Neste sábado, como previsto em Newcastle, o dia começou com o mar sob características de ciclone – ondas insurfáveis, ventos fora de controle, tempestades de chuva e areia. Ou, como preferir, uma inhaca, dia perfeito para ficar em casa, embaixo da coberta vendo TV e comendo pipoca.
Mas estamos falando de surfistas profissionais, organizadores com bravura e determinação, estrutura móvel e versátil, juízes comprometidos com suas obrigações, público corajoso e um show de surf.
Surfest sem precedentes na história da ASP e nos 29 anos deste evento. E pela primeira vez um campeonato mundial foi realizado num porto.
Isso mesmo, no porto da clássica cidade de Newcastle, famosa por seus castelos medievais e seu moderno porto, um lugar seguro onde supostamente não era para ter onda, mas que hoje tinha. E altas.
Com ondas acima de 2 metros, fortes e tubulares, que rolavam para a direita numa bancada rasa de coral na boca da barra, entraram na água neste sábado as meninas para decidir quem iria para a final deste domingo.
Na primeira semifinal, a jovem australiana Dimity Stoyle. A surfista de Sunshine Coast conseguiu parar a simpática norte-americana Courtney Conlogue e faz sua primeira grande final como profissional.
Na segunda semi, outra australiana, Sally Fitzgibbons (marque bem este nome em 2013) garantiu a final caseira e em grande estilo.
Ela surfou as melhores ondas do dia no critério excelente, sempre acima de 9 pontos para garantir a melhor média do evento até aqui – 19.43 de 20 pontos possíveis. A vítima foi a sul-africana Bianca Buitendag, que ficou sem reação, precisando de uma carona de Kombi.
Assim, está garantida a final 100% aussie na briga por 3500 pontos no ranking e U$ 8 mil no bolso: Dimity Stoyle x Sally Fitzgibbons.
Entre os homens, mais uma surpresa nestas condições do mar, o francês Marc Lacomare deixou sua marca ao vencer o atual campeão mundial Joel Parkinson.
“Eu gosto das ondas do porto, tem bons tubos e uma sessão para manobrar forte. Combinou com meu estilo”, mandou um sorridente Lacomare.
“Vencer Parko me encheu de confianca. Ele é o campeão e torço para vencê-lo novamente nas finais deste domingo”, completou o europeu.
Parko apenas comentou: “Dois segundos nestas últimas baterias está ok”, referindo-se à super vitória do baiano Binho Lopes, e agora a do francês.
“Avancei e isso é o que conta. Vou torcer para salvar minha vitória neste domingo na bateria final”, concluiu Parko conformado.
Nesta bateria, outro francês Maxime Huscenot, e o ubatubense Felipe Toledo foram eliminados, encerrando a disputa em 13o e 19o lugar, respectivamente.
Bateria de numero 3 na água e o aussie Dion Atkinson surfou duas ondas rapidamente para garantir a vitória. Também classificado, o havaiano Keanu Asing, com os australianos Matt Wilkinson e Garrett Parkes desclassificados.
Com brasileiros dentro da água, o power surf do camboriuense Willian Cardoso parece que achou aqui seu lugar, com mais uma vitória. Desta vez em cima de Julian Wilson, top do Wourd Tour, que passou raspando na segunda posição, com o francês Vicent Duvignac
e Ian Gouveia barrados na surfesta.
Na quinta bateria, o norte-americano Pat Gudauskas desencantou, fazendo a melhor média entre os homens 17.67. Alejo Muniz, catarinense de Quatro Ilhas, também surfou bem, mas desta vez teve que se contentar com o segundo.
Nada mal, melhor assim, que o digam Messias Félix e Alex Ribeiro, terceiro e quarto, que com certeza gostariam de ter passado para a quinta rodada amanhã.
A última bateria, sempre muito aguardada, não foi de sorte para nosso melhor brasileiro do circuito mundial, Adriano de Souza.
O guarujaense não teve sorte na escolha e buscou por todos os caminhos as melhores ondas. Mas elas vieram mesmo para o atleta Jay Thompson, velho conhecidos do tour.
Jay surfou muito e achou os tubos, o que não aconteceu para De Souza. Garantido para amanhã, outro aussie, Nick Squires. O havaiano Granger Larson ficou em terceiro, com Adriano em quarto.
Neste domingo acontecem as finais com participação dos brasileiros Bino Lopes, Willian Cardoso e Alejo Muniz. Será interessante ver como o mar vai se comportar e como vai ser o desfecho desta histórica competição no porto de Newcastle.
Façam suas apostas, eu já tenho meu palpite.
Burton Toyota Pro, baterias pendentes da quarta fase
2 Marc Lacomare (Fra)17.73, Joel Parkinson (Aus)15.5, Maxime Huscenot (Fra)12.67, Felipe Toledo (Bra) 10
3 Dion Atkinson (Aus)17.47, Keanu Asing (Haw) 14.90, Matt Wilkinson (Aus) 14.50, Garrett Parkes (Aus) 11.17
4 Willian Cardoso (Bra)14.46, Julian Wilson (Aus) 12.90, Vincent Duvignac (Fra) 11.13, Ian Gouveia (Bra) 9.6
5 Pat Gudauskas (EUA) 17.67, Alejo Muniz (Bra)15.33, Messias Felix (Bra)14.37, Alex Ribeiro (Bra) 9.2
6 Jay Thompson (Aus) 16.50, Nick Squires (Aus) 14, Granger Larson (Haw)10.40, Adriano de Souza (Bra) 6.43
Burton Toyota Women’s Classic, semifinais
1 Dimity Stoyle (Aus) 14.97, Courtney Conlogue (EUA)14.00
2 Sally Fitzgibbons (Aus) 19.43, Bianca Buitendag (Afr)14.17
