Morando no Sul do Brasil desde o fim de 2002, sempre procuro matar a saudade da região Nordeste, local onde me criei e fui muito feliz em toda a minha infância, adolescência e vida adulta depois de casar e ter filhos.
As praias pernambucanas, estado vizinho de minha querida Paraíba, eram também onde buscava minha evolução, seja no freesurf ou nas competições, que, aliás, na década de 80 e até meados de 90, eram muitas.
Recentemente, passei um fim de semana muito divertido em Porto de Galinhas e adjacências. Foi muito surfe, muitos bons papos com os amigos e muitas risadas, lógico. As ondas da Baía de Maracaípe costumavam ser muito boas, não tinha um vez sequer que não pegasse boas ondas no local. Nos últimos anos, o fundo não vinha ajudando na formação das ondas, mas nesta minha investida fui surpreendido com ondas fortes e tubulares. Fiz um fim de tarde ali com a presença de moleques que vi crescer e que fez muito minha cabeça.
Rafael Cavalcanti, Halley Batista e Junior Lagosta faziam a mala. Aliás, parte de minha ida a Pernambuco devia-se à minha nova investida – um apoio com meus shapes a Junior Lagosta. Em uma retomada de sua carreira profissional, Lagosta vem fechando boas parcerias e busca agora um patrocinador de bico para que o “catapulte” para a corrida de disputas no QS.
Seus treinos são constantes e acredito muito em seu potencial nesta nova fase. Voltando ao surfe, os tubos foram muitos, mesmo de “bucho” ainda cheio proveniente de uma refeição no Bar do Marcão, famoso por seu caldinho de aratu, peixe frito, pirão e por aí vai… A session de culinária adentrou a noite com um pit stop na pizzaria e creperia “Mocambo”. Ali encontrei o parceiro paraibano Otávio Lima com amigos paraibanos que passavam o fim de semana com suas famílias fazendo justamente o que sempre fazíamos, usufruir das ondas pernambucanas para o freesurf. Grata supresa também encontrar Eduardo “Macaco”, proprietário da Seaway. Os papos foram muitos, entre mercado de surfwear, ondas e alimentação saudável, afinal o cara segue uma dieta sem lactose e se mostrava “fit”, muito bem.
Surfe combinado na manhã seguinte, na vala da praia do Cupe. Ao despertarmos às 5 da matina, aguardava a mensagem de Junior Lagosta para checarmos alguns reef breaks, especialidade da casa. No caminho, vimos que as ondas haviam perdido força em relação à tarde anterior. Enquanto esperávamos por uma série pra vermos se o pico ali estava funcionando, encontramos o hot surfer local Bruno Rodrigues, que voltava de pescaria e não tinha se animado muito com as ondas.
Zoamos com os três bagres que Bruninho havia pescado e decidimos investir, pois se estivesse ruim sairíamos pra cair na praia do Cupe. Uma série entrou e um rastro de um surfista mostrou-se satisfatório. “Lagosta”, vamos nessa, a última vez em que surfei aqui foi há 13 anos!”. E ao entrarmos, o pedido foi melhor que a encomenda. Séries de meio a 1 metro, apesar de demoradas, vinham de vez em quando. Felipe Queiroz, Isaias “Chikungunya”, Aldo Lins e mais dois surfistas faziam a mala. Na missão de capturar imagens de Junior Lagosta para começar o nosso trabalho, havia levado minha câmera e se possível também revezar na session e ter algumas ondas minhas filmadas.
Assim que entrei, me posicionei mais ao fim da onda, mas, como um passe de mágica, acabei pegando umas três boas logo de cara, ondas estas que aqui estampam algumas fotos do melhor ângulo, ou seja, dentro do tubo. Não demorou para que Felipe Queiroz viesse em uma bela onda, entubando do começo ao fim. Felipinho é um excelente videomaker e já confirmou isso em vários videos publicados. Infelizmente, pela dificuldade que tem-se para trabalhar com surfe, o local do pico diversificou seus trabalhos para outras áreas e tem se saído melhor. Uma pena, mas são coisas do nosso esporte.
O molequinho franzino de apenas 13 anos estava arisco no pico. O conheci ali e atendia pelo nome completo de Isaias Soares do Nascimento. Mas, como naquela área a turma não alivia, já estava batizado carinhosamente como já citado, de “Chikungunya”. Ah, danados!
Quando Junior Lagosta entra “in action”, a pista fica pequena diante de tantos voos e alguns tubos. Fiquei feliz, pois o jagunço mostrava-se dominando as novas pranchas. Vi uma similaridade na forma do Aldo Lins acelerar a prancha com Danylo Grillo, afinal ele era goofy e inclinava-se levemente para entubar.
A session rolou solta por duas horas e fizemos a mala, pois mais ninguém apareceu no pico. Acho que pelo fato de em certos momentos as séries estarem demoradas ,a galera não via muita graça, para nossa sorte. O fim de semana estava esplêndido. Quando revíamos as imagens da caída na casa de Geraldo Cavalcanti, que me hospedou em sua residência, um integrante da banda Amaré fazia um som muito legal. Foi o entrosamento de minha estada e logo mais ao fim da tarde já me encontrava na Ilha do Retiro para ver o jogo Sport x Grêmio. O desdobramento não poderia ter sido melhor, com o 4x 2 pro meu Leão. Aliás, pro nosso Leão, já que assisti à partida com o amigos Henrique e Maurício Bandeira, o famoso “Gambá”, da marca Mais{+} Surf.
Dali segui para a Paraíba visitar meus pais e surfar em Praia Bela, litoral sul do estado. Não fotografei o surfe, mas cliquei o visual da praia de Tambaba, que na década de 80 era palco de meus treinos juntamente com os amigos.
Baterias recarregadas, saudades muitas e bucho maior ainda, afinal, em casa de mãe come-se muitas especiarias regionais. Já viu, né? Agora é sentar o pé na malhação pra tentar perder os quilos extras adquiridos. Ôxe, maaaainha…