Ricardo Toledo leva a melhor no Tombo

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Ricardo Toledo leva a melhor entre os veteranos. Foto: Ivan Storti / FMA Notícias.
A categoria Master roubou a cena na segunda etapa do Okdok Paulista, encerrada neste domingo (1/8) na praia do Tombo, Guarujá.

 

Numa final reunindo quatro atletas de renome, os veteranos deram um show de habilidade nas ondas de até 1,5 metros.

 

Depois de vencer a Open, na etapa de abertura, Ricardinho Toledo, de Ubatuba, fatura na Master, numa disputa acirrada contra três lendas, o santista Almir Salazar e os irmãos do “Tombo”, Neno e Paulo Matos.

 

A competição, que reuniu 134 atletas, também teve como vencedores, em atuações impecáveis, mais dois ubatubenses, João Santana, na Open,

Luana Coutinho surpreende e fica com o título no Feminino. Foto: Ivan Storti / FMA Notícias.
e a revelação Luana Coutinho, no Feminino, e o fenômeno do Longboard, Danilo “Mulinha” Rodrigo.

 

Na disputa por cidades, novamente os dois grandes pólos do surf paulista, Ubatuba e Guarujá, brigaram até a última bateria e, apesar de ter vencido apenas uma categoria, contra três da arqui-rival, Guarujá saiu vitoriosa, por uma diferença mínima de 0,4% – 4.176 a 4.159 pontos.

 

A surpresa ficou por conta de Santos, cidade onde o surf brasileiro nasceu, que depois de muitos anos voltou a figurar entre as principais, terminando na terceira colocação.

 

Danilo Rodrigo, campeão no Longboard. Foto: Ivan Storti / FMA Notícias.
“Foi uma etapa memorável, com grandes disputas, atletas de alto nível, sobretudo na Master, que está trazendo de volta ao cenário nomes que ajudaram a construir a história do surf brasileiro. O paulista, que é um dos circuitos mais tradicionais do país, ficou três anos parado, mas voltou com tudo”, comemorou Marcos Bukão, diretor técnico do evento.

 

A disputa que causou mais expectativa foi a Master, para surfistas com mais de 35 anos de idade. Desde as semifinais empolgaram o público. Almir Salazar teve uma briga boa com Amaro Matos, outro irmão do “Clã Matos” na competição, com a vaga para a final sendo definida nos instantes finais.

 

Na outra semi, novamente um show de manobras, entre Ricardinho e o guarujaense Kias de Souza, que foi o primeiro campeão do circuito paulista, em 1986. Após 18 anos, o surfista de 37 anos resolveu retornar. “Não tenho mais tempo para treinar. Trabalho a semana inteira e só surfo aos domingos, mas vim aqui para me divertir”, disse Kias.

 

Depois, na finalíssima, Ricardinho, que está estreando na categoria nesta temporada, não deixou dúvidas quanto à vitória.

 

Escolhendo bem as ondas, ele conseguiu ligar uma manobra a outra, sem perder a velocidade, num mar com ondas difíceis, arrancando um 7,5 pontos, e não foi ameaçado pelos rivais. Bicampeão brasileiro profissional em 1991 e 95, ele estava afastado das competições desde 2000 e ficou o ano passado praticamente sem surfar, em função de uma hérnia de disco.

 

“Foi uma final muito difícil, porque são três grandes nomes, que respeito muito. Competir ao lado deles é uma honra, vencer então. Os três têm história e muito o que contar. Merecem todo o respeito”, comemorou Ricardinho, que está com 36 anos.

 

“Estou voltando aos poucos. Na verdade, a recuperação é delicada e não posso forçar muito. Só tenho de agradecer a Deus por essa benção”, disse o vencedor, que festejou apontando para a frase na sua prancha: ‘Sou seguidor de Jesus Cristo’.

 

Vale destacar que ele foi o único atleta a participar de três categorias e, na Open, ele segue com chances de faturar o título, em segundo lugar no ranking.

Com o resultado, Ricardinho assumiu a segunda colocação na classificação master, com 1.531 pontos, atrás de Almir (único tetracampeão paulista profissional), que soma 1.900, com o segundo lugar nesta etapa.

 

Neno Matos, bicampeão brasileiro e paulista Master, terminou a disputa na terceira posição, seguido do irmão, Paulinho, o primeiro campeão brasileiro profissional da Abrasp, em 87.

 

Outra final que chamou a atenção foi a Longboard, na disputa onda a onda entre Danilo Rodrigo e Adriano “Alemão” Melo, ambos de Guarujá. O vencedor saiu na frente, com um 7,5, Alemão virou o resultado com uma ondas 8,40 e Mulinha retomou a ponta com a melhor onda do evento, tirando 9,25, numa direita com duas batidas de frontside, na parte crítica da onda, e outra na junção, deixando a prancha reta, o que é muito difícil no longboard.

 

“Peguei essa prancha sábado e nem tive tempo para treinar, mas ela está muito boa. Só não tinha me adaptado com a quilha, mas troquei com o Alemão e ficou perfeita, no pé. Foi uma final de altíssimo nível e bem melhor porque foi em casa”, ressaltou Mulinha, de 19 anos, que este ano terminou o Mundial da categoria como top 16.

 

Na classificação geral, Adriano Alemão segue líder, com o segundo lugar, somando 1.900 pontos. Mulinha está em terceiro, atrás de Carlos Bahia, de São Sebastião. Ainda merece destaque Marcelinho do Tombo, outro talento da cidade, que mesmo competindo com uma prancha emprestada ficou em terceiro lugar.

