Cerca de 10 mil pessoas, um público nunca antes visto no local, lotaram a praia do Silveira nesta segunda-feira. Foto: Ricardo Macario. |
Em ondas regulares de até 1 metro, ainda com presença de um forte vento sul, rolaram as 16 baterias da terceira fase da competição, desta vez com sol e céu azul, que ajudaram a atrair um enorme público na praia, que segundo moradores do local foi o maior já visto em um campeonato de surf – cerca de 10 mil pessoas durante o dia.
Os brasileiros não foram bem e dos 10 que caíram na água, apenas dois avançaram, o paulista Renan Rocha e o paranaense Peterson Rosa. Já os líderes do ranking Kelly Slater e Andy Irons se classificaram para as oitavas-de-final, mas o número 3 Taj Burrow foi eliminado por Renan, primeiro brasileiro a vencer uma bateria.
A outra única vitória veio na disputa seguinte, com o paranaense Peterson Rosa ganhando o confronto verde-amarelo contra o pernambucano Paulo Moura.
Renan Rocha desbancou o número 3 do ranking, Taj Burrow, que praticamente deu adeus às chances de disputar o título mundial. Foto: Ricardo Macario. |
Dos candidatos ao título mundial da temporada, o primeiro a competir foi o atual campeão do WCT, Andy Irons, que surfou a melhor onda do dia – nota 9,17 – e superou o alagoano Tânio Barreto com um tranqüilo placar de 15,67 x 9,84 pontos.
“Estou muito feliz por ter passado mais uma bateria e ter tirado mais esse peso das costas”, confessou Irons. “A condição do mar está muito difícil, com poucas ondas, e qualquer um pode vencer”, analisou o defensor do título mundial, que perdeu a liderança do ranking para Kelly Slater na última etapa da perna européia, na Espanha.
A aparição de Slater na praia novamente foi a maior atração do evento. Apesar de inicialmente ter sido ovacionado pela enorme torcida, ele teve muito trabalho para derrotar Odirlei Coutinho e no final foi até vaiado por ter marcado o brasileiro, que poderia ter virado o resultado. O surfista de Ubatuba pegou a melhor onda e tirou a maior nota da bateria – 8,5. Porém, na soma das duas melhores apresentações de cada um, Kelly Slater saiu vitorioso com uma pequena vantagem: 13,83 x 13,00 pontos.
Kelly Slater venceu Odirlei Coutinho e avançou para as oitavas ao lado de Andy Irons. Foto: Ricardo Macario. |
Após sua segunda vitória no Nova Schin Festival WCT Brasil 2003, ele concedeu uma entrevista coletiva à imprensa e confessou que gosta muito do Brasil, classificando os brasileiros como os mais fanáticos em todo o mundo.
“Nada se compara aos brasileiros, eles torcem bastante, mas às vezes esse assédio incomoda um pouco. Desde 1999 eu não vinha ao Brasil e gostei muito desta mudança do Rio de Janeiro para Santa Catarina. Pena que não as ondas não entraram, mas prefiro Florianópolis, que é muito bonita e é uma cidade mais surfe do que o Rio”.
Nas oitavas-de-final ele pega o havaiano Kalani Robb, que derrotou o niteroiense Guilherme Herdy na disputa seguinte, por 12,84 x 6,67 pontos. Herdy foi o sétimo brasileiro eliminado do evento, e teve sua prancha quebrada na primeira onda da bateria.
Os quatro primeiros brazucas perderam para surfistas australianos. Mick Fanning despachou o gaúcho Rodrigo Dornelles por 14,00 x 12,17 pontos. Por uma pequena diferença – 11,70 x 10,93 pontos, Neco Padaratz foi barrado por Richard Lovett numa disputa polêmica, que deixou dúvidas em diversas pessoas que acompanharam a bateria.
Neco Padaratz surfou bem, com o apoio da torcida, mas não conseguiu vencer o veterano Richard Lovett. Foto: Ricardo Macario. |
Depois disso, o catarinense perdeu a concentração e não encontrou boas ondas para tentar uma nova reação, visivelmente insatisfeito com a marcação dos juizes. A torcida apoiou muito o atleta local, que infelizmente saiu derrotado do mar, porém muito aplaudido.
Joel Parkinson registrou a maior pontuação do dia – 16,34 pontos – para derrotar Marcelo Nunes, que ficou completamente perdido e saiu precisando de uma combinação de 15 pontos para virar o resultado. E Victor Ribas caiu diante de Trent Munro por 10,96 x 8,27 pontos.
Mas, Renan Rocha quebrou o tabu da segunda-feira e mesmo com o bico da prancha quebrado se tornou o primeiro brasileiro classificado para as oitavas-de-final. Por 12,66 x 9,10 pontos, derrotou o número 3 do WCT 2003, Taj Burrow, que destruiu sua prancha após a eliminação que praticamente lhe tirou a chance de continuar na briga pelo título mundial nas etapas finais no Hawaii.
Um público selecionado prestigiou o penúltimo dia do Nova Schin Festival WCT Brasil 2003. Foto: Ricardo Macario. |
Coincidentemente, Peterson está enfrentando vários brasileiros no evento. Passou pelo baiano Armando Daltro na repescagem, pelo pernambucano Paulo Moura na terceira fase e agora vai enfrentar Renan Rocha nas oitavas-de-final.
“É uma pena que isto tenha acontecido, porque é ruim dois brasileiros estarem se encontrando nestas fases decisivas, mas estou precisando de um bom resultado para me garantir no WCT do ano que vem. Pode ter certeza que tanto eu como o Moura preferia tirar um gringo da competição e não um brasileiro”, falou Peterson Rosa.
Após sua segunda derrota consecutiva para o paranaense, Paulo Moura já escolheu seu candidato ao título: “Ele me venceu de novo e agora torço para que ele ganhe o campeonato”.