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Quem faz o anúncio é Marcelo Pretto, ex-fotógrafo profissional de surf. Proprietário da locadora de veículos nas proximidades do aeroporto internacional Hercílio Luz, em Florianópolis, Marcelo está sempre de olho em quem desembarca na ilha. É só passar um capão na capota de algum carro que ele dá a notícia.
A promoção acontece há algum tempo. Já foram beneficiados Junior Faria, campeão no Farol de Santa Marta, em 2010, Bernardo Pigmeu, vencedor na praia do Santinho, em 2010, e o australiano Tom Whitaker, vice de Medina na praia da Vila, em Imbituba, no ano de 2011.
Marcelo Pretto foi atuante como fotógrafo ao longo da década de 90. Morou na Califórnia e foi frequentador assíduo de temporadas havaianas. Seu ingresso na fotografia de surf foi natural. Começou quando se divertia fazendo fotos dos amigos durante as caídas.
Nessa época, surfava ao lado de Jojó de Olivença e foi se instigando. Marcelo diz ter sido um dos pioneiros a obter um patrocinador como fotógrafo no Brasil. Em seu auge, tinha uma parceria com uma grande marca de surfwear. Ná época em que viveu em Oceanside, Marcelo era correspondente de publicação brasileira e tinha um espaço chamado Calling Califórnia.
Por lá fez muitas amizades e acabou montando, em parceria com os gringos, a revista Soul Surf. Além da própria publicação, foi contribuinte da revista Wave Action, que tinha o ex-competidor Pete Rock como editor.
Além das revistas citadas, Marcelo contribuía com a revista japonesa de propriedade do brasileiro Ricardo Gibo (já entrevistado nesta coluna), a Surf Aholic. Vasculhando seu portfolio cedido para análise, deparei-me com uma entrevista feita por Marcelo com o big rider baiano André Rei, destaque naquela temporada, em meados dos anos 90.
O título da entrevista era “Entre a glória e a lama”! Calma que eu explico. O Rei botava pra baixo nas maiores, e nos intervalos cuidava da criação dos porcos da mansão da Miss Milie, conhecida como “Keavis”, onde dezenas de brasileiros se hospedavam no local apelidado também de manicômio.
Então, dá pra imaginar que no mínimo fôra interessante. No Hawaii, as ondas preferidas por Marcelo para fotografar eram Off-The-Wall e Rocky Point, onde elegeu como destaques Matt Archibold e Kalani Robb. Ali as manobras afloravam e eram perfeitas para os cliques, vide também a proximidade da onda da beira da praia.
Já no quesito prática do surf, Marcelo sempre buscava a onda de Jockos, pois a tranquilidade do crowd era melhor e se divertia surfando de frente pra onda, já que ele é goofy footer.
Sua primeira capa publicada trazia o top da Abrasp na época, João Capilé. Mas, segundo ele, sua preferida foi uma estampada na Soul Surf que trazia o ex-vice campeão mundial Brad Gerlach em alta velocidade, no entanto, fotografado em baixa velocidade controlada por sua técnica e mecanismos de sua câmera.
Em uma das temporadas havaianas, Marcelo – que também fotografava na água e tinha o monstro sagrado Aaron Chang como inspiração – passou um sufoco no Backdoor quando tomou uma grande série “na lata” e acabou indo com a corrente, saindo da água pálido e desorientado no Ehukai Beach Park.
Além da fotografia, Marcelo filmava e confeccionou os filmes “High Volume” e “Wanted” junto com os amigos americanos. De volta à sua terra, São Paulo, no final daquela década e casado com Renata, por ali viveu mais um ano e decidiu fixar residência em Florianópolis.
Aos poucos foi deixando o profissionalizmo da fotografia, que dava lugar ao hobbie. Sem estar longe do surf, Marcelo Pretto representou as pranchas Sharp Eye, do renomado shaper Marcio Zouvi. Com a demanda crescente de sua locadora, Marcelo hoje divide seu tempo também com sessions de free surf e duas viagens anuais. Ao meu ver, a preferida é Nicarágua, para onde este paulistano e corinthiano roxo tem ido nos últimos três anos.
E as coisas são engraçadas, pois sempre acabo entrevistando alguma personalidade do nosso esporte e só agora me lembrei que ele estava ao meu lado, ou seja, o “Pretto Véi” é meu vizinho e não tive problema em obter e divulgar o trabalho do amigo. Sempre me divirto com seu bom humor, sempre com uma tirada ou uma piada.