A barca dos sonhos! Todos nós temos o que comemorar. Era a expedição de estreia do primeiro barco brasileiro em águas das ilhas Mentawaii, Indonésia.
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O carioca Kadu Maia e seu sócio, junto com o paranaense Marlon e sua namorada Silvia, comemoravam cada instante, regados aos sorrisos de uma tripulação de bem com a vida, com perspectivas de horas e horas de muito surf.
Os integrantes da barca eram a família Jabour (João, Kailani, Verônica e Mallia), Pato, Fabiana e Belinha, Renato Pig, André
Helau, eu e Bia Silveira, minha namorada.
Os mapas de previsão das ondas mostravam dois sólidos swells para os 12 dias de trip no ínicio do mês de agosto.
Em nossa saída na baía de Padang, cada barulho do mar e cada momento era curtido de forma única, afinal não é todo dia que você estreia uma embarcação desse calibre. Para mim era a primeira barca por aqueles lados de Sumatra.
Com um barco 70 pés, cinco quartos com 12 camas para os convidados e mantimentos de alto nível, o Star Koat é um sonho realizado. “Só eu e o Kadu sabemos como foi dificil a realização desse sonho. Eu amo esse lugar de todo coração e agora poderemos comer arroz e feijão em Macarronis”, declara Marlon.
“Quando eu pisei em Mentawaii pela primeira vez, foi amor à primeira vista. Eu sabia que tinha encontrado meu lugar. No ano passado passei praticamente toda temporada no barco do peruano Jorge, que tem 14 anos só de Mentawaii. Ele me ensinou tudo que sei sobre navegação e sou muito grato a ele, inclusive estaremos sempre trabalhando juntos”, explica Kadu.
O plano era colocar o barco em teste. Navegaríamos de um extremo ao outro de Mentawaii, Começamos por Rifles. Se tudo desse certo, o segundo swell seria atacado no lado oposto, em The Hole, uma onda difícil de quebrar, mas o vento e direção do swell pareciam certeiros.
O auge do primeiro swell foi no dia de nossa saída. Nossos corações estavam despedaçados pensando que perderíamos o ápice, mas nossa sorte foi que ele veio junto com um storm e só no segundo dia de trip as ondas acertaram em cheio as bancadas.
Tínhamos literalmente dado o tiro certo. Surfamos umas ondinhas em Telescopes no primeiro dia, mas a surpresa viria no dia seguinte. O disparo foi de espingarda. Rifles, uma das ondas mais perfeitas e difíceis de mostrar as caras quebrava com cerca de 1,5 a 2 metros, com perfeição ímpar.
No outside, um barco reunia em grande estilo alguns amigos de Santos. Surfistas dos anos 70 que reviviam os bons tempos de suas adolescências em Rifles, entre eles, Kabeha Fukuda.
O carioca Fred d´Orey e mais alguns peruanos instalados no camping local, o Kandui Resort, engrossavam o crowd. Em resumo, maioria brazuca na disputa pelas lindas ondas.
O bacana era olhar para o barco de apoio no canal com três cinegrafistas: Bia (que também fotografou); Fabiana, Verônica e uma fotógrafa; e Mallia, a namorada havaiana de Kailani.
Os tempos mudaram hoje. É normal ver as namoradas amarradonas captando filmagens da galera, inclusive algumas vivendo desse trabalho.
Creio que na época dessa galera dos anos 70, o surf já era criminalizado por si só, imaginem namorar ou casar com surfistas profissionais…
Bom, os tempos mudaram. A noite analisávamos as imagens antes e depois dos jantar. Glória a Deus por tanta integração entre as famílias e amigos presentes. João sempre dando toques ao seu filho Kailani.
Esta era a primeira barca de Mallia com a sogra. Verônica ensinou tudo sobre câmeras a Mallia, que era só sorrisos com sua máquina fotográfica.
Voltando a Rifles, com maré alta a onda tinha três seções, todas tubulares. Infelizmente com a posição do barco de apoio só era viável a filmagem da primeira sessão do tubo. A bancada fazia um giro e os tubos seguintes só ficaram na memória.
Esta onda é única. É dropar e acelerar, porque o primeiro tubo é só o começo. O segundo era mais grosso e o terceiro rente à bancada. Na maré seca essa terceira seção sumia. Dizem que com um swell de mais de três metros são cinco seções de tubo, tornando-se não só uma das mais longas, mas uma das melhores ondas do mundo.
Kailani pegou altos tubos de backside. Num deles em especial, a camisa que havia amarrado na cabeça caiu em seus olhos. De dentro do tubo ele tentou clarear sua visão empurrando a camisa, mas já era tarde, quando se viu “deep” demais.
Demos duas quedas e saímos de cabeça feita para a segunda parte da trip que passaria por Lances Left, Macarronis e finalmente The Hole (O Buraco), na primeira barca brazuca registrada nessa onda.
Aguardem a próxima matéria com cobertura do resto da trip, alguns takes no final do vídeo dão água na boca do que vem por aí.
Clique aqui para obter mais informações sobre o barco verde-amarelo nas Mentawaii. Eu recomendo de boca cheia!