Cores do Mar

Retratos para a eternidade

Sunset Beach, Hawaii, 1979

Para mim o surf sempre existiu. Descobrir seu começo foi uma grande alegria e emoção! Nasci em 1975, na fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, divisa com Uruguai, distante do mar.

 

Desde criança visitava a família do meu pai, no Rio de Janeiro, onde absorvia o ar litorâneo nas tão esperadas férias! Ao morar em Floripa a cultura surf me atingiu em cheio, mudando minha maneira de comer, pensar, vestir, pintar e mais algumas coisas!
 
E falar de cultura surf no Brasil é falar de Fernando ‘Fedoca’ Lima, 56 anos, carioca criado em Copacabana, um dos pioneiros do esporte e de sua retratação.

 

Fedoca foi o primeiro fotógrafo free lancer de surf do país. Sua história se confunde com nossa história do surf! Sabemos que na década de 30 começou-se a pegar ondas nestas terras, quer dizer, nestas praias, mas foi na década de 70 que houve um crescimento que até hoje não cessou.

 

O Píer de Ipanema, onde Fedoca frequentava aos 16 anos, em plena época de ditadura, foi onde surgiu uma tribo única até então, de amantes do mar, da natureza, de uma cultura de paz que influenciou e influencia milhares de jovens em seu comportamento.
 
“Quando comecei a fotografar, não pensava na foto documental, histórica ou artística, eu pensava no surf! O Píer foi escola para tudo, o surf, as fotos. Nos anos 70 não existia patrocínio, tinha aquela coisa, aquilo que você não imaginava… Como é que vou viver do surf?”, revela Fedoca.

 

Ele também conta que vivia um dilema toda vez que ia à praia, pois em uma mão levava tripé, máquina e lente e na outra a prancha! Ainda lembra que na Revista Brasil Surf faziam matérias com fotos sem dizer o local exato das ondas! Era a mística do Secret Spot! Um pico secreto onde os melhores tubos rolavam! Agora revela sem problemas que era Barbados, El Salvador…

 

“Tudo o que fazemos em prol do surf, da evolução desse esporte, fazemos contra o surfista. Porque tudo o que ele quer é estar sozinho, sem o crowd, pegando as melhores!”, opina.
 
Fedoca fez curso de fotojornalismo na Califórnia, expôs fotos no Sesc Rio, em restaurantes, saiu em matérias de jornais e deveria ser personagem de documentário. Ele que sempre retratava seus amigos, os melhores do Brasil, como Daniel Friedman, Ricardo Bocão, Pepê Lopes, entre outros.
 
No último domingo, durante o Surf Treino do Arpoador Surf Club, era eu que corria atrás do fotógrafo para fotografá-lo! Foi engraçado! Cada tempo que passa aumenta meu respeito e minha admiração por toda essa galera do Píer de Ipanema e pela cultura que ela gerou. Informalmente, Fedoca me contou do seu pioneirismo.

 

“Eu fui o primeiro surfer e surf photografer. Depois de mim, vieram centenas.”

 

Aceno com a cabeça para o Mestre e me despeço no final de tarde nesse point clássico de energia que é o Arpex!

 

 

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