Pediram onda e Netuno mandou. Séries monstruosas de até 2,5 metros, vento maral (20 a 30 nós). A bancada ficou sinistra em Merewhether. Diferente dos dias anteriores, a sexta-feira amanheceu cinzenta e com muita onda. O forte swell que está descendo pela costa Leste, sentido Norte a Sul, chegou a Newcastle para abrilhantar o Burton Toyota Pro, evento seis estrelas da ASP que termina no domingo (24/2).
Os competidores que entraram na água para disputar a quarta fase tiveram que competir com a fúria do oceano e não somente entre eles. Pranchas quebradas, longas remadas para vencer a arrebentação, medo, sufoco e frustração foram alguns ingredientes presentes.
Na competição, retornamos a partir da sexta bateria. Keanu Asing, do Hawaii, venceu o pernambucano Ian Gouveia, avançando juntos para a fase dos 24 melhores. O cearense Heitor Alves e o australiano Connor O’Leary ficaram de fora.
Sétima disputa na água e dois autralianos Julian Wilson e Dion Atkinson avançaram com boas performaces.
Em condições extremas, Willian Cardoso foi o melhor na bateria, seguido pelo aussie Garrett Parkes. Já o baiano Marco Fernandez ficou pelo caminho.
Na bateria seguinte, Alejo Muniz seguiu com vitória, mais uma vez com boa performance, levando consigo o havaiano Granger Larsen.
O campeão brasileiro Messias Félix, que no dia anterior havia passado em segundo, sentiu o gosto da vitória nesta décima bateria. O grandalhão Jay Thompson, que parecia estar gostando das condições, também garantiu classificação.
Mais um brazuca garantiu vaga na bateria de número 11. Foi Alex Ribeiro, que passou em segundo, atrás de Nicholas Squires. E a cada bateria o mar ficava maior e mais buraco, por conta também da troca de maré.
A esperada bateria de Adriano de Souza chegou e ele não decepcionou. Conseguiu passar a arrebentação e arrancar duas notas que o colocaram na frente de Patrick Gudauskas, também classificado para a próxima fase, deixando Darren O’Rafferty e Brett Simpson de fora da porta.
Já na fase dos 24 surfistas que permanecem na competição, apenas uma bateria entrou na água. Foi o bastante para os organizadores decidirem pela paralisação do evento.
O experiente Damien Hobgood garantiu a vitória, mas quem fez a festa foi o baiano Bino Lopes, que já garantiu um brasileiro na próxima fase. “A correnteza está muito pesada. Contei com a sorte para chegar lá fora e achar algumas ondas. Está muito fora de controle”, confidencia Lopes.
Enquanto isso, Damien Hobgood, em sua entrevista, também confessou. “Acho que foi correta a paralisação. É você contra o oceano lá fora; você não via os outros competidores, você fica focado em vencer o oceano e como fazer pra surfar naquelas condições. Estava preocupado em não conseguir passar a arrebentação”, completa Hobgood, aliviado.
Por conta da tempestade que ameaçou intensificar sua força, os organizadores têm que tomar a decisão de continuar ou manter a competição paralisada neste sábado, quando teríamos as finais do Feminino e as baterias pendentes do feminino.