#O carioca Ricardo Fontes de Souza, o Rico, comemorou na última quarta-feira 50 anos, sendo quarenta dedicados às ondas. Embaixador do surf brasileiro, ele já foi 92 vezes para o Hawaii e também é pioneiro em barcas para Indonésia, África do Sul e Austrália.
Por volta de 62, quando começou a surfar com prancha uma prancha de madeira, o Rio de Janeiro tinha pouco mais de uma centena de surfistas. Hoje, são mais de dois milhões espalhados pelo litoral brasileiro.
?Hoje, o esporte cresceu absurdamente, são mais de dois milhões de praticantes. Ganhamos muitas coisas, principalmente nos negócios. Mas acredito que perdemos um pouco do feeling?, avalia Rico.
?Acredito que essa tenha sido uma das grandes evoluções no esporte. Nos anos 70, não tinha como viver só de surf. Tínhamos que fabricar pranchas, roupas. A inovação no shape também contribuiu muito para o desenvolvimento. Hoje em dia, outro fator fundamental nessa evolução é a velocidade da transmissão de informação?, analisa.
#No início dos anos 70, ele iniciou seus negócios na sala de shape, produzindo as pranchas que até hoje levam o seu nome. Ali, desenvolveu tendências criadas no Exterior como a rabeta de modelo swallow, canaletas e biquilhas, além de acompanhar os outlines em constante transformação.
?Comecei consertando pranchas e trazia as novidades que conhecia nas viagens. O fato de estar sempre viajando pelo mundo e pegar onda bem facilitou para eu deixar minha fábrica em evidência?, explica.
?Comentava com minha minha namorada da época que eu queria viver do surf. Ela dizia que eu era maluco. Naquele tempo, não tinha como. Mas, quando a pessoa faz o que gosta, obtém sucesso na maioria das vezes.
Shaper respeitado, empresário de sucesso e responsável pela primeira escola de surf no Brasil, onde já formou e revelou vários atletas, hoje, ele também ajuda a comunidade na manutenção de escola para crianças carentes e realiza projetos de preservação ambiental (Posto 4, Barra; Macumba, Recreio dos Bandeirantes).
#Para ele, o maior orgulho ao longo destes anos foi adquirir tantas amizades.
Segundo ele, foi “tranquila” a comemoração deste aniversário. ?Passei o dia na praia, não trabalhei e, à noite, pretendo sair com minha família?, comentou o aniversariante.
Rico foi o único surfista brasileiro patrocinado pela Rede Globo. Ele conquistou o patrocínio nos anos 70, por intermédio do falecido colunista social Ibrahim Sued, que o apresentou a Armando Nogueira, um dos responsáveis pelo jornalismo época.
?Depois disso, fui apresentado à agência da casa e comecei uma relação que só cresceu. As primeiras imagens que passavam de surf na Globo, eu filmava no Hawaii e trazia para cá. Tenho um excelente relacionamento na empresa e devo muito à Globo. Graças a Deus pude aproveitar essa oportunidade da melhor maneira possível?, conta ele, que participou de diversos eventos internacionais e integrou a primeira equipe brasileira a competir no exterior, disputando eventos contra grandes nomes do surf mundial, como o havaiano Gerry Lopez.
?Nosso País não era muito conhecido. Os estrangeiros imaginavam que a capital do Brasil era Buenos Aires?, ironiza.
#Quando questionado pelos seus títulos no exterior, ele fala sobre alguns, mas logo diz: ?O mais importante são os amigos, o pôr-do-sol, a família. Quero aproveitar para agradecer à todas as pessoas que me deram força na vida e também ao público paulista, que tem um carinho muito grande por mim. Minha maior alegria é ter saúde e continuar pegando onda ?.
E avisa que, se o trabalho permitir, estará no mês que vem disputando com a molecada a etapa do Circuito Mundial de Longboard, em Biarritz, França.