 

“Minha prancha ficou trancada no apartamento de um amigo meu e tive de me virar”, contou o surfista. A quarta colocação ficou com Kleber Silvano de Itanhaém, outro nome que vem crescendo na categoria.

 

Na final do Feminino, Luana Coutinho, de apenas 15 anos, mostrou um surf bem forte. Com uma batida forte, numa esquerda, ela garantiu nota 8 e abriu boa vantagem sobre a segunda colocada, a vicentina Rose Santana.

 

“Estou bastante feliz, porque estou sem patrocínio e esse resultado pode me ajudar muito”, disse a surfista, que passou a liderar a categoria, invertendo a posição com a sua conterrânea Jahia Bettero, que venceu a etapa de abertura e desta vez foi a terceira colocada.

 

No ranking, Luana tem 1.900 contra 1.810 de Jahia. “Vai ser pauleira até a última etapa”, brincou a nova líder. Também na final, Kátia Moura, de Praia Grande, outro talento da nova geração, com 16 anos, ficou em quarto lugar.

 

Depois, a final Open retratou bem a disputa entre cidades, com dois surfistas de Ubatuba, João Santana e Eduardo Silva, e dois de Guarujá, Mike Richard e Ricardo Silva. Mike liderou boa parte da final, mas João apresentou um surf inovador, explorando a parte crítica da onda, o que o critério moderno de julgamento pede. Com um floater, ele “encostou” em Mike, mas a radicalidade foi tanta que acabou trincando a prancha.
 
Mesmo correndo o risco de o equipamento partir ao meio, voltou a arriscar e voou, depois de uma batida de backside, assegurando a vitória. “Eu sabia que poderia quebrar a prancha, mas decidi ir com tudo”, disse o surfista de 19 anos, que não participou da etapa de abertura.

 

“Agora, o negócio é recuperar e partir para as outras duas, pensando em bons resultados”, emendou João, que venceu por uma diferença de 0,55 ponto – 11,05 a 10,50 de Mike. Ricardo Silva ficou em 3º lugar, seguido de Eduardo Silva. No ranking, Jaime Pereira, de Itanhaém, que perdeu na semi, é o número um.
 
Na disputa por cidades, novamente guarujaenses e ubatubenses travaram um grande duelo, com os donos da casa levando a melhor por muito pouco. A comemoração foi grande. Mas a grande surpresa foi a equipe santista terminar em terceiro lugar.

“Isso é resultado direto da volta do Circuito Santista. E é justamente isso que queremos, um trabalhão de base bem feito nos municípios”, destacou Silvio da Silva, o Silvério, presidente da Federação Paulista de Surf.

 

No ranking, onde também são somados os resultados do Circuito Hang Loose Surf Attack, das categorias Júnior, Mirim, Iniciantes, Estreantes e Petit, as duas cidades estão empatadas, cada uma com duas vitórias.

 

São Sebastião ocupa a terceira colocação e São Vicente aparece logo atrás. Os melhores surfistas da etapa em cada categoria ganharam cadernetas de poupança. No total, são R$ 4,5 mil por disputa, além de pranchas, kits, troféus e medalhas.

 

Para obter mais informações, visite o site fpsurf.com.br . A próxima etapa está marcada para a praia do Boqueirão, em Praia Grande, no mês de outubro. 

 

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Resultados


Open

 

1 João Santana – Ubatuba
2 Mike Richard – Guarujá
3 Ricardo Silva – Guarujá
4 Eduardo Silva – Ubatuba
 
Master

 

1 Ricardo Toledo – Ubatuba
2 Almir Salazar – Santos
3 Paulo Matos – Guarujá
4 Neno Matos – Guarujá
 
Longboard

 

1 Danilo “Mulinha” Rodrigo – Guarujá
2 Adriano “Alemão” Melo – Guarujá
3 Marcelinho Do Tombo – Guarujá
4 Kleber Silvano – Itanhaém
 
Feminino

 

1 Luana Coutinho – Ubatuba
2 Rose Santana – São Vicente
3 Jahia Betero – Ubatuba
4 Katia Moura – Praia Grande
 
Cidades

 

1 Guarujá – 4.176

2 Ubatuba – 4.159
3 Santos – 2.205
4 São Vicente – 2.083
5 São Sebastião – 1.886
6 Itanhaém – 1.690
7 Praia Grande – 1.690
8 Bertioga – 1.271
 
Ranking – após duas etapas
 
Open

 

1 Jaime Pereira – Itanhaém – 1.431
2 Júnior Faria – Guarujá – 1.312
3 Ricardo Toledo – Ubatuba – 1.185
4 Clayton Nunes – Ubatuba – 1.092
 
Master


1 Almir Salazar – Santos -1.900
2 Ricardo Toledo – Ubatuba – 1.531
3 Tekinho Do Tombo – Guarujá – 1.431
4 Neno Matos – Guarujá – 1.385 
 
Longboard

 

1 Adriano “Alemão” Melo – Guarujá -1.900
2 Carlos Bahia – São Sebastião – 1.556
3 Danilo “Mulinha” Rodrigo – Guarujá – 1.430
4 Amaro Matos – Guarujá – 1.341 
 
Feminino

 

1 Luana Coutinho – Ubatuba – 1.900
2 Jahia Bettero – Ubatuba – 1.810
3 Silvia Nabuco – Guarujá – 1.260 
4 Rose Santana – São Vicente – 1.182 
 
Cidades

 

1 Guarujá 3.800
1 Ubatuba 3.800
3 São Sebastião 3.086
4 São Vicente 2.777