Revolução aérea

Revolução aérea

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Nesta semana, um vídeo aéreo gravado sobre as poderosas ondas de Pipeline, no Hawaii (veja matéria publicada no site Waves em 5 de janeiro), colocou o mundo do surf em evidência em grandes veículos de comunicação, como as revistas Exame e Superinteressante. Produzidas pelo videomaker Eric Sterman, as imagens foram capturadas por um drone – pequeno helicóptero equipado com câmera e controlado remotamente. Em outubro último, a FLUIR publicou uma matéria que detalha como essa novidade tecnológica está revolucionando a maneira de captar imagens de surf. Confira abaixo o texto na íntegra e assista ao tão comentado vídeo.  

Os drones começam a aparecer com frequência nas etapas do WCT e prometem revolucionar para sempre a maneira de captar imagens de surf. 

Por Bruno Abbud 

Nem a plateia, nem o oponente, nem os cliques dos fotógrafos dentro da água. De agora em diante, o que vai tirar a concentração dos surfistas profissionais será, cada vez mais, um ruído parecido com o de um inseto batendo as asas, um “vssssssssss” quase silencioso. É esse o som dos drones (zumbido, na tradução) – os pequenos helicópteros equipados com câmeras e controlados remotamente por fotógrafos e cinegrafistas interessados em garantir a melhor imagem. Pode anotar: o line-up do futuro estará infestado dessas novidades tecnológicas.

Até onde se sabe, a primeira vez em que a ASP utilizou um drone para gravar uma etapa do Circuito Mundial aconteceu em abril de 2011 em Bells Beach, na Austrália. Na ocasião, a empresa australiana Extreme Aerials foi contratada pela Rip Curl para registrar do alto a segunda etapa do WCT. Quase três anos depois, algumas empresas especializadas em filmagens aéreas começam a surgir em vários cantos do mundo. No Brasil, o aeromodelista Luiz Neto fundou em São Paulo a Go Cam, cujo trabalho que mais se destacou, até agora, foram as filmagens dos protestos de junho para o “TV Folha”.

O filmmaker havaiano Mark Morgan registra cenas de surf há 15 anos. Mês passado, ele estava em Trestles, na Califórnia, com seu drone em mãos, pronto para a sétima etapa do Circuito Mundial. “Com os drones você consegue ângulos que normalmente custariam cerca de US$ 5 mil por dia, para alugar um helicóptero, pagar o piloto e tudo o mais”, diz Mark. “No surf, é preferível usar o drone em ondas perto da costa, porque, além de a bateria durar de 6 a 8 minutos, fica mais fácil registrar não só as ondas, mas todas as cenas da galera na areia. O que é interessante também é que você pode filmar o ponto de vista dos surfistas, o ângulo que eles têm de dentro da água.” Para Mark, os drones constituem uma evolução promissora. “Nós realmente estamos contando a história como ela jamais foi contada antes.”

Californiano de San Diego, o filmmaker Scott Loeschner trabalha há tempos com filmagens profissionais, mas só utiliza o equipamento há um ano e meio. Durante o campeonato em Trestles, Scott garantiu as imagens para a produtora em que trabalha, a Hornet Eye Productions, também especializada em cenas aéreas, com um modelo de oito hélices equipado com uma câmera Canon 5-D – todo o equipamento custou a ele cerca de US$ 15 mil. “É complicado filmar etapas profissionais porque você não quer atrapalhar os competidores com um drone por perto”, diz. Nada que a tecnologia não resolva. Scott acredita que o futuro reserva drones cada vez mais estáveis, que aguentariam, além de ventos fortes, o peso de câmeras com um zoom melhor e bateria mais duradoura.

Os primeiros drones surgiram em 1996, quando a empresa norte-americana Lockheed Martin, especializada em tecnologias bélicas, desenvolveu um modelo para o governo dos Estados Unidos testar durante exercícios militares. Atualmente, duas das principais fabricantes de drones são a Mikrokopter, da Alemanha, e a DJI, com sede em Hong Kong. A DJI fabrica o Phantom, um dos modelos mais baratos, com quatro hélices, que pode ser encontrado a US$ 500 no eBay. Existem versões de quatro a oito hélices, que podem custar até US$ 15 mil. Os drones também podem ser chamados de Vants (Veículos Aéreos Não Tripulados). Embora só os pequenos helicópteros sejam utilizados em filmagens de esportes e aventura, há modelos em formato de avião que chegam a pesar 150 quilos, geralmente usados para fins militares. O exército brasileiro e a polícia federal compraram seis desses para garantir a segurança durante a Copa do Mundo, no ano que vem. No universo do surf, os drones estão servindo para registrar só um tipo de guerra: a que acontece dentro da água.