O Prêmio Best in Show, oferecido aos destaques da The Board Trader Show 2017, em várias categorias, poderia ter mais premiados. Um ótimo exemplo estava no estande da Edgo Surfboards, em preto e branco.
Uma releitura das stingers, que dominaram a cena do surfe em ondas menores na década de 70, chamou a atenção de muita gente. Ela tinha toda a cara daquelas stingers swallow das antigas, inclusive no visual, mas só até você se aproximar e pegá-la nas mãos.
Vale uma correção histórica. Quem apareceu primeiro com esse modelo, com um wing agressivo abaixo da metade inferior da prancha, foi George Downing, que o batizou de “Sting”, só que essas pranchas se tornaram famosas através do trabalho do shaper havaiano Ben Aipa e do surf de caras como Larry “Rubber Man” Bertlemann, Buttons Kaluhiokalani e Mark Lidell, só para citar os havaianos que queriam detonar também em ondas pequenas. Aipa ficou com o crédito até hoje.
Sim, numa época de pranchas muito maiores do que os surfistas, esse modelo era menor. Uma prancha que quebrava ao máximo a linha das curvas feitas pelas monoquilhas, criar velocidade e arcos mais fechados para um surfe melhor no que os havaianos chamam de merrecas (as ondas surfadas por eles nem eram assim tão pequenas).
Edgard Gomes, o “Edgo”, que apresentou vários modelos atuais e retrôs conta como pintou na TBTS com essa stinger que batizou de “Modern Stinger”. “Me inspirei nesse modelo por ser uma prancha que marcou uma era. Fiz pequenas ajustes para acompanhar um pouco a mudança no atual estilo de surfar. Tornou-se uma prancha mais veloz, leve e mais arisca. Ideal para ondas pequenas e médias onde o surfista poderá voltar no tempo e traçar uma linha de surf mais cheia de estilo. Usei um bloco da Millennium Foam de onde pude tirar uma 6’0” x 19.80 x 2.50 / 35 litros”.
A tal stinger preta e branca apresentava detalhes de pintura e acabamento impecáveis, mas o foil mais afilado que o das originais, o edge agudo do stinger para baixo e os detalhes do fundo aliado à caixa de quilha central longa e bico estilo “peruano” ou “concord”, bem aos moldes dos anos 70, criaram um equilíbrio surpreendente entre o novo e o antigo. Coloquei de volta no rack, com vontade de leva-la embora.
Nota do autor: Além de Edgo há mais gente fazendo releitura das stingers, há algum tempo. Logo mais falo sobre outras também interessantes.