Filho pródigo

Rebiere volta às origens

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Depois de 10 anos vivendo na França, franco-brasileiro Eric Rebiere volta a viver em Arraial do Cabo (RJ). Foto arquivo: © Dimulle / ASP Europe.com.

Ouvi falar que você está voltando para Arraial do Cabo. Quais os motivos desta volta às raízes?
Primeiro de tudo, saudades da familia e amigos. Meu avô faleceu recentemente e me deu um choque. É essencial ter uma base tranquila para conseguir voltar e recarregar as baterias da desgastante maratona do circuito mundial.
 
Quanto tempo ficou na Franca e o que alcancou lá?
Dez anos. Fui três vezes vice-europeu, duas vezes campeão, duas vezes melhor francês no ranking federal deles (N.R. Pontos de circuitos diferentes, atualmente o melhor é Jeremy Flores) e ex-Top 44.
 
Quais os objetivos para 2008?
Classificar para o circuito brasileiro de 2009. Voltar ao WCT. Na verdade estou sendo o atleta que nunca fui,  100% dedicado. Digo isso porque nem cerveja mais eu bebo, sendo  fim de ano ou não. 6 a 7 dias de treinos físicos com meu preparador Américo Pinheiro, além

Eric Rebiere durante Billabong Costa do Sauípe 2006. Foto: Fábio Medeiros / Surfbrasilis.com.

de muito surf.
 
Como está de patrocínio?
Estou ainda com alguns co-patrocinadores na França e por este motivo ainda devo correr  o WQS defendendo o país. Gostaria de avisá-los com antecedência, como fiz com meu antigo patrocinador no Brasil quando me mudei pra lá. Profissionalismo total. Meu patrocinador principal pulou fora no meio do ano, pois eu gostaria de começar a fazer tow-in e eles eram completamente contra jet-ski, uma posição muito bizarra nos dias de hoje, em que a mídia internacional abriu as portas totalmente para essa modalidade. Além do mais, não coincidiria com o circuito mundial, já que a temporada acontece no break de fim de ano, que é o inverno europeu.
 
Qual a sua idade e como está surfando?
Estou com 29 anos e em forma. Meu surf melhorou muito em velocidade com os treinos físicos e isso é essencial para as marolas do WQS.
 
Compare a estrutura da França com a do Brasil.

Acho que rola mais apoio na França, principalmente uma preparação da imagem do atleta, o que ajuda muito na hora de entrar no meio competitivo.
 
E a qualidade das ondas?
O outono e inverno europeu eu comparo às melhores ondas do mundo. Tubos pesados em fundos de areia ou de pedra, com ondas longas ou curtas em uma área bem menor que o Brasil. O verão é bem parecido no mundo inteiro, irregular. Acho que é bem melhor de onda que o Brasil, porém com o verão lá é inverno aqui. O perfeito é pegar o inverno aqui e lá, e sempre estar buscando os maiores swells.
 
Quem você acha que vai se dar bem no WCT de 2008?
Gringo: Mick Fanning vai continuar dando trabalho. Não acho que ele seja o melhor surfista, mas é o melhor atleta e está mais concentrado. Além dele, Kelly, Andy, Joel e talvez os dois moleques novos, Dane e Jordy.
Brasileiro: acho que Leo vai ser melhor julgado este ano e pode ser top 5. Surf moderno e com pressão, além de surfar bem no Hawaii. Acho o Raoni o brasileiro mais talentoso da história do surf nacional e na hora que ficar 100% concentrado, como Mick Fanning, pode disputar o título.

 

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