ali um favorecimento. A nota do havaiano demorou demais a sair, como se fizessem contas e mais contas afim de não darem a virada, mas ao mesmo tempo deixar o havaiano com um prêmio de consolação do “empate”, como se isso existisse no surf competição.

O que nos preocupou era o que viria pela frente, a final e a disputa pela ponta do ranking. Foi aí que o que sempre falamos dos brasileiros contra alguns queridinhos ou mesmo para o favorecimento da “emoção” do circuito, poderia começar a tomar forma, ou seja, Medina que teria que surfar para somar 30 pontos e não 20, com as duas melhores ondas.

Ao contrário da maioria de suas baterias, Medina agora sabia que tinha que procurar as bombas, e assim o fez. Sabia que teria que despencar nelas, e assim o fez. Sabia que teria que andar por dentro o máximo que pudesse, e assim o fez. Sabia que tinha que vencer sem deixar nenhuma sombra de dúvidas, pois, uma mísera dúvida que surgisse, a onda nos 50 segundos finais de Slater teria virado a bateria.

Medina é o presidente do Tour, eleito por ele mesmo, por seu surf, por seu talento e garra acima de qualquer dúvida que possa existir. Mesmo com os “deputados” e “senadores” contra, ele vem mantendo o foco e a maior promessa de campanha: SER CAMPEÃO MUNDIAL!

Se ele quer, nós também queremos!

Aloha, Medina, amamos você!

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