Riscos do surfe

Como tornar sua session mais segura

Apneia, revista FLUIR, janeiro de 2014.

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As consequências dos acidentes durante uma seção de surfe podem ser minimizadas com um pouco de conhecimento. Foto: Reprodução.

 

Vacas, afogamentos e pranchadas são apenas alguns dos acidentes que podem acontecer durante uma sessão de surfe, mas para os apaixonados pelo mar nada disso irá impedir de aproveitar as boas ondas por aí. Um bom conhecimento de primeiros socorros e medidas de segurança é fundamental.

 

O big rider Marcos Monteiro trocou uma ideia com a gente e traz aqui as melhores dicas e instruções para ninguém passar perrengue no outside. Além de competidor internacionalmente reconhecido e de disputar etapas do BWT (Big Wave Tour), Marquinho também atua como salva-vidas no Corpo de Bombeiros de Saquarema (RJ).  

 

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Marcos Monteiro atua como salva-vidas no Corpo de Bombeiros de Saquarema (RJ). Foto: Arquivo pessoal.

 

Atualmente, com o surfe em evidência nos veículos de comunicação de massa, muitas pessoas que querem iniciar no esporte, mas não possuem nenhum tipo de experiência, aventuram-se sozinhas e acabam arriscando a própria vida e a de outras pessoas. Por isso, tenha sempre conhecidos ou profissionais da área, como instrutores de surfe, por perto. Também vale procurar por áreas mais seguras, longe do crowd e dos banhistas, e com ondas menores.

 

Primeiramente, é essencial que qualquer indivíduo esteja ciente das suas condições físicas e de saúde, além do seu nível de surfe. Em seguida, deve-se ter uma mínima noção sobre primeiros socorros, como já visto na matéria Farmácia de Viagem, além de medidas de segurança.

 

Banhistas e afogamentos – Tomemos como exemplo, os afogamentos. É mais difícil acontecer com surfistas, pois geralmente eles já possuem certa experiência no mar, mas quando um banhista se afoga, os surfistas são os primeiros a chegarem ao local.

 

“Nós possuímos uma ferramenta muito importante, que é a prancha. A primeira coisa a fazer é se proteger, para que o banhista não te afogue e, em seguida, dar sua prancha para que ele possa respirar e se acalmar. Já é uma grande ajuda até que chegue um salva-vidas profissional. Se o surfista ver que tem condições, ele pode buscar uma área mais segura e rasa rebocando a prancha pelo bico”, afirma Marcos Monteiro.

 

A regra é sempre tentar tirar o afogado o mais rápido possível da área de risco e buscar alguém especializado para ajudar, mas nunca se esquecendo também da própria segurança.

 

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Julian Wilson recebe os primeiros socorros após ralar o rosto nas pedras de Jeffreys Bay. Foto: WSL / Pierre Tostee.

 

Cortes em pedras e corais – Em caso de cortes em corais, pedras ou areia, não há muito o que se fazer na praia. Em cortes mais profundos, deve-se procurar um hospital o mais rápido possível. “A pessoa está no outside, tomou uma vaca e bateu em um coral, é gritar e pedir ajuda, não tem mistério. É sair da água e ir diretamente até um posto médico”, explica Marcos Monteiro. “Em caso de cortes com coral ou pedra, é bom passar um limão para matar as bactérias. O coral é cheio de bactérias, então quando ele ocasiona algum tipo de machucado é interessante passar um limão por cima do ferimento. Vai arder, vai queimar, mas é uma das melhores soluções para matar as bactérias ali encontradas”, complementa. Mas, atenção para os cuidados com o limão ao sol, que pode acabar causando queimaduras e manchando a pele.

 

Águas-vivas e caravelas – E por falar em queimaduras, um assunto que traz grande discussão dentro do tema de acidentes no surfe são as águas-vivas. Alguns dizem para passar vinagre, outros para urinar, mas nunca sabemos o que realmente é o ideal nessa situação. O vinagre, por exemplo, não pode ser usado quando a queimadura foi feita por uma caravela, aquela espécie de água-viva maior e mais colorida. “O melhor é colocar o ferimento embaixo da água corrente sem esfregar, pois, dessa maneira, a água vai eliminando os espinhos com veneno que saem dos tentáculos e cravam em seu corpo, sem deixar que eles entrem ainda mais na pele, isso já ajuda bastante”, recomenda Marcos Monteiro. Também é bom colocar gelo por cima do ferimento e, claro, não deixar de procurar um médico.

 

Roteiro para salvar uma vida – Marcos compartilha um roteiro para ocasiões em que se avista um banhista em situação difícil. “Uma sequência interessante é, em primeiro lugar, proteção individual. Depois, verificar se você está mais perto de varar a arrebentação. Se estiver, você vara a arrebentação, analisa e vê se tem condições e local para sair com segurança. Em caso negativo, peça a ajuda de um profissional”, diz. O profissional ainda acrescenta que as escolinhas e as associações de surfe deveriam sempre conversar com o corpo de bombeiros e instruir a todos com procedimentos de primeiros socorros. Com um pouco de conhecimento, você é capaz de salvar uma vida. Talvez a sua.

 

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O vinagre, por exemplo, não pode ser usado quando a queimadura foi feita por uma caravela. Foto: © Rabejac.
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