Marco Giorgi

Reflexão tubular

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Marco Giorgi faz o que mais gosta em Teahupoo. Foto: Aleko Stergiou.

Uruguaio radicado em Santa Catarina, Marco Giorgi, 20 anos, gosta muito de entubar e se destaca por seu talento dentro dos canudos.

 

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Aliás, esse bate-papo é totalmente focado nesta arte, ou melhor, paixão dos surfistas pelo ato que tanto diferencia nossa modalidade das outras, afinal cada tubo é uma história.

 

E nessa história aqui abaixo, Marco ainda fala sobre os talentos dos brasileiros nesta arte, ASP World Tour, melhores picos para entubar no mundo e seus planos para o futuro.

 

É bom entubar?

 

É a coisa mais vibe do mundo, se não existisse o ato de entubar não

teríamos um terço dos surfistas que existem no mundo. Todos surfistas sonham e vivem querendo pegar o tubo da vida. O vício começa no primeiro tubo. É a parte mais dificil e não é de um dia para o outro que se aprende, é algo que se pega com o tempo.

 

Como você desenvolveu esta paixão? Você acha que em outros esportes conseguimos tamanha interação com a natureza, já que cada tubo tem seu momento? Sem querer desmerecer nenhuma modalidade, mas o fato é que no skate o halfpipe sempre é o mesmo, enquanto no tubo cada um tem um formato e uma história, sem falar na interação geral.


Acho que todo surfista é apaixonado pelo tubo, não tem melhor lugar para ficar, acho que o surf é muito único, apesar de ser mais um esporte com prancha igual a outros, porém cada onda é diferente, todo tubo é diferente e cada um tem um visual mais louco que o outro, sem contar o amor pelas pranchas mágicas.

 

Quais são as técnicas especiais para entubar, tem como explicar alguma de front ou de backside?


Com certeza cada surfista adquire a sua com o tempo, treinando e vendo os outros fazerem. Onde acelerar, onde freiar, botar a perna, o braço e vários detalhes.

 

Você tem talento para entubar para os dois lados, mas tem algum que acha especial?


Não.

 

Quais as três ondas que você mais gostou de entubar e se tivesse que pedir para o papai noel três novas ondas, quais seriam?


A última seção de Desert (Growers), HT’s e Teahupoo. Três ondas novas? Que legal! Desert para a direita com certeza, na fente de casa é claro! Uma outra estilo Teahupoo de 30 segundos na praia ao lado de casa e um Trestles do outro lado. Só isso, mais nada papai noel (risos)!

 

Os brasileiros, com exceção de Bruno Santos, não são conhecidos no tour como exímios tube riders. Ao assistir o Pipe Masters, notei que se colocássemos alguns dos nossos reais tube riders no evento, poderíamos ter maiores chances, como os havaianos que sempre contam com atletas convidados e vindos de uma triagem. Temos vários talentos no Brasil, como Jerônimo Vargas, Danylo Grillo e Bruno Santos neste quesito, atipicamente, pois não temos ondas como Pipeline, Teahupoo ou Fiji no Brasil. O que você acha desses paradigmas?


Todos os surfistas do ASP World Tour surfam muito, todos! Eles têm seus méritos e estão lá porque merecem, realmente para alguns falta treino em Pipe, com certeza tem muito tube rider brasileiro que não está no tour.

 

Se você deixasse alguns deles com mais três pessoas na água em Pipe numa bateria daria para fazer um belo estrago e ganhar o Pipe Masters, o Bruno já mostrou isso ao vencer Teahupoo com os melhores do mundo lá. Com certeza ele e outros têm talento para vencer um Pipe Masters.

 

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Aqui mostra seu talento para o lado oposto no Hawaii. Foto: Bruno Lemos / Lemosimages.com.

O tubo é o momento máximo do surf, momento de integração com a natureza e até de elevação espiritual para os mais obcecados. Como você analisa isso?


Analisar tá complicado! (risos) Com certeza é dos momentos máximos! Um tubo pode mudar totalmente o humor de qualquer pessoa ou pagar qualquer trip por mais cara que seja e até pagar algumas cervejas.

 

Existiu na década de 90 e hoje estão voltando à tona os denonimados free surfers, aqueles que viajam atrás de ondas perfeitas. Não são big riders de Mavericks ou Jaws e nem competidores. Como você se denomina? Ao meu ver você se tornou atualmente um dos melhores nesse aspecto, com talento para big rider. Pretende se tornar um big rider e ir atrás de ondas gigantes também?


Quero fazer tudo um pouco, mas este ano irei mais atrás de campeonatos.

 

Quem te inspira surfando no Brasil e mundo?


Jerônimo, Camarão, Alejo, Alex Chacon, Junior, Jessé, Raoni, Neco, Heitor, Patrick, uma galera! Entre os gringos: Joel, Bruce, Andy, Julian, Dane e outros.

 

Quem faz tuas pranchas e que tamanho você usa para cada determinado tipo de onda?


São feitas por Wade Tokoro, shaper havaiano. Minha prancha do dia-a-dia é uma 6″0′ ou 6″1′ x 2 3/8 x 18 1/2 e vai mudando com o tamanho do mar 6″3′, 6″6′ , 6″10′, 7″2′, depende…

 

Qual o segredo do sucesso ao seu ver?


Insistir, lutar, não desistir, não ficar esperando, respeitar, ser humilde e educado.

 

Quando você era moleque esse era seu sonho? E para o futuro?


Era mais ou menos isso (risos), ficava alucinado vendo filmes de surf. A cada viagem eu realizo sonhos na verdade, pegando ondas que só via nos filmes, filmando e fazendo fotos, mas ainda tenho muito pela frente, está começando e vou lutar por muito mais.

 

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Galerinha do Waves sempre na vibe!!! Continuem fazendo um bom trampo